Passeios à descoberta de túmulos escondidos e outros segredos
São espaços que habitualmente não estão abertos ao público. Durante os próximos três meses, aos fins-de-semana, a Universidade de Lisboa - que este ano comemora o seu centenário - vai organizar uma série de 24 visitas guiadas pelo seu património espalhado pela cidade. Há muitos segredos para desvendar. A primeira visita é já hoje. Por Alexandra Prado Coelho
O funcionário já se tinha queixado várias vezes em cartas à direcção da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa - dormir com um túmulo dentro do quarto era insuportável. Para mais um túmulo daquele tamanho. Será que o poderiam tirar dali? Mas durante anos não houve qualquer resposta. A mulher pedia-lhe que deixassem a casa. Sem alternativa, o funcionário tomou uma medida drástica: construiu uma parede e emparedou o túmulo.
A parede continua lá, e o túmulo também, mas, com a casa já sem inquilinos, pode agora ser visto. Foram abertos dois buracos na parede, um para pôr uma lanterna, outro para espreitar. É assim que os participantes numa das 24 visitas guiadas organizadas para dar a conhecer o património da Universidade de Lisboa, UL (que está a comemorar o seu centenário) poderão descobrir o túmulo de Fernando Telles de Menezes, antigo governador da Índia, e o homem que doou aos jesuítas a Quinta da Cotovia, no Monte Olivete, onde foi construído o Colégio dos Nobres, e onde hoje funcionam os Museus da Politécnica (Ciências e História Natural).
A visita que inclui o túmulo acontece sábado, 9 de Abril, das 11h às 13h, e será acompanhada por António Nóvoa, reitor da UL, e os historiadores de arte José Augusto França e Fernando António Baptista Pereira. Mas a primeira destas visitas guiadas é já hoje, na Reitoria da Cidade Universitária, entre as 15h e as 18h, com passagem pelo Gabinete do Reitor, Sala Oval, Salão Nobre, Sala de Doutoramentos e Aula Magna.
Marta Lourenço, investigadora do Museu da Ciência, e responsável pelo trabalho de levantamento do património da universidade e pela organização das visitas guiadas, foi uma das primeiras pessoas a espreitarem pelo buraco aberto na parede e ficou pasmada com o que viu: "É um túmulo impressionante, em mármore rosa e assente em dois elefantes de mármore preto, maneirista, igual ao de D. João III que está nos Jerónimos."
Mas como foi o túmulo, mandado construir por Maria de Noronha, mulher de D. Fernando, após a morte deste, em 1605, parar a casa do pobre funcionário? "Fernando Telles de Menezes deixou escrito em testamento que gostava de ser sepultado na igreja do noviciado da Cotovia", conta Marta Lourenço. E assim foi. Mas quando, em 1837, o edifício do Colégio dos Nobres passou a Escola Politécnica, "o material da igreja foi disperso por vários sítios e o túmulo foi desmontado e colocado numa das cavalariças que ficavam no entorno do Picadeiro do Colégio dos Nobres". Mas tarde essas cavalariças foram transformadas em casas para os funcionários da escola, e o túmulo lá ficou, apesar dos apelos desesperados do morador.
"Número surpreendente"
O túmulo é apenas um dos mais de 100 locais que poderão ser visitados entre hoje e 21 de Maio (as visitas são gratuitas e sempre aos fins-de-semana). "Fizemos um levantamento exaustivo de todo o património científico e artístico da universidade, sala a sala. Isto nunca tinha sido feito", sublinha Marta Lourenço. "É deste levantamento que saem as 100 visitas e um livro, a editar durante este mês. E sairá, esperamos, um programa concertado e sustentável de preservação, estudo, inventário e divulgação, o que também nunca foi feito. "
O objectivo é dar a conhecer o património da Universidade de Lisboa ao país, mas também à própria universidade. "É um património muito pouco conhecido. A UL nunca organizou museus, o que tinha era colecções a uso, ou então obsoletas, mas nunca organizadas em museus, com duas excepções: o Museu de Ciência e o de História Natural." E mesmo estes sofreram uma tragédia: o incêndio que a 18 de Março de 1978 destruiu grande parte das colecções que vinham do século XIX e do início do museu fundado por José Vicente Barbosa do Bocage.
