quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Metam os olhos na Amadora e em Setúbal! Patrulheiros em Lisboa, já!





Amadora: Espaços verdes renovados são vigiados por patrulheiros

“Isto ficava tudo partido se não estivéssemos cá”
Um colete reflector de cor verde, um boné e um apito são os recursos que Vítor, Matias e Américo utilizam para impor a lei e a ordem no parque central da Amadora. Não são polícias nem seguranças privados. São reformados pagos pela câmara municipal para vigiar o renovado parque central, de 65 mil metros quadrados, agora guardado de dia e de noite. "Se não estivéssemos aqui, isto ficava tudo partido num instante", garante um.

Por:Helder Almeida

Na Amadora há 48 patrulheiros. Vigiam os parques, os jardins, e ajudam as crianças a atravessar a estrada junto às escolas. Representam um investimento de 128 mil euros anuais, segundo Gabriel Oliveira, vereador responsável pelos espaços verdes e obras públicas da Câmara da Amadora. "É uma forma de prevenir o vandalismo que afectava estes espaços verdes, recentemente renovados", explica.

A noite é a altura mais problemática. Américo Vilas, de 66 anos, antigo montador de andaimes agora reformado, é um dos patrulheiros entre as 20h00 e as 04h00 no parque central. "Mas entre a 01h00 e as 02h30 é a altura em que a vadiagem aparece. Principalmente na madrugada de sábado e de domingo, quando saem dos bares. Tentamos controlar a situação e não ter problemas mas se os houver chamamos a Polícia. Mas só mesmo em último caso."

Admite que para esta função não teve nenhuma formação específica mas "o presidente da junta falou connosco sobre como abordar as pessoas". "Isto é livre e todos podem fazer o que quiserem, desde que não estraguem", argumenta. Mas para resolver qualquer problema a calma é fundamental, assegura Américo. "Senão já tínhamos levado uma tareia!", diz este patrulheiro, que tem sempre a companhia de outro, o qual prefere não dar a cara. Há um telemóvel para os dois, para usar apenas em caso de emergência.

À tarde, o parque está sempre à pinha e os patrulheiros têm de ter atenção redobrada. "Estou sempre a avisar as idosas para esconderem os fios de ouro e fecharem as carteiras, para não serem roubadas", explica Vítor Martins, de 43 anos. E para resolver um problema, avisa duas vezes. À terceira chama a PSP. "Não é por ter este colete que me vou armar em herói..."

REFORMADOS PATRULHAM SETÚBAL DESDE JANEIRO

Em Setúbal já existem patrulheiros desde Janeiro de 2010, um mês depois de a Câmara aprovar a contratação de reformados para vigiar e prevenir acções de vandalismo na Avenida Luísa Todi, que foi requalificada na altura no âmbito do programa Polis. Agora são 33 patrulheiros que vigiam já várias zonas da cidade. O protocolo, à semelhança do que foi realizado na Amadora, foi elaborado entre a autarquia setubalense, a Junta da Anunciada e a associação de reformados. Há ainda um grupo de reserva, para o caso de algum voluntário ficar doente.

Trabalham três horas por dia, sete dias por semana, incluindo os feriados, por 2,60 euros à hora. São cerca de 230 euros ao final do mês. Os patrulheiros da Amadora ganham mais. Os de dia recebem cerca de 380 euros e os da noite 600. "É tudo uma questão monetária, para complementar a reforma baixa", assume Américo Vilas, do turno da noite do jardim central da Amadora.

Outra das motivações para estes homens é terem uma ocupação. "Inscrevi-me na junta, estava farto de estar em casa e queria fazer algo. Agora sinto-me útil", admite Vítor Martins, reformado há 15 anos por causa de um AVC. Para Mário Catralo também é bom, até porque o tempo ali passado já não é desperdiçado "no café a jogar às cartas".

Para poder cobrir a maior parte do dia, o parque central da Amadora tem três turnos. De dia, há dois: das 09h00 às 13h15 e desta hora até às 20h00. O terceiro é das 20h00 às 04h00. Os patrulheiros andam sempre aos pares, e os de dia têm uma folga por semana. Já os da noite garantem que ainda não tiraram qualquer folga.

(in Correio da Manhã).

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