domingo, 15 de maio de 2011

Fronteiras: África na Gulbenkian.







Fronteiras
Encontros de Fotografia de Bamako e Grandes Lições no Programa Gulbenkian Próximo Futuro

Fotografia: Saïdou Dicko (Burkina Faso), Le voleur d’ombres, 2005-2009


Fronteiras – Encontros de Fotografia de Bamako é o título da exposição colectiva de fotografia e vídeo que o Programa Gulbenkian Próximo Futuro inaugura a 13 de Maio nas Galerias de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Gulbenkian. No mesmo dia, realizam-se as primeiras quatro Grandes Lições do Próximo Futuro para este ano.

Produzida em 2009, no âmbito da última edição dos Encontros de Bamako [Mali] – Bienal Africana de Fotografia, a mostra Fronteiras reúne cerca de 180 fotografias e vídeos, naquela que será “a maior exposição de fotografia africana alguma vez mostrada em Portugal”, diz António Pinto Ribeiro, comissário do Programa Gulbenkian Próximo Futuro. Nesta exposição são apresentados trabalhos de artistas de todos os países africanos, incluindo do Norte de África, “uma parte do continente africano que habitualmente, nas nossas representações de África, é excluído”, diz o comissário. Assim, encontramos artistas do Egipto ou de Marrocos. Mas também o trabalho de várias fotógrafas e obras com recurso à fotografia de cor, que durante muitos anos foi quase interdita, pois “os históricos da fotografia africana consideravam que a fotografia a sério deveria fazer-se a preto e branco”, explica António Pinto Ribeiro. Esta exposição conta ainda com obras em suporte vídeo, algumas de natureza mais narrativa, outras mais impressionistas. Contam histórias pessoais, ficções de histórias possíveis, histórias de viagens, ou de enclausuramento. O tema do visto é recorrente, mas também há auto-retratos.

Fronteiras foi a grande exposição panafricana que os Encontros de Bamako apresentaram em 2009, com direcção artística de Michket Krifa e Laura Serani. Para as duas curadoras, “a questão das Fronteiras é eminentemente actual e paradoxal num mundo onde, por um lado, se proclama e se pratica o desaparecimento das fronteiras políticas e económicas e, por outro, são erigidos muros para protegê-las”. As obras que compõem esta exposição apresentam assim diversas interpretações e representações das questões sociopolíticas, culturais e identitárias que envolvem as fronteiras e as suas realidades complexas. São trabalhos que falam de fluxos migratórios, quer em direcção à Europa, quer dentro do próprio continente africano, onde as fronteiras são tão ou mais intransponíveis do que as que separam os outros continentes.

A exposição Fronteiras – Encontros de Fotografia de Bamako poderá ser visitada até 28 de Agosto, nas Galerias de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Gulbenkian. A 13 de Maio, depois da inauguração (22h) haverá um Baile na Garagem da Fundação (a partir das 00h00) com a música dos DJs Kenneth Montague e Lyndon Barry.


GRANDES LIÇÕES

A 13 de Maio, o Próximo Futuro apresenta ainda um conjunto de quatro Grandes Lições que se realizam ao longo do dia, no Auditório 2, e que serão proferidas por Breyten Breytenbach, Patrick Chabal, Kole Omotoso e Yudhishtir Raj Isar.

Breyten Breytenbach (África do Sul) vive actualmente entre Nova Iorque, Paris e Berlim. Foi um grande activista durante o Apartheid, é poeta e ensaísta. Segue-se Patrick Chabal (França), professor de História e Política Africana do King’s College de Londres, cuja intervenção é talvez a mais aguardada junto das comunidades de investigação em Portugal, onde Patrick Chabal reúne já muitos leitores. No dia 13 irá falar da forma como o futuro do Ocidente está incontornavelmente ligado ao futuro do Não Ocidente. A Lição seguinte está a cargo de Kole Omotoso (Nigéria), o primeiro pensador africano a equacionar a relação Norte Sul a partir do Sul. Foi também pioneiro ao colocar na agenda internacional o debate que envolvia os escritores africanos, ao defender que estes deveriam escrever em línguas “universais”, como o inglês, o francês, o espanhol ou o português, para poderem ser entendidos por uma maior comunidade de leitores. Por último, a fechar este grupo de conferencistas, temos Yudhishtir Raj Isar (França), analista das teorias culturais e professor na Universidade Americana de Paris. É especialista em questões onde a Cultura se relaciona com a Economia e, em especial, no que diz respeito a África. Também trabalha com questões que envolvem o bem-estar, a felicidade e o desenvolvimento económico e cultural.



13 Maio 2011

Grandes Lições, Auditório 2
09h30 Breyten Breytenbach: Conferência de abertura
11h30 Patrick Chabal: Western Rationality after Postcolonialism
14h30 Kole Omotoso: The Endangering Ambiguity of the Wabenzi Tribe: Next Futures Africa
16h Yudhishtir Raj Isar: ‘Cultural Policy’: confronting a hydra

Inauguração
Fronteiras – Encontros de Fotografia de Bamako
22h, Galerias de Exposições Temporárias da Sede
Baile na Garagem, 00h


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