segunda-feira, 4 de abril de 2011

Não há guito.


Sociedade Frente Tejo sem verbas para acabar obras na Baixa pombalina de Lisboa

Por Marisa Soares A conclusão das obras de requalificação da frente ribeirinha de Lisboa está comprometida pela falta de verbas. O presidente da Sociedade Frente Tejo, João Biencard Cruz, diz que os projectos que ainda não arrancaram não têm financiamento e admite que alguns poderão ficar "na gaveta", caso não seja desbloqueado, por exemplo, o processo de alienação do edifício do Tribunal da Boa Hora. Obras principais na Praça do Comércio escaparam às dificuldades (Foto: Daniel Rocha) "O dinheiro para acabar as obras no Terreiro do Paço vem da concessão da pousada e do hotel no Tribunal da Boa Hora. Mas quando se fala da Boa Hora começa tudo a chorar", diz o administrador ao PÚBLICO. O espaço para a pousada, na ala ocidental da praça - onde estava o Ministério da Administração Interna -, foi concessionado em Fevereiro à Enatur, por 4,7 milhões de euros. Mas a demora na atribuição à Frente Tejo do edifício da Boa Hora, prevista desde a criação da sociedade, arrasta-se desde 2009, quando o tribunal passou para o Parque das Nações. Daí viriam oito milhões de euros, segundo Biencard Cruz, através da concessão do antigo edifício do tribunal, destinado a um hotel de charme. Esse dinheiro deveria pagar, por exemplo, as obras no Campo das Cebolas. Porém, várias vozes se levantaram contra a transferência do imóvel para a Frente Tejo, como o Movimento para a Defesa da Boa Hora. Até houve um abaixo-assinado com cerca de 1000 subscritoresque consideravam a transformação do antigo tribunal um "atentado à memória colectiva". Após avanços e recuos, o processo parou. "Quando se falou nisso, ficou tudo nervoso. Mas agora [o edifício] está fechado", critica o líder da Frente Tejo. "A verdade é que tudo demora muito tempo, e às vezes é preciso dar um grande murro na mesa." Há obras em projecto mas sem dinheiro para avançar e outras cujo concurso nem foi lançado. É o caso da Doca da Marinha. "Está tudo preparado", diz Biencard Cruz, e os termos de referência do concurso já foram definidos com a câmara. "Mas não tenho dinheiro", lamenta. Outra fonte de financiamento "inquinada" é a concessão da ala nascente do Terreiro do Paço para restauração e comércio. A Frente Tejo tem de instalar infra-estruturas de apoio e, para isso, contava com as verbas da concessão do torreão poente. O concurso ficou deserto e a Frente Tejo tem um plano B: adjudicação directa à melhor proposta que aparecer. Biencard Cruz admite baixar o preço. "Interessa-nos mais ter aquilo ocupado do que vazio ou com funcionários públicos, pelo menos sob o ponto de vista de vida urbana", afirma. Só o que tinha financiamento garantido está no terreno, como o novo Museu dos Coches, que está a ser construído com verbas do Turismo de Portugal "dentro dos prazos e sem escorregar no dinheiro". As obras principais do Terreiro do Paço também estão prontas, "contra ventos e marés". "Conseguimos devolver a praça às pessoas", sublinha o arquitecto, que acredita que o projecto da Ribeira das Naus também irá avançar, ainda este ano, com verbas comunitárias e com capital do município. (in Público).

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