"A Universidade do Porto tem museus desde os anos 30, a de Coimbra desde o século XVIII. A de Lisboa está agora a descobrir o seu património. É por isso que aparecem tantas surpresas." E as surpresas não são apenas túmulos emparedados. "Identificámos mais de 200 colecções, objectos não integrados em colecções e edifícios, o que, só por si, foi um número surpreendente para mim. Pensei que o património estivesse concentrado nos núcleos históricos, a Politécnica [com os museus], a Ajuda [Observatório Astronómico] e o Campo Santana [a "colina da saúde", com o Instituto Bacteriológico Câmara Pestana]. Mas não era verdade. Há mais, em número, na Cidade Universitária do que no resto - há colecções de antropologia, memoriais de professores, arquivos históricos, cartografia, história natural, paleontologia. Há muito mais do que eu imaginava e com muito mais qualidade do que inicialmente previa."
Se alguns dos 100 locais estão abertos ao público, como os museus, outros são sítios que normalmente não podem ser visitados. O P2 visitou quatro deles (ver caixas) e descobriu alguns desses segredos que a universidade guarda - como os quadros de Columbano nos escritórios da direcção da Faculdade de Medicina no meio do Hospital de Santa Maria, ou a escadaria com vitrais com a imagem de Pasteur, a sala de autópsias para animais, e as velhas incubadoras de madeira com gavetinhas numeradas para secagem de placas, do Instituto Câmara Pestana.
O vice-reitor da Universidade de Lisboa, José Pedro Sousa Dias, tem vindo a estudar este edifício desde que ele encerrou, em 2008, depois de um período em que praticamente já não tinha actividade. Grande parte dos edifícios do complexo passaram para a Universidade Nova de Lisboa, na sequência de um protocolo com a UL, e resta apenas o edifício principal, dos laboratórios. "A ideia é montar aqui um pólo museológico que preserve pelo menos o primeiro andar [onde estão as salas mais importantes], porque este laboratório bacteriológico é o mais antigo deste tipo, e com este estado de conservação, que temos em Portugal", explica Sousa Dias.
Um projecto que poderá vir a integrar-se noutro, mais amplo, de criar nesta colina de Santana - ou "colina da saúde", como já é chamada - um conjunto de pólos visitáveis de um futuro Museu da Medicina ou da Saúde, a partir do património dos hospitais de S. José, Capuchos, Miguel Bombarda e Santa Marta (alguns dos espaços de Santa Marta e de S. José, por exemplo, estão integrados nas 24 visitas).
Como preservar?
Também o Laboratório Marítimo da Guia, em Cascais, por entre os tanques de cultura de peixes, está cheio de memórias - aqui são as campanhas oceanográficas de Luiz Saldanha entre os anos 50 e os anos 90 do século XX, transformadas em pontos num mapa. "Desde o Árctico até à Antárctida", diz, orgulhoso, Rui Rosa, coordenador do laboratório. "Existe até uma zona de fontes hidrotermais junto aos Açores que foi baptizada com o nome dele."
Foi Luiz Saldanha quem, em 1975, fez renascer este laboratório, que ficara praticamente inactivo no final dos anos 60. Mas no velho forte construído para defender a costa dos espanhóis existem também fotografias dos anos 30 e 40, com rapazes e raparigas a recolher amostras nas rochas junto ao forte, na época em que o Laboratório Marítimo era dirigido por Arthur Ricardo Jorge, director do Museu Bocage.
Há muita coisa a preservar, concorda Marta Lourenço. "Mas sozinha a universidade não tem mecanismos para isso. Não há a mínima possibilidade." Seria importante, defende a investigadora, conseguir financiamento directo para um projecto de preservação "fora do orçamento da universidade, que está dependente do número de alunos".
A Universidade de Lisboa "está em condições de, com a de Coimbra e a do Porto, elaborar um plano de preservação do património universitário português", garante. "O que é importante reter é que há muito mais [património] fora do Ministério da Cultura do que as pessoas pensam, e que são coisas que fazem parte da nossa identidade."
