sexta-feira, 27 de maio de 2011

Turismo & Cultura.



Património. Porque é que o turismo se deve cruzar com a arte?
por Maria Catarina Nunes,


Cruzar turismo e arte, a partir de parcerias público-privadas, para rentabilizar o património nacional. A ideia, analisada no Congresso Internacional Património do Tempo, organizado pelo Turismo do Alentejo em Abril, já provocou alguma polémica na blogosfera, e o Bloco de Esquerda até pediu uma audiência para discutir a questão. António Ceia da Silva, presidente da instituição, relativiza e afasta os fantasmas que rodeiam a expressão.

"Há um estigma terrível com as parceria público-privadas. Não estamos a falar de Scut e aeroportos. Uma parceria público-privada pode ser uma boa base de articulação no sentido de encontrar plataformas de entendimento", acredita. Durante a conversa que temos com o presidente, é inevitável não reparar na sua tranquilidade e boa disposição, própria de quem acabou de chegar de sítios mais calmos. "No Alentejo não usamos relógios, é lugar de desfrutar o tempo - lá ele também é património", diz. E este vagar, acredita Ceia da Silva, é um dos pilares que o Alentejo (e resto do país) deve rentabilizar. É também nele que a instituição se apoia, alertando para a urgência de pôr o património municipal ao serviço do turismo: "Quantas vezes não podemos visitar um castelo porque os horários não são adequados? Em Agosto é impossível fazê-lo às 15h30, e às 19h30 eles já estão fechados. Poucos usufruem", sustenta o ex- -deputado do PS. Além disso há muitos espaços, recorda, sem manutenção, e outros tantos encerrados.

É a partir daqui que o Turismo do Alentejo pretende arrancar: "Qual o estado da arte em Portugal, e de que forma podemos preservá-la e fazer com que o turista possa usufruir dela? É a velha questão de democratizar a arte." A resposta surge no segundo seguinte: "É preciso criar uma associação pública, onde a entidade regional de turismo deve entrar, que congregue todas as estruturas responsáveis pelo património." Da associação farão parte câmaras municipais, direcções regionais de cultura, IGESPAR, dioceses, paróquias, Misericórdias, entre outras. "É importante encontrar plataformas comuns. As instituições mostraram interesse", conta. O passo seguinte é dar resposta, no mercado de trabalho, aos jovens. "Terão condições para criar empresas de animação turística, e para criar factores de forma a serem eles a fazer a gestão participada desse património." A ideia é que haja recém-licenciados a criar dinâmicas empresariais, podendo estabelecer parcerias com as entidades que detêm o património com o objectivo de abrir portas ao público. "E a verdade é que estes jovens vão poder alterar o horário de funcionamento destes serviços", acredita.

A presidir ao Turismo do Alentejo desde 2008, Ceia da Silva lembra que o turismo cultural é uma "mais-valia, mas ainda não está tratada do ponto de vista de fruição por parte do turista". A aposta segue neste sentido.

(in «i»).

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