Protocolo abrange cerca de 360 peças propriedade da Igreja Católica ou por ela custodiadas
Igreja e Estado assinam acordo para restauro de bens móveis classificados
Por António Marujo
A Igreja Católica e o Estado português assinam na próxima quarta-feira um acordo de cooperação para a conservação e restauro dos bens móveis classificados e para o desenvolvimento de acções de formação nessa área.
O acordo diz respeito a um universo de cerca de 360 peças classificadas, entre pintura, escultura e alfaias litúrgicas. São peças com protecção legal, algumas classificadas há mais de duas ou três décadas, mas que até agora não tinham sido objecto de qualquer intervenção, explica ao PÚBLICO Sandra Costa Saldanha, directora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja (SNBCI).
Segundo o texto do protocolo, a que o PÚBLICO teve acesso em primeira mão, o Instituto dos Museus e Conservação “compromete-se a prestar consultoria científica e técnica no estudo, conservação e restauro de bens culturais móveis e integrados pertencentes a instituições da Igreja Católica”.
Este trabalho será feito através do Departamento de Conservação e Restauro do IMC e do Laboratório de Conservação e Restauro José de Figueiredo, de acordo com as disponibilidades e prioridades a analisar pelos técnicos do instituto.
Além da conservação e restauro e das acções de formação, o protocolo permitirá desenvolver acções na área da documentação e inventário, bem como na divulgação. Para 2011, diz o director o IMC, João Carlos Brigola, está já pensada uma grande exposição no Museu Nacional de Arte Antiga que procurará documentar a colaboração já existente nesta área nas últimas décadas, entre o Estado e a Igreja.
A selecção de peças será feita, num primeiro momento, pelas próprias dioceses. Sandra Costa Saldanha diz que a maior parte das peças já classificadas são das dioceses de Porto, Lisboa e Coimbra, com mais de metade do total. Depois, o SNBCI fará uma apreciação dos projectos apresentados que submeterá ao IMC. Serão sempre os técnicos do Instituto dos Museus e Conservação a decidir as prioridades das peças que necessitem de eventual restauro.
Outros bens culturais móveis propriedade ou sob custódia da Igreja Católica não incluídos neste protocolo poderão ser objecto de pareceres técnicos do IMC, para propostas de intervenção de outras entidades.
A formação preventiva é uma área em que insistem os dois responsáveis ouvidos pelo PÚBLICO. “Há muitas pessoas que tratam com estas peças e que muitas vezes não têm alguns conhecimentos básicos”, admite Sandra Costa Saldanha. “As necessidades são imensas”, acrescenta, sobre os bens a tratar.
O director do IMC acrescenta que todas as intervenções serão registadas, de modo a dar cumprimento à obrigação de partilha de inventários. O esforço será “significativo”, embora ainda não contabilizado, diz João Carlos Brigola, que para o efeito conta também com apoios da Fundação para a Ciência e Tecnologia. O acordo será assinado pelo bispo D. Carlos Azevedo, da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, e pelo director do IMC.
(in Público).
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