Outro exemplo: "A cidade de Lisboa tem os dois observatórios astronómicos históricos que existem em Portugal, o da Ajuda [que ontem celebrou 150 anos e pode ser visitado a 21 de Maio entre as 10h e as 17h] e o pequeno observatório de ensino que existe no meio do Jardim Botânico, e que é o antigo observatório da Escola Politécnica [dia 8 de Maio entre as 15h e as 18h]".
Belas-Artes e Medicina
Se por agora as visitas guiadas tiveram que ser organizadas por núcleos com uma lógica de proximidade geográfica, Marta Lourenço espera que no futuro alguns destes passeios se tornem permanentes e possa ser feita uma abordagem mais temática - a astronomia em Lisboa, ou o percurso da medicina, ou ainda um passeio do corpo, onde se pode ligar ciência e arte, belas-artes e medicina.
Para já, nos próximos dois meses, há a oportunidade para ficar a conhecer locais tão diferentes como a Cantina Nova da Cidade Universitária, a Faculdade de Farmácia, a de Direito, de Letras, de Psicologia, o Instituto de Investigação Científica Bento da Rocha Cabral, a Academia de Ciências, o Instituto Oftalmológico Gama Pinto. Ou ainda fazer um percurso pela memória da universidade medieval, fundada em 1290 por D. Dinis, e cujas fundações ainda podem ser vistas na Rua das Escolas Gerais - depois disso a universidade foi transferida várias vezes de Lisboa para Coimbra e vice-versa, até em 1537 ficar definitivamente em Coimbra.
Lisboa ficou assim durante vários séculos sem uma instituição de ensino superior até que no século XIX foram fundadas a Escola Médico-Cirúrgica, que viria a ser a Faculdade de Medicina; a Academia de Belas-Artes, no Convento de S. Francisco da Cidade (mais tarde Faculdade de Belas-Artes) e a Escola Politécnica (Faculdade de Ciências).
"Porque é que é importante este património?", questiona Marta Lourenço. "Porque tem a ver com a história do conhecimento, da forma como nos conhecemos a nós como humanos, como conhecemos a natureza, o universo. As evidências do conhecimento estão nas universidades. Estas visitas são percursos pelo conhecimento." (in Público)
Programa das visitas em http://centenario.ul.pt/
São espaços que habitualmente não estão abertos ao público. Durante os próximos três meses, aos fins-de-semana, a Universidade de Lisboa - que este ano comemora o seu centenário - vai organizar uma série de 24 visitas guiadas pelo seu património espalhado pela cidade. Há muitos segredos para desvendar. A primeira visita é já hoje. Por Alexandra Prado Coelho
O funcionário já se tinha queixado várias vezes em cartas à direcção da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa - dormir com um túmulo dentro do quarto era insuportável. Para mais um túmulo daquele tamanho. Será que o poderiam tirar dali? Mas durante anos não houve qualquer resposta. A mulher pedia-lhe que deixassem a casa. Sem alternativa, o funcionário tomou uma medida drástica: construiu uma parede e emparedou o túmulo.
A parede continua lá, e o túmulo também, mas, com a casa já sem inquilinos, pode agora ser visto. Foram abertos dois buracos na parede, um para pôr uma lanterna, outro para espreitar. É assim que os participantes numa das 24 visitas guiadas organizadas para dar a conhecer o património da Universidade de Lisboa, UL (que está a comemorar o seu centenário) poderão descobrir o túmulo de Fernando Telles de Menezes, antigo governador da Índia, e o homem que doou aos jesuítas a Quinta da Cotovia, no Monte Olivete, onde foi construído o Colégio dos Nobres, e onde hoje funcionam os Museus da Politécnica (Ciências e História Natural).
A visita que inclui o túmulo acontece sábado, 9 de Abril, das 11h às 13h, e será acompanhada por António Nóvoa, reitor da UL, e os historiadores de arte José Augusto França e Fernando António Baptista Pereira. Mas a primeira destas visitas guiadas é já hoje, na Reitoria da Cidade Universitária, entre as 15h e as 18h, com passagem pelo Gabinete do Reitor, Sala Oval, Salão Nobre, Sala de Doutoramentos e Aula Magna.
