Caleidoscópio e jardim do Campo Grande requalificados até 2012
Não faltam marcas de desleixo no espaço verde do Campo Grande
Telma Roque
A Câmara lisboeta celebra amanhã um protocolo com a Universidade Lisboa destiando à recuperação do Caleidoscópio e do jardim do Campo Grande. A obra poderá dar novo fôlego a um espaço que tem sido votado ao abandono. Não faltam queixas dos utentes.
"Este jardim tem tudo para ser um local maravilhoso, sobretudo para passeios em família. É pena estar tão desleixado", desabafou José Morais, depois de um passeio de barco a remos com os filhos no grande lago do jardim do Campo Grande. E são quase só mesmo os barcos que ainda mantém a aura de romantismo de um espaço pelo qual todos os lisboetas, e não só, sentem especial carinho. Isto apesar do lixo que se baloiça na água, junto às margens.
O antigo Centro Comercial Caleidoscópio está pejado de grafitos e, com excepção da Livraria Escolar Editora, que se mantém aberta, tudo mais está encerrado. Na porta onde funcionava o Restaurante Caleidoscópio a gerência ainda mantém o aviso de fecho a partir de Setembro de 2005.
As traseiras do edifício do antigo centro acolhem agora uma tenda onde vive um sem-abrigo. O complexo de piscinas está todo rabiscado e com sinais de vandalismo. No jardim, há áreas onde as ervas daninhas ganham espaço à relva. A estátua de homenagem ao jardineiro está num estado deplorável de abandono.
A Câmara de Lisboa promete inverter o actual cenário, que ganhou uma velocidade galopante há cinco anos, altura em que tomou posse do edifício do Caleidoscópio, o que conduziu ao despejo dos lojistas. A concessão do Espaço à Empresa Turística do Campo Grande estava há muito caducada e a autarquia tinha planos de requalificação que se estendiam por toda a zona verde. Não contava, contudo, com uma batalha jurídica que, segundo o vereador do pelouro dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, está agora resolvida. Garante a solução encontrada acabou por ser boa para ambas as partes.
O projecto passa, em traços gerais, pela recuperação do Caleidoscópio e dos equipamentos de apoio, que a autarquia cederá por 50 anos. Para António Costa, a celebração do protocolo "actualiza Lisboa como cidade universitária, ao mesmo tempo que dinamizará o Campo Grande".
O projecto de execução não está ainda elaborado e o texto do protocolo também está por finalizar. Mas Sá Fernandes, citado pela agência Lusa, sublinhou que "um dos princípios seja a possibilidade de a Reitoria da Universidade de Lisboa concessionar uma cafetaria para um determinado espaço. A autarquia compromete-se a requalificar o jardim do Campo Grande até final de 2012.
Na cave do Caleidoscópio poderá surgir um espaço polivalente, com um auditório e uma sala de ensaio para teatro e outras actividades culturais, além gabinetes para a associações, entre as quais a Associação Académica da Universidade de Lisboa (AAUL).
"Para mim, as obras começavam já amanhã, mas sei que isso é impossível devido a todo o processo burocrático que é necessário", afirmou Miguel Augusto, da Livraria Escolar Editora, cansado que está de ter um negócio num edifício todo ele deserto e silencioso.
Falta à livraria sobrevivente o bulício das outras lojas.
Para José António, que aluga os barcos a remos há 38 anos, sucedendo ao seu pai no negócio, a requalificação de todo o jardim é recebida com um misto de entusiasmo e angústia.
Está apreensivo em relação ao futuro e espera continuar a explorar um negócio que já não rende tanto como no passado, mas que é o seu único ganha-pão. "Chegava a ter filas de 100 pessoas para passearem de barco. Já passaram por aqui várias gerações. Estou à frente de um negócio de família. O meu pai, se ainda fosse vivo, estaria aqui há mais de 50 anos", sublinha.
(in Jornal de Notícias).
"Este jardim tem tudo para ser um local maravilhoso, sobretudo para passeios em família. É pena estar tão desleixado", desabafou José Morais, depois de um passeio de barco a remos com os filhos no grande lago do jardim do Campo Grande. E são quase só mesmo os barcos que ainda mantém a aura de romantismo de um espaço pelo qual todos os lisboetas, e não só, sentem especial carinho. Isto apesar do lixo que se baloiça na água, junto às margens.
O antigo Centro Comercial Caleidoscópio está pejado de grafitos e, com excepção da Livraria Escolar Editora, que se mantém aberta, tudo mais está encerrado. Na porta onde funcionava o Restaurante Caleidoscópio a gerência ainda mantém o aviso de fecho a partir de Setembro de 2005.
As traseiras do edifício do antigo centro acolhem agora uma tenda onde vive um sem-abrigo. O complexo de piscinas está todo rabiscado e com sinais de vandalismo. No jardim, há áreas onde as ervas daninhas ganham espaço à relva. A estátua de homenagem ao jardineiro está num estado deplorável de abandono.
A Câmara de Lisboa promete inverter o actual cenário, que ganhou uma velocidade galopante há cinco anos, altura em que tomou posse do edifício do Caleidoscópio, o que conduziu ao despejo dos lojistas. A concessão do Espaço à Empresa Turística do Campo Grande estava há muito caducada e a autarquia tinha planos de requalificação que se estendiam por toda a zona verde. Não contava, contudo, com uma batalha jurídica que, segundo o vereador do pelouro dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, está agora resolvida. Garante a solução encontrada acabou por ser boa para ambas as partes.
O projecto passa, em traços gerais, pela recuperação do Caleidoscópio e dos equipamentos de apoio, que a autarquia cederá por 50 anos. Para António Costa, a celebração do protocolo "actualiza Lisboa como cidade universitária, ao mesmo tempo que dinamizará o Campo Grande".
O projecto de execução não está ainda elaborado e o texto do protocolo também está por finalizar. Mas Sá Fernandes, citado pela agência Lusa, sublinhou que "um dos princípios seja a possibilidade de a Reitoria da Universidade de Lisboa concessionar uma cafetaria para um determinado espaço. A autarquia compromete-se a requalificar o jardim do Campo Grande até final de 2012.
Na cave do Caleidoscópio poderá surgir um espaço polivalente, com um auditório e uma sala de ensaio para teatro e outras actividades culturais, além gabinetes para a associações, entre as quais a Associação Académica da Universidade de Lisboa (AAUL).
"Para mim, as obras começavam já amanhã, mas sei que isso é impossível devido a todo o processo burocrático que é necessário", afirmou Miguel Augusto, da Livraria Escolar Editora, cansado que está de ter um negócio num edifício todo ele deserto e silencioso.
Falta à livraria sobrevivente o bulício das outras lojas.
Para José António, que aluga os barcos a remos há 38 anos, sucedendo ao seu pai no negócio, a requalificação de todo o jardim é recebida com um misto de entusiasmo e angústia.
Está apreensivo em relação ao futuro e espera continuar a explorar um negócio que já não rende tanto como no passado, mas que é o seu único ganha-pão. "Chegava a ter filas de 100 pessoas para passearem de barco. Já passaram por aqui várias gerações. Estou à frente de um negócio de família. O meu pai, se ainda fosse vivo, estaria aqui há mais de 50 anos", sublinha.
(in Jornal de Notícias).
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