segunda-feira, 5 de abril de 2010

Mexer na Universidade.


Mexer na Cidade Universitária para mudar o tráfego e dar coerência
Academia quer construir duas residências e transformar o Centro Comercial Caleidoscópio num espaço para estudantes
O diagnóstico está feito e não é animador. A Cidade Universitária, área para a qual a Câmara de Lisboa vai elaborar um plano de pormenor, sofre de "falta de coerência e eficácia da sua estrutura urbana", tem um sistema viário "inadequado", "grandes áreas de terreno não tratado e desqualificado" e redes de infra-es- truturas "em deficiente estado de con- servação". Em causa está uma área de 126 hectares, na freguesia do Campo Grande, que inclui os terrenos da Universidade de Lisboa (UL), do Museu da Cidade, da Torre do Tombo e do núcleo habitacional da Rua do Dr. João Soares. Segundo Eduardo Campelo, chefe da divisão de coordenação de instrumentos de planeamento da autarquia, a futura intervenção deve servir para fazer o "ordenamento da circulação automóvel e reduzir o tráfego de atravessamento". O vice-reitor da Universidade de Lisboa aplaude essa intenção, lembrando que "o trânsito é perfeitamente caótico nas horas de ponta". Parque subterrâneoVasconcelos Tavares admite que o trânsito é "um problema de difícil solução", mas diz que até já propôs à autarquia uma solução para evitar que quem quer aceder à 2.ª Circular continue a atravessar a Avenida do Professor Gama Pinto. Uma segunda hipótese, que seria "ideal" mas dificilmente exequível por ser "muito cara", seria a construção de um parque por baixo do relvado, junto à Alameda da Universidade, e de uma avenida em túnel que desembocasse junto ao Hospital de Santa Maria. Outro problema é o estacionamento selvagem, que a UL já tentou, sem sucesso, resolver "por vários meios", com pilaretes ou mesmo a criação de um parque "bastante grande e que nunca está cheio" em frente ao Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa. O plano de pormenor aprovado pela Câmara de Lisboa, na última quarta-feira, também tem como objectivo novas construções, "novos equipamentos, em particular na área dos institutos e da investigação", diz o arquitecto Eduardo Campelo. A es- se respeito, o vice-reitor admite que a UL "está empenhada" nessa área, mas não levanta o véu porque os pro- jectos ainda estão em desenvolvimento. Mais certa pode estar a construção, em terrenos na Rua do Dr. João Soares, perto do Campo Grande, de duas residências universitárias com lotação de 200 camas. O vice-reitor, que é também responsável pelos serviços de Acção Social, sublinha que esta é uma necessidade real, já que actualmente existem apenas 700 camas para cerca de 22 mil alunos.Dar vida ao Campo Grande Outro projecto que a UL quer desenvolver, em parceria com a autarquia, é transformar o Centro Comercial Caleidoscópio num "espaço global" vocacionado para os estudantes, onde estes possam "estudar, comer uma re- feição ligeira à noite", no fundo, fazer vida de estudante. Um projecto que iria fazer com que o Jardim do Campo Grande tivesse um movimento constante e visse assim aumentar a sua segurança, frisa o vice-reitor. Incerto é o futuro da centenária Sociedade Hípica, que ocupa terrenos que foram cedido à UL na década de 1950, através de um despacho governamental que previa, em troca, a atribuição de contrapartidas que "nunca foram dadas até hoje", como explica este responsável académico. "Seria natural, em termos de espaço e de evolução, que a Universidade pudesse ocupar parte dessa área", argumenta Vasconcelos Tavares, ad-mitindo a possibilidade de aí se construírem mais residências universitárias quando os terrenos forem desocupados.
(in Público)

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