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Arriscar a vida só para poupar tempo
por DANIEL LAM
Uma grande placa alerta para "Perigo de Derrocada" e aconselha a evitar o local. Mas muita gente teima em passar ali. Tudo parece referir-se a um caso de falésias em risco de ruir em alguma praia. Mas não. É em pleno centro de Lisboa, perto da Assembleia da República, onde prédios ameaçam cair. As alternativas com segurança para peões estão criadas e basta atravessar para o passeio do lado contrário, mas não são usadas para "não perder tempo".
Estranhamente, as pessoas preferem arriscar-se a ser atingidas por destroços dos edifícios degradados - junto ao número 384 da Rua de S. Bento - ou por algum veículo, pois caminham na estrada, porque o passeio está ocupado pelos tapumes.
Nesta estrutura metálica, um painel informa: "Por favor, atravessar na passadeira", que dá para o passeio do lado contrário, onde outra obra também ocupa o passeio, mas tem um passadiço para os peões seguirem em segurança.
O DN abordou alguns peões e perguntou-lhes porque motivo preferiam pôr a sua vida em risco em vez de seguirem as instruções de segurança. Os infractores, que recusaram revelar os seus nomes, foram unânimes: "Para poupar tempo e trabalho. Não vamos atravessar a estrada para lá para depois voltar a atravessar para cá."
Mais acima, no número 311 da Rua de S. Bento, outros tapumes de obras ocupam o passeio. Um sinal com uma seta indica que "os peões devem utilizar este percurso", com uma passadeira cor de laranja pintada no asfalto para atravessar até ao passeio do outro lado. Também aqui as pessoas teimam em andar na estrada, quase encostadas ao tapume.
Excepção para um casal idoso. Seguiram as indicações e, muito calmamente, atravessaram a estrada as duas vezes necessárias. Ao DN, confessaram que "isto é um bocadinho incómodo, mas tem de ser assim para fazerem as obras".
Em Campo de Ourique, os trabalhos no antigo cinema Europa ocupam os passeios da esquina da Rua Almeida e Sousa com a Francisco Metrass. Também aqui foram criadas alternativas seguras para quem anda a pé. "Atenção. Desvio de peões. Passeio ocupado por motivo de obras", informa uma placa com uma seta a indicar uma passadeira que foi especialmente pintada em laranja-vivo para estes trabalhos temporários.
Mas os peões não aproveitam as novas condições de segurança. Um morador que tinha acabado de passar por ali em infracção, caminhando pela estrada, disse ao DN que "isto está muito mal, porque as pessoas ficam sem o passeio e têm de andar no meio da estrada. Mas sempre é melhor do que apanhar com alguma coisa que caia de lá de cima da obra".
(in Diário de Notícias).
Arriscar a vida só para poupar tempo
por DANIEL LAM
Uma grande placa alerta para "Perigo de Derrocada" e aconselha a evitar o local. Mas muita gente teima em passar ali. Tudo parece referir-se a um caso de falésias em risco de ruir em alguma praia. Mas não. É em pleno centro de Lisboa, perto da Assembleia da República, onde prédios ameaçam cair. As alternativas com segurança para peões estão criadas e basta atravessar para o passeio do lado contrário, mas não são usadas para "não perder tempo".
Estranhamente, as pessoas preferem arriscar-se a ser atingidas por destroços dos edifícios degradados - junto ao número 384 da Rua de S. Bento - ou por algum veículo, pois caminham na estrada, porque o passeio está ocupado pelos tapumes.
Nesta estrutura metálica, um painel informa: "Por favor, atravessar na passadeira", que dá para o passeio do lado contrário, onde outra obra também ocupa o passeio, mas tem um passadiço para os peões seguirem em segurança.
O DN abordou alguns peões e perguntou-lhes porque motivo preferiam pôr a sua vida em risco em vez de seguirem as instruções de segurança. Os infractores, que recusaram revelar os seus nomes, foram unânimes: "Para poupar tempo e trabalho. Não vamos atravessar a estrada para lá para depois voltar a atravessar para cá."
Mais acima, no número 311 da Rua de S. Bento, outros tapumes de obras ocupam o passeio. Um sinal com uma seta indica que "os peões devem utilizar este percurso", com uma passadeira cor de laranja pintada no asfalto para atravessar até ao passeio do outro lado. Também aqui as pessoas teimam em andar na estrada, quase encostadas ao tapume.
Excepção para um casal idoso. Seguiram as indicações e, muito calmamente, atravessaram a estrada as duas vezes necessárias. Ao DN, confessaram que "isto é um bocadinho incómodo, mas tem de ser assim para fazerem as obras".
Em Campo de Ourique, os trabalhos no antigo cinema Europa ocupam os passeios da esquina da Rua Almeida e Sousa com a Francisco Metrass. Também aqui foram criadas alternativas seguras para quem anda a pé. "Atenção. Desvio de peões. Passeio ocupado por motivo de obras", informa uma placa com uma seta a indicar uma passadeira que foi especialmente pintada em laranja-vivo para estes trabalhos temporários.
Mas os peões não aproveitam as novas condições de segurança. Um morador que tinha acabado de passar por ali em infracção, caminhando pela estrada, disse ao DN que "isto está muito mal, porque as pessoas ficam sem o passeio e têm de andar no meio da estrada. Mas sempre é melhor do que apanhar com alguma coisa que caia de lá de cima da obra".
(in Diário de Notícias).
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