Famílias forçadas a sair de casa e sem apoio no realojamento
Cristiano Pereira
Três famílias estão desesperadas por não serem realojadas depois de há um mês terem sido despejadas do prédio onde viviam, na rua de São Bento, em Lisboa, devido a perigo de derrocada após obras no prédio ao lado. Ninguém assume responsabilidades.
“Eu sinto-me uma parva! Andam uma série de entidades a gozar comigo!”, desabafa, visivelmente nervosa, Carla Quaresma, ex-moradora do 3ºandar do número 384 da Rua de São Bento.
Tudo começou a 19 de Maio, quando o prédio de cinco pisos foi evacuado pela Protecção Civil depois de terem sido detectadas fendas no edifício devido a uma obra que decorria mesmo ao lado. A evacuação foi feita num ápice e os moradores nem tiveram tempo de retirar os seus haveres. Durante duas noites, a Protecção Civil Municipal assegurou o realojamento numa pensão. Depois, foi o próprio empreiteiro da obra ao lado quem suportou os custos do alojamento; mas só durante cerca de duas semanas.
“Entretanto, o empreiteiro teve um ataque qualquer e disse que a partir dali não pagava mais nada”, acusa a moradora. “Já depois disso a Protecção Civil disse-nos que nos pagava mais uma noite a título excepcional”, acrescenta, lembrando que as famílias foram encaminhadas para a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Só que aí as coisas também não correram bem. “Deram 320 euros a cada família e disseram-nos para não irmos lá mais porque não tinham nada a ver com isto”, critica Carla Quaresma. “Agora”, aponta, “é cada um que se desenrasque”.
Contactado pelo JN, o director da Protecção Civil Municipal, Vítor Vieira, lembrou que “há um procedimento dentro daquilo que é a actividade da Protecção Civil”. “Se são moradores municipais, há residências de emergência e a Câmara tem que se responsabilizar”, explica, referindo que “nas situações particulares [como neste caso], se as pessoas não tiverem alternativa na rede familiar e amigos, a situação é passada à Santa Casa da Misericórdia para avaliar a situação”. Ora, o que aconteceu foi que na Santa Casa “não consideraram que a situação fosse para ser tratada no âmbito na emergência social”, uma vez que a evacuação foi feita a 19 de Maio e outras soluções foram encontradas ao longo desse tempo.
“É uma situação complexa”, aponta o responsável, considerando que os moradores foram “um bocado ingénuos” porque “puseram expectativas nas negociações com o empreiteiro e o dono da obra e pelos vistos a coisa está a correr mal”. “Incentivamos a recorrer a um advogado”, sublinha.
Outro motivo de inquietação é não ser possível retirar haveres do prédio. ?Já avisámos que estão nove bilhas de gás dentro do prédio e ninguém quer saber!?, alerta Carla Quaresma. O director da Protecção Civil Municipal admite ter conhecimento desse facto “desde ontem” [quarta-feira] mas salvaguarda que “pela lei das probabilidades, as bilhas não constituem um perigo, não é uma situação de risco grave senão já teriam sido retiradas”. Vítor Vieira lembra ainda que “quem entra no edifício pode colocar forças em desequilíbrio que colocam vidas em perigo”.
Uma comerciante de uma loja de antiguidades no rés-do-chão também se viu obrigada a fechar portas e está bastante desagradada. ?Isto é a minha vida. Estou há um mês parada, não sei o que vai acontecer?, lamenta Maria do Carmo Nobre.O JN tentou falar com a dona do terreno em obras, mas a proprietária da Farmácia Micael não se mostrou disponível para declarações. Entretanto, a Câmara pediu um parecer ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil para acautelar a segurança das pessoas que vivem nos prédios ao lado.
Cristiano Pereira
Três famílias estão desesperadas por não serem realojadas depois de há um mês terem sido despejadas do prédio onde viviam, na rua de São Bento, em Lisboa, devido a perigo de derrocada após obras no prédio ao lado. Ninguém assume responsabilidades.
“Eu sinto-me uma parva! Andam uma série de entidades a gozar comigo!”, desabafa, visivelmente nervosa, Carla Quaresma, ex-moradora do 3ºandar do número 384 da Rua de São Bento.
Tudo começou a 19 de Maio, quando o prédio de cinco pisos foi evacuado pela Protecção Civil depois de terem sido detectadas fendas no edifício devido a uma obra que decorria mesmo ao lado. A evacuação foi feita num ápice e os moradores nem tiveram tempo de retirar os seus haveres. Durante duas noites, a Protecção Civil Municipal assegurou o realojamento numa pensão. Depois, foi o próprio empreiteiro da obra ao lado quem suportou os custos do alojamento; mas só durante cerca de duas semanas.
“Entretanto, o empreiteiro teve um ataque qualquer e disse que a partir dali não pagava mais nada”, acusa a moradora. “Já depois disso a Protecção Civil disse-nos que nos pagava mais uma noite a título excepcional”, acrescenta, lembrando que as famílias foram encaminhadas para a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Só que aí as coisas também não correram bem. “Deram 320 euros a cada família e disseram-nos para não irmos lá mais porque não tinham nada a ver com isto”, critica Carla Quaresma. “Agora”, aponta, “é cada um que se desenrasque”.
Contactado pelo JN, o director da Protecção Civil Municipal, Vítor Vieira, lembrou que “há um procedimento dentro daquilo que é a actividade da Protecção Civil”. “Se são moradores municipais, há residências de emergência e a Câmara tem que se responsabilizar”, explica, referindo que “nas situações particulares [como neste caso], se as pessoas não tiverem alternativa na rede familiar e amigos, a situação é passada à Santa Casa da Misericórdia para avaliar a situação”. Ora, o que aconteceu foi que na Santa Casa “não consideraram que a situação fosse para ser tratada no âmbito na emergência social”, uma vez que a evacuação foi feita a 19 de Maio e outras soluções foram encontradas ao longo desse tempo.
“É uma situação complexa”, aponta o responsável, considerando que os moradores foram “um bocado ingénuos” porque “puseram expectativas nas negociações com o empreiteiro e o dono da obra e pelos vistos a coisa está a correr mal”. “Incentivamos a recorrer a um advogado”, sublinha.
Outro motivo de inquietação é não ser possível retirar haveres do prédio. ?Já avisámos que estão nove bilhas de gás dentro do prédio e ninguém quer saber!?, alerta Carla Quaresma. O director da Protecção Civil Municipal admite ter conhecimento desse facto “desde ontem” [quarta-feira] mas salvaguarda que “pela lei das probabilidades, as bilhas não constituem um perigo, não é uma situação de risco grave senão já teriam sido retiradas”. Vítor Vieira lembra ainda que “quem entra no edifício pode colocar forças em desequilíbrio que colocam vidas em perigo”.
Uma comerciante de uma loja de antiguidades no rés-do-chão também se viu obrigada a fechar portas e está bastante desagradada. ?Isto é a minha vida. Estou há um mês parada, não sei o que vai acontecer?, lamenta Maria do Carmo Nobre.O JN tentou falar com a dona do terreno em obras, mas a proprietária da Farmácia Micael não se mostrou disponível para declarações. Entretanto, a Câmara pediu um parecer ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil para acautelar a segurança das pessoas que vivem nos prédios ao lado.
(Jornal de Notícias).
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