Inscrições na Sé limpas nos próximos dias
Por António Marujo
Pichagens nas paredes exteriores na catedral devem desaparecer até ao Natal. Depois será a vez da fachada do Mosteiro de S. Vicente de Fora, igualmente suja com frase de ataque à Igreja
A frase "O SEF e a Igreja andam de mãos dadas, que ardam os dois", inscrita na fachada da Sé e do Mosteiro de S. Vicente de Fora, em Lisboa, deverá desaparecer ainda esta semana, depois das operações de limpeza que foram preparadas pela Direcção Regional de Cultura (DRC). A garantia foi dada ao PÚBLICO por Maria Antónia Amaral, directora de serviços dos Bens Culturais daquele organismo. A autoria destas pichagens é desconhecida. Suspeita-se que pertençam a grupos anarquistas.
A limpeza já deveria ter acontecido há duas semanas, de acordo com promessas que tinham sido feitas pela DRC a responsáveis do Patriarcado - como a Sé é monumento nacional, só o Estado pode realizar tal operação. "Disseram-nos que iam fazer [a partir de dia 6]", afirmou o cónego Manuel Alves Lourenço, chanceler da diocese de Lisboa. Mas este responsável admitia que, tendo em conta o facto de a Sé ser um monumento classificado e o processo de limpeza ser mais exigente que o habitual jacto de água, a operação teria de ser mais demorada.
Essas são as razões apontadas por Maria Antónia Amaral para justificar o atraso. A limpeza foi entretanto adjudicada a uma empresa especializada. Nos últimos dias, foi verificado o tipo de tinta que tinha sido utilizado nas pinturas das inscrições e os solventes que terão que ser usados.
"O procedimento é demorado, pois tem de se fazer um concurso e neste caso não se pode limpar com jactos de água", diz a directora da DRC. "As pinturas foram feitas numa parte mais crítica da pedra", o que exigiu uma escolha mais exigente da empresa. Também a técnica de limpeza terá de ser não agressiva: um emplastro com solvente para absorver o máximo de tinta possível e, se isso não for suficiente, um jacto de farinha de sílica, com pressão e diâmetro controlados.
Dependente do tempo
As operações de limpeza estão sujeitas às condições meteorológicas - o que poderá significar que poderão ser concluídas apenas durante a próxima semana, se a chuva inviabilizar os trabalhos ainda antes do Natal. Maria Antónia Amaral queria que, pelo menos, o mais importante estivesse feito esta semana, antes das celebrações natalícias.
Manuel Alves Lourenço diz que o Patriarcado deseja o mesmo - ainda mais porque as inscrições "nem são verdadeiras" e porque, com a aproximação do Natal e os turistas que acorrem à Sé, tem havido "pessoas a escrever", protestando contra a manutenção das pinturas nas paredes da Sé. "Só que a Igreja não pode mandar limpar", uma vez que a responsabilidade dos monumentos nacionais cabe ao Estado.
A limpeza terá início pela Sé e depois será a vez do Mosteiro de S. Vicente, onde também há frases pintadas. Em S. Vicente a operação será mais demorada, por ser ainda maior a área a tratar.
A operação de limpeza de cada um dos monumentos deverá custar para cima de 6000 euros, contando só o pagamento da empresa especializada que fará o trabalho, isto "sem contar com o trabalho dos técnicos" da DRC, a verificação dos métodos a utilizar e o concurso. "Multiplicado por todos os monumentos, não há dinheiro que chegue", diz Maria Antónia Amaral, que se manifesta radicalmente contra as pinturas de paredes. "Há quem ache este tipo de coisas uma arte, isto é uma moda que tem de acabar."
(in Público).
Por António Marujo
Pichagens nas paredes exteriores na catedral devem desaparecer até ao Natal. Depois será a vez da fachada do Mosteiro de S. Vicente de Fora, igualmente suja com frase de ataque à Igreja
A frase "O SEF e a Igreja andam de mãos dadas, que ardam os dois", inscrita na fachada da Sé e do Mosteiro de S. Vicente de Fora, em Lisboa, deverá desaparecer ainda esta semana, depois das operações de limpeza que foram preparadas pela Direcção Regional de Cultura (DRC). A garantia foi dada ao PÚBLICO por Maria Antónia Amaral, directora de serviços dos Bens Culturais daquele organismo. A autoria destas pichagens é desconhecida. Suspeita-se que pertençam a grupos anarquistas.
A limpeza já deveria ter acontecido há duas semanas, de acordo com promessas que tinham sido feitas pela DRC a responsáveis do Patriarcado - como a Sé é monumento nacional, só o Estado pode realizar tal operação. "Disseram-nos que iam fazer [a partir de dia 6]", afirmou o cónego Manuel Alves Lourenço, chanceler da diocese de Lisboa. Mas este responsável admitia que, tendo em conta o facto de a Sé ser um monumento classificado e o processo de limpeza ser mais exigente que o habitual jacto de água, a operação teria de ser mais demorada.
Essas são as razões apontadas por Maria Antónia Amaral para justificar o atraso. A limpeza foi entretanto adjudicada a uma empresa especializada. Nos últimos dias, foi verificado o tipo de tinta que tinha sido utilizado nas pinturas das inscrições e os solventes que terão que ser usados.
"O procedimento é demorado, pois tem de se fazer um concurso e neste caso não se pode limpar com jactos de água", diz a directora da DRC. "As pinturas foram feitas numa parte mais crítica da pedra", o que exigiu uma escolha mais exigente da empresa. Também a técnica de limpeza terá de ser não agressiva: um emplastro com solvente para absorver o máximo de tinta possível e, se isso não for suficiente, um jacto de farinha de sílica, com pressão e diâmetro controlados.
Dependente do tempo
As operações de limpeza estão sujeitas às condições meteorológicas - o que poderá significar que poderão ser concluídas apenas durante a próxima semana, se a chuva inviabilizar os trabalhos ainda antes do Natal. Maria Antónia Amaral queria que, pelo menos, o mais importante estivesse feito esta semana, antes das celebrações natalícias.
Manuel Alves Lourenço diz que o Patriarcado deseja o mesmo - ainda mais porque as inscrições "nem são verdadeiras" e porque, com a aproximação do Natal e os turistas que acorrem à Sé, tem havido "pessoas a escrever", protestando contra a manutenção das pinturas nas paredes da Sé. "Só que a Igreja não pode mandar limpar", uma vez que a responsabilidade dos monumentos nacionais cabe ao Estado.
A limpeza terá início pela Sé e depois será a vez do Mosteiro de S. Vicente, onde também há frases pintadas. Em S. Vicente a operação será mais demorada, por ser ainda maior a área a tratar.
A operação de limpeza de cada um dos monumentos deverá custar para cima de 6000 euros, contando só o pagamento da empresa especializada que fará o trabalho, isto "sem contar com o trabalho dos técnicos" da DRC, a verificação dos métodos a utilizar e o concurso. "Multiplicado por todos os monumentos, não há dinheiro que chegue", diz Maria Antónia Amaral, que se manifesta radicalmente contra as pinturas de paredes. "Há quem ache este tipo de coisas uma arte, isto é uma moda que tem de acabar."
(in Público).
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