sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Por supuesto.



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Pode um espanhol amar mais Lisboa do que um português? Morales diz sim, por supuesto
Por Marisa Soares

Um sociólogo espanhol transformou a sua paixão pela capital portuguesa num site e num livro. Na calha está outra obra sobre as cartas entre Pessoa e Ofélia.
Luis Morales: "Não há quem fale pior de Portugal do que os portugueses".

A paixão de Luis Morales pela capital portuguesa é tão forte que já escreveu um livro sobre ela. Agora, este sociólogo espanhol, de 39 anos, decidiu adaptar o livro não ao cinema mas sim à Internet. O sitechama-se Por Amor a Lisboa, é mais do que uma página com informação turística - em espanhol e em português - sobre a cidade. É uma espécie de serenata virtual, onde não faltam o fado e os poemas de amor.

"Ter mais do que 20 anos, morar em Espanha e não conhecer Lisboa deveria ser pecado", brinca. O escritor esteve ontem em Lisboa para gravar um vídeo promocional sobre a cidade, que vai publicar na página, em poramoralisboa.com. A ideia é mostrar um percurso a quem visita a capital pela primeira vez. A página tem sugestões práticas (onde comer, dormir, passear). Tem também sugestões de itinerários para um dia ou um fim-de-semana - "com os voos low cost estamos demasiado perto", lembra. "Mas é um site com alma, com a minha visão dos lugares por onde passei", sublinha.

Com o Por Amor a Lisboa, Luis Morales quer "fomentar a cumplicidade entre os vizinhos". Isto porque, lamenta, "há um grande desconhecimento sobre Portugal em Espanha". Ele, porém, conhece o país desde cedo. Nasceu em Cáceres, na Extremadura espanhola, e sempre teve contacto com a realidade portuguesa. Foi na primeira viagem que fez sozinho, aos 18 anos, que descobriu Lisboa. "Fiquei deslumbrado. Percebi que este podia ser o meu lugar no mundo, onde era capaz de ser feliz", conta. Apaixonou-se pelos miradouros, as praças, as ruas largas, as lojas e os cafés. Lamenta que nem sempre quem vive em Lisboa dê valor ao que tem. "A verdade é que não há quem fale pior de Portugal do que os portugueses."

Em 2001, mudou-se para Lisboa, onde trabalhou como responsável de recursos humanos numa cadeia de lojas de roupa portuguesa. Dois anos depois, rumou a Madrid, onde continuou a trabalhar na mesma empresa, mantendo a ligação com Portugal. Enquanto morou em Lisboa, não encontrou um livro sobre o "encanto" e a "essência" que lhe reconhece. Foi daí que surgiu o romance Talvez Se Chame Lisboa, um "percurso literário" sobre a cidade, agora adaptado à Internet.

Luis procura patrocinadores privados ou institucionais que permitam levar o projecto a bom porto. Tem já contactos com a Câmara Hispano-Portuguesa de Comércio e Indústria, para abrir portas junto de potenciais parceiros, até porque a página "pode ser também uma montra dos produtos portugueses para o mercado espanhol".

Agora, está a acabar um livro sobre um outro amor. O romance baseado nas cartas que Fernando Pessoa trocou com Ofélia Queiroz deve chegar às bancas em Dezembro.

(in Público).

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