Marta Lourenço, investigadora do Museu da Ciência, e responsável pelo trabalho de levantamento do património da universidade e pela organização das visitas guiadas, foi uma das primeiras pessoas a espreitarem pelo buraco aberto na parede e ficou pasmada com o que viu: "É um túmulo impressionante, em mármore rosa e assente em dois elefantes de mármore preto, maneirista, igual ao de D. João III que está nos Jerónimos."
Mas como foi o túmulo, mandado construir por Maria de Noronha, mulher de D. Fernando, após a morte deste, em 1605, parar a casa do pobre funcionário? "Fernando Telles de Menezes deixou escrito em testamento que gostava de ser sepultado na igreja do noviciado da Cotovia", conta Marta Lourenço. E assim foi. Mas quando, em 1837, o edifício do Colégio dos Nobres passou a Escola Politécnica, "o material da igreja foi disperso por vários sítios e o túmulo foi desmontado e colocado numa das cavalariças que ficavam no entorno do Picadeiro do Colégio dos Nobres". Mas tarde essas cavalariças foram transformadas em casas para os funcionários da escola, e o túmulo lá ficou, apesar dos apelos desesperados do morador.
"Número surpreendente"
O túmulo é apenas um dos mais de 100 locais que poderão ser visitados entre hoje e 21 de Maio (as visitas são gratuitas e sempre aos fins-de-semana). "Fizemos um levantamento exaustivo de todo o património científico e artístico da universidade, sala a sala. Isto nunca tinha sido feito", sublinha Marta Lourenço. "É deste levantamento que saem as 100 visitas e um livro, a editar durante este mês. E sairá, esperamos, um programa concertado e sustentável de preservação, estudo, inventário e divulgação, o que também nunca foi feito. "
O objectivo é dar a conhecer o património da Universidade de Lisboa ao país, mas também à própria universidade. "É um património muito pouco conhecido. A UL nunca organizou museus, o que tinha era colecções a uso, ou então obsoletas, mas nunca organizadas em museus, com duas excepções: o Museu de Ciência e o de História Natural." E mesmo estes sofreram uma tragédia: o incêndio que a 18 de Março de 1978 destruiu grande parte das colecções que vinham do século XIX e do início do museu fundado por José Vicente Barbosa do Bocage.
"A Universidade do Porto tem museus desde os anos 30, a de Coimbra desde o século XVIII. A de Lisboa está agora a descobrir o seu património. É por isso que aparecem tantas surpresas." E as surpresas não são apenas túmulos emparedados. "Identificámos mais de 200 colecções, objectos não integrados em colecções e edifícios, o que, só por si, foi um número surpreendente para mim. Pensei que o património estivesse concentrado nos núcleos históricos, a Politécnica [com os museus], a Ajuda [Observatório Astronómico] e o Campo Santana [a "colina da saúde", com o Instituto Bacteriológico Câmara Pestana]. Mas não era verdade. Há mais, em número, na Cidade Universitária do que no resto - há colecções de antropologia, memoriais de professores, arquivos históricos, cartografia, história natural, paleontologia. Há muito mais do que eu imaginava e com muito mais qualidade do que inicialmente previa."
Se alguns dos 100 locais estão abertos ao público, como os museus, outros são sítios que normalmente não podem ser visitados. O P2 visitou quatro deles (ver caixas) e descobriu alguns desses segredos que a universidade guarda - como os quadros de Columbano nos escritórios da direcção da Faculdade de Medicina no meio do Hospital de Santa Maria, ou a escadaria com vitrais com a imagem de Pasteur, a sala de autópsias para animais, e as velhas incubadoras de madeira com gavetinhas numeradas para secagem de placas, do Instituto Câmara Pestana.
O vice-reitor da Universidade de Lisboa, José Pedro Sousa Dias, tem vindo a estudar este edifício desde que ele encerrou, em 2008, depois de um período em que praticamente já não tinha actividade. Grande parte dos edifícios do complexo passaram para a Universidade Nova de Lisboa, na sequência de um protocolo com a UL, e resta apenas o edifício principal, dos laboratórios. "A ideia é montar aqui um pólo museológico que preserve pelo menos o primeiro andar [onde estão as salas mais importantes], porque este laboratório bacteriológico é o mais antigo deste tipo, e com este estado de conservação, que temos em Portugal", explica Sousa Dias.
