Carta Aberta contra a destruição do Teatro das Laranjeiras ou Teatro Tália EDIFÍCIO CLASSIFICADO DE INTERESSE PÚBLICO DESDE 1974 (Dec nº 735/74 DG 297 dd 21/12/1974) Sendo morador em Lisboa nas Laranjeiras ,reparei que desde há algumas semanas está a ser destruído (já está quase destruído) o antigo Teatro das Laranjeiras ou Teatro Tália, que pertenceu ao Conde de Farrobo, e que fica situado defronte do Ministério do Ensino Superior. (colado ao jardim Zoológico) -As imagens mostram o que estava de pé antes do inicio da destruição e são retiradas do Blogue - SOS Lisboa.Contactei a Câmara que referiu não ter nada a ver com este edifício pois estava na dependência directa do Primeiro-Ministro ou do ministério da cultura (não sabiam bem),tentei outros contactos mas sem resposta. Sei que há muitas outras coisas muito mais importantes ,no entanto se alguém puder fazer alguma coisa pode valer a pena. Tendo sido o Teatro das Laranjeiras um dos principais teatros do Século XIX em Portugal e onde tocaram todas as grandes figuras do panorama musical dessa épocaA par do palácio, que ficou memorável na história elegante dos meados do século XIX, ergue-se, num dos lados do grande pátio quadrilátero, o famoso Teatro, que data de 1820. Rudimentar na sua primeira fase, foi reedificado e iluminado a gás em 1842, o que constituiu uma grande inovação para a época e na capital.Aqui se estreou «Frei Luís de Sousa» de Almeida Garrett e subiram à cena 18 óperas entre 1834 e 1853. Óperas dos mais afamados compositores, tais como os maestros Jordani, António de Coppola e Ângelo Frondoni, que vieram para Lisboa quando Farrobo era empresário do Teatro S. Carlos. Do último, que foi professor no Conservatório, chegou até nós o hino da «Maria da Fonte», que várias contrariedades lhe causou.A morte da rainha D.Maria II, que frequentava com regularidade a casa do conde, veio interromper, por algum tempo, a vida social e artística do Palácio.Em 1856 ainda foi reaberto o Teatro, com ópera italiana e comédias em português e francês. No entanto, a 9 de Setembro de 1862, um incêndio casual, motivado por descuido de uns operários, consumiu totalmente este pequeno templo de arte. A sua reconstrução já não se fez, pois a fortuna do conde de Farrobo começava a dissipar-se.Guarnece-lhe a fachada principal um elegante e espaçoso peristilo sustentado por quatro colunas de mármore branco, de ordem toscana. Prolongam-se os plintos por quatro pedestais, que avançam do peristilo e sobre os quais descansam outras tantas esfinges, figuras fabulosas com rostos e bustos de mulheres e corpos de leões, deitados e apoiados sobre as patas.À frente, e em plano inferior, um estreito canteiro corre a toda a largura do perístilo, para o qual, à direita, quatro degraus dão acesso, enquanto a esquerda se nivela com o pátio. Remata o frontão triangular de tímpano liso, a estátua de Érato, musa que preside à poesia lírica, esbelta e bem modelada, lira segura na mão esquerda e apoiada na coxa do mesmo lado. Sobre os acrotérios situam-se duas urnas delicadamente esculpidas. Sob o tímpano ostentou em tempos a frase latina: «Hic mores hominum castigantur» («Aqui serão castigados os costumes dos homens»); expressão alusiva ao teatro satírico, de que já não apresenta qualquer vestígio.InteriorO Teatro das Laranjeiras comportava 560 espectadores, possuía luxuosos camarins e um opulento salão de baile, de paredes revestidas com valiosos espelhos de Veneza.Nestes reflectiam-se as luzes de numerosos e ricos lustres, que produziam efeitos deslumbrantes.
Projecto de Gonçalo Byrne aprovado pelo Instituto do Património prevê que edifício arruinado do século XIX seja recoberto de betão.
5 comentários:
É mais uma reablitaxão coltural...
É pena. O teatro devia ser recuperado enquando teatro de ópera, e não um mero auditório. Considerando que está agora mesmo a ser editada, por um musicólogo português, a partitura da ópera que ali se estreou por ocasião da primeira abertura do teatro em 1827 (a "La testa di bronzo" de Mercadante), a recuperação do teatro seria uma excelente oportunidade para voltar a escutar esta obra no local e contexto cénico da sua estreia.
Nasci nas Laranjeiras, e tenho pena que desde que foi acabado não tenha visto absolutamente nada de culto no referido edifício. Tenho pena de agora não ver escombros nem multidões , apenas gastos mais uns milhões e com pessoas a morrer à fome. Lembro que estes milhões poderiam ter amenizado a crise instalada.
Enviar um comentário