quarta-feira, 27 de abril de 2011

Estacionar vai ser mais caro.





Novo tarifário penaliza quem procura o miolo urbano da capital
Estacionar no centro de Lisboa vai ser mais caro a partir de Junho
27.04.2011 - 11:57 Por Inês Boaventura

Nas principais ruas da capital, a primeira hora vai custar o dobro. Zonas periféricas ficam mais baratas. Aumentos para 38 por cento dos lugares.
Vai deixar de haver uma tarifa única (Foto: Mafalda Melo/arquivo)

A partir de Junho o preço do estacionamento nalguns dos principais eixos rodoviários de Lisboa vai aumentar para o dobro (na primeira hora), e o tempo máximo de permanência será reduzido de quatro para duas horas. O presidente da Empresa Pública Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (Emel) sublinha que a subida de preços, que vai sentir-se também nas zonas em redor daqueles eixos mas de forma menos significativa, incidirá sobre 38 por cento dos lugares tarifados.

Nos restantes 62 por cento dos lugares, explica António Júlio de Almeida, a tarifa para a primeira hora de estacionamento será idêntica à que é hoje praticada, verificando-se uma descida de preços nas horas seguintes. Quem deixar o seu carro, durante quatro horas, na chamada "coroa exterior" (a norte da Avenida de Berna, a nascente da Avenida Almirante Reis e a poente da Rua das Amoreiras), vai pagar 3,20 euros em vez dos actuais 5,15 euros.

Os aumentos mais significativos vão sentir-se nos chamados "eixos vermelhos", que incluem as avenidas de Berna, da República, António Augusto de Aguiar, da Liberdade, bem como a zona do Chiado. Artérias que, na definição do novo Regulamento Geral das Coroas Tarifadas têm "especial concentração de comércio e serviços" e "beneficiam da oferta de transportes públicos ou de alternativas ao nível do estacionamento".

Esse e um conjunto de regulamentos de estacionamento foram aprovados pela Assembleia Municipal de Lisboa na semana passada, pelo que o presidente da Emel acredita que as novas tarifas poderão entrar em vigor no dia 1 de Junho. "Vai ser importantíssimo para a gestão da mobilidade em Lisboa", sustenta António Júlio de Almeida, defendendo que "não fazia sentido" que "numa cidade que não é homogénea" continuasse a existir um tarifário único.

A diferenciação dos preços do estacionamento na via pública, alega este responsável, já é aliás praticada "na maior parte das cidades". No caso de Lisboa passará a haver três zonas: a "coroa exterior", a "coroa interior" e os "eixos vermelhos" (ver infografia). Nos dois primeiros será possível continuar a manter o automóvel estacionado no mesmo local por quatro horas.

António Júlio de Almeida garante que as consequências desta medida para as receitas da empresa serão "quase nulas", prevendo-se que os proveitos gerados pelos parquímetros (que em 2010 foram de 13,9 milhões de euros) possam aumentar "0,2 a 0,4 por cento".

Emel testa novas soluções para acesso aos bairros históricos

A Empresa Pública Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (Emel) vai testar diferentes soluções tecnológicas para facilitar a vida de quem mora em bairros históricos com acesso automóvel condicionado. A ideia é também procurar soluções para resolver o problema das cargas e descargas na cidade.

Encontrar as respostas mais adequadas para essas "duas questões centrais da mobilidade e do estacionamento na cidade" é um dos objectivos do Plano de Actividades desta empresa municipal para 2011. A diversificação dos meios de pagamento do estacionamento na via pública -através de mensagens escritas enviadas do telemóvel e da utilização dos cartões Lisboa Viva ou Viva Viagem - é outra das metas que a empresa estabeleceu para este ano.

Em declarações ao PÚBLICO, o presidente da Emel revelou que no caso das zonas de acesso automóvel condicionado (Alfama, Bairro Alto, Castelo, Mouraria e Santa Catarina/Bica) pretende-se criar um sistema complementar de gestão das entradas, que permita aos residentes e comerciantes autorizarem em tempo real os acessos de familiares, visitas ou fornecedores.

"Procurámos encontrar uma solução que desse um maior grau de liberdade, que contribuísse para reduzir o aspecto de gueto e aliviasse a tenaz que apertava a vida das pessoas", explicou António Júlio de Almeida, admitindo que as restrições de circulação impostas nos bairros históricos complicam, de alguma forma, o dia-a-dia de quem lá vive e trabalha. Segundo este responsável estão a ser testadas diferentes soluções tecnológicas para abrir os pilaretes à distância, incluindo comandos por computador ou através de um botão colocado no interior dos edifícios.Quanto às cargas e descargas, Tiago Farias, administrador da Emel adiantou que "até ao Verão" vão ser experimentadas duas respostas diferentes. Uma delas prevê que os comerciantes passem o seu cartão Lisboa Viva no parquímetro, o que lhes permitirá cargas e descargas gratuitas durante um determinado período de tempo. Fora esse tempo, terá de ser pago à parte. Outra hipótese "mais futurista" é colocar sensores por baixo dos lugares reservados para cargas e descargas, o que permitiria saber se quem lá parava estava ou não previamente habilitado para o fazer.


(in Público).

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