quarta-feira, 16 de março de 2011

Lisboa homenageia um olisipógrafo.






Podia ser um artigo de interesse local, mas considerando que estamos
perante mais um caso de vandalismo histórico, de interesse Nacional, a
Câmara Municipal de Lisboa, devia contribuir, para um bom exemplo
sobre património devoluto e neste caso, até podia ser uma referência
em termos Culturais.

Situada junto ao Museu do Traje, no Lumiar em Lisboa, junto a um largo
que baptizaram com o nome olisipógrafo que ali viveu, próximo da
Academia Musical 1º de Junho de 1893, localizamos a Ruína da casa a
onde viveu Júlio Castilho.

Júlio de Castilho era filho do escritor António Feliciano de Castilho
e de sua segunda mulher D. Ana Carlota Xavier Vidal de Castilho e
irmão do militar e político Augusto de Castilho.

Foi a maior referência da olissipografia, foi ele próprio que a
inventou. As suas investigações sobre a capital além de exaustivas e
minuciosas foram precursoras de uma actividade inexistente até então.
O estudo da história e arqueologia de Lisboa.
Foi dramaturgo, jornalista, politico, historiador e professor do
infante D. Luís Filipe, foi também sócio efectivo da Associação dos
Arquitectos e Arqueólogos Portugueses e sócio correspondente da
Academia das Ciências de Lisboa do Instituto de Coimbra, do Gabinete
de Português de Leitura de Pernambuco, do Instituto Vasco da Gama de
Nova Goa e da Associação Literária Internacional de Paris.

Considero importante assinalar uma vez mais a casa a onde viveu Júlio
Castilho, são muitos que já o fizeram, mas ainda não foi dado o
primeiro passo pela CML, para a sua recuperação.

Desde 1997 que é propriedade da Câmara de Lisboa, esta casa está
classificada como imóvel de interesse público, integrado no conjunto
do Paço do Lumiar

Nos casos em que o património está ameaçado a câmara pode até
expropriar os imóveis, mas como é que a CML pode aplicar a
expropriação, quando a própria câmara não dá o exemplo. Como é o caso
da casa de Júlio de Castilho.

Na fachada, bem lá no alto, pregaram uma lápide de homenagem ao
olisipógrafo. Mas as letras estão gastas e escondidas pelos tufos de
erva que ali crescem.

Somos um Povo com pouca consciência cultural, possivelmente um
problema de falta de sensibilidade, é evidente que estamos em crise,
mas a falta de dinheiro, tem servido de desculpa para muita coisa.

João Carlos Antunes

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