Um projecto que poderá vir a integrar-se noutro, mais amplo, de criar nesta colina de Santana - ou "colina da saúde", como já é chamada - um conjunto de pólos visitáveis de um futuro Museu da Medicina ou da Saúde, a partir do património dos hospitais de S. José, Capuchos, Miguel Bombarda e Santa Marta (alguns dos espaços de Santa Marta e de S. José, por exemplo, estão integrados nas 24 visitas).
Como preservar?
Também o Laboratório Marítimo da Guia, em Cascais, por entre os tanques de cultura de peixes, está cheio de memórias - aqui são as campanhas oceanográficas de Luiz Saldanha entre os anos 50 e os anos 90 do século XX, transformadas em pontos num mapa. "Desde o Árctico até à Antárctida", diz, orgulhoso, Rui Rosa, coordenador do laboratório. "Existe até uma zona de fontes hidrotermais junto aos Açores que foi baptizada com o nome dele."
Foi Luiz Saldanha quem, em 1975, fez renascer este laboratório, que ficara praticamente inactivo no final dos anos 60. Mas no velho forte construído para defender a costa dos espanhóis existem também fotografias dos anos 30 e 40, com rapazes e raparigas a recolher amostras nas rochas junto ao forte, na época em que o Laboratório Marítimo era dirigido por Arthur Ricardo Jorge, director do Museu Bocage.
Há muita coisa a preservar, concorda Marta Lourenço. "Mas sozinha a universidade não tem mecanismos para isso. Não há a mínima possibilidade." Seria importante, defende a investigadora, conseguir financiamento directo para um projecto de preservação "fora do orçamento da universidade, que está dependente do número de alunos".
A Universidade de Lisboa "está em condições de, com a de Coimbra e a do Porto, elaborar um plano de preservação do património universitário português", garante. "O que é importante reter é que há muito mais [património] fora do Ministério da Cultura do que as pessoas pensam, e que são coisas que fazem parte da nossa identidade."
Outro exemplo: "A cidade de Lisboa tem os dois observatórios astronómicos históricos que existem em Portugal, o da Ajuda [que ontem celebrou 150 anos e pode ser visitado a 21 de Maio entre as 10h e as 17h] e o pequeno observatório de ensino que existe no meio do Jardim Botânico, e que é o antigo observatório da Escola Politécnica [dia 8 de Maio entre as 15h e as 18h]".
Belas-Artes e Medicina
Se por agora as visitas guiadas tiveram que ser organizadas por núcleos com uma lógica de proximidade geográfica, Marta Lourenço espera que no futuro alguns destes passeios se tornem permanentes e possa ser feita uma abordagem mais temática - a astronomia em Lisboa, ou o percurso da medicina, ou ainda um passeio do corpo, onde se pode ligar ciência e arte, belas-artes e medicina.
Para já, nos próximos dois meses, há a oportunidade para ficar a conhecer locais tão diferentes como a Cantina Nova da Cidade Universitária, a Faculdade de Farmácia, a de Direito, de Letras, de Psicologia, o Instituto de Investigação Científica Bento da Rocha Cabral, a Academia de Ciências, o Instituto Oftalmológico Gama Pinto. Ou ainda fazer um percurso pela memória da universidade medieval, fundada em 1290 por D. Dinis, e cujas fundações ainda podem ser vistas na Rua das Escolas Gerais - depois disso a universidade foi transferida várias vezes de Lisboa para Coimbra e vice-versa, até em 1537 ficar definitivamente em Coimbra.
Lisboa ficou assim durante vários séculos sem uma instituição de ensino superior até que no século XIX foram fundadas a Escola Médico-Cirúrgica, que viria a ser a Faculdade de Medicina; a Academia de Belas-Artes, no Convento de S. Francisco da Cidade (mais tarde Faculdade de Belas-Artes) e a Escola Politécnica (Faculdade de Ciências).
"Porque é que é importante este património?", questiona Marta Lourenço. "Porque tem a ver com a história do conhecimento, da forma como nos conhecemos a nós como humanos, como conhecemos a natureza, o universo. As evidências do conhecimento estão nas universidades. Estas visitas são percursos pelo conhecimento." (in Público)
Programa das visitas em http://centenario.ul.pt/
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