"Com Uma Ilha às Costas"
“Sabura” ou a 11ª Ilha
Em 1994, Vladimir Monteiro pedia-me para fotografar os cabo-verdianos em Portugal para o seu projecto “Portugal/Crioulo”. Lembro-me de ter estado na Cova da Moura, na Buraca, Concelho da Amadora. Impressionou-me a pobreza no bairro que contrastava com a amabilidade das pessoas. Quase vinte anos depois, volto à Cova da Moura. O bairro continua a ser um dos lugares mais apetecíveis para fotógrafos, pela riqueza da sua cultura. Entretanto por lá passaram Abílio Leitão e Fernanda Câncio, aquando do programa “A Vida Normalmente”, exibido na RTP; Joana Pontes e António Barreto, aquando do “Portugal, um retrato social”, também exibido na RTP. Estiveram lá Raquel Martins, Ricardo Silva e Tiago Matos “Com uma Ilha às costas” e mais recentemente Rui Simões realizou “Ilha da Cova da Moura”. Eu não gosto de argumentar com frases como: «a Cova da Moura é um Bairro de gente boa!» «A Cova da Moura é um Bairro de gente má!» Até porque não é assim que costumamos falar de outros lugares. O que me preocupa é que passado este tempo todo, a Cova da Moura continua sem saneamento básico, as estradas não são asfaltadas, o lixo prolifera no emaranhado das ruas onde não existem passeios. As crianças continuam a crescer num gueto de sorrisos arrancados a ferros. Sim, um gueto! Com alguns momentos de felicidade mas onde a violência fala mais alto, onde a agressividade convive com o medo - não o medo dos que lá vão, mas o medo dos que lá vivem. A 11ª Ilha tem tudo para ser “Sabura”, mas não é. Podemos continuar a alertar para a situação do Bairro com fotografias e documentários, entrevistas e reportagens, argumentos e livros, mas, se não responsabilizarmos as instituições e os governos, daqui a 20 anos repetem-se os argumentos, os documentários, as fotografias e o conteúdo dos livros que falam sobre a Cova da Moura. Só os figurantes não serão os mesmos.
Em 1994, Vladimir Monteiro pedia-me para fotografar os cabo-verdianos em Portugal para o seu projecto “Portugal/Crioulo”. Lembro-me de ter estado na Cova da Moura, na Buraca, Concelho da Amadora. Impressionou-me a pobreza no bairro que contrastava com a amabilidade das pessoas. Quase vinte anos depois, volto à Cova da Moura. O bairro continua a ser um dos lugares mais apetecíveis para fotógrafos, pela riqueza da sua cultura. Entretanto por lá passaram Abílio Leitão e Fernanda Câncio, aquando do programa “A Vida Normalmente”, exibido na RTP; Joana Pontes e António Barreto, aquando do “Portugal, um retrato social”, também exibido na RTP. Estiveram lá Raquel Martins, Ricardo Silva e Tiago Matos “Com uma Ilha às costas” e mais recentemente Rui Simões realizou “Ilha da Cova da Moura”. Eu não gosto de argumentar com frases como: «a Cova da Moura é um Bairro de gente boa!» «A Cova da Moura é um Bairro de gente má!» Até porque não é assim que costumamos falar de outros lugares. O que me preocupa é que passado este tempo todo, a Cova da Moura continua sem saneamento básico, as estradas não são asfaltadas, o lixo prolifera no emaranhado das ruas onde não existem passeios. As crianças continuam a crescer num gueto de sorrisos arrancados a ferros. Sim, um gueto! Com alguns momentos de felicidade mas onde a violência fala mais alto, onde a agressividade convive com o medo - não o medo dos que lá vão, mas o medo dos que lá vivem. A 11ª Ilha tem tudo para ser “Sabura”, mas não é. Podemos continuar a alertar para a situação do Bairro com fotografias e documentários, entrevistas e reportagens, argumentos e livros, mas, se não responsabilizarmos as instituições e os governos, daqui a 20 anos repetem-se os argumentos, os documentários, as fotografias e o conteúdo dos livros que falam sobre a Cova da Moura. Só os figurantes não serão os mesmos.
Cova da Moura 1993/94
Só não entra quem não quer, só não convive connosco quem não quer...
3 comentários:
EXCELENTE foto-reportagem, Amigos do Lisboa S.O.S.! Parabéns!!!
De salientar, na Cova da Moura, o trabalho das associações locais, como o "Moinho da Juventude", que, contra ventos e marés, fazem aquilo que o Governo devia fazer!
grande reportagem,excelente .parabéns.
A primeira fotografia do menino com a bola e o porta-moedas....é das melhores que por aqui passaram....
Será que ele foi fazer um recado à mãe ? Como todos nós fizemos....noutros bairros.
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