Cinema na rua para "acordar" as antigas salas fechadas
CRISTIANO PEREIRA
Movimento de cidadãos invade espaço público para sensibilizar a população
Em Lisboa há dezenas de antigas salas de cinema que hoje estão abandonadas ou foram reconvertidas para outros fins. Um grupo de cidadãos tem tentado sensibilizar a população para esse facto através de uma acção original: cinema num lençol, em plena rua.
"A nossa máquina é um lençol, um projector, um gerador, um computador e umas colunas do som - é assim que actuamos na rua", explica, ao JN, Alice Banza, uma das responsáveis pelas iniciativas "CinePiolho" organizadas pelo Movimento Acorda Lisboa (MAL).
O MAL veio por bem; começou como um grupo informal em 2006 e no início do ano passado oficializou-se como Associação Cultural. No manifesto publicado no site da internet, lê-se que o MAL nasceu da mente do povo "cansado da 'vidinha' que se leva a cabo como um figurante sem oportunidades neste filme que passa aqui e agora nesta cidade que é Lisboa". Mais à frente, o MAL apresenta-se como "uma aspirina socio-cultural para todos aqueles que na sua curiosidade cozem o coração da sua existência, para todos os que dos desejos e vontades extraem a fibra da sua vida. Para todas as destemidas e todos os destemidos que aceitam um desafio num misto de glória e delírio". E rematam: "Acorda!".
Ocupar o espaço público
Entre iniciativas de variada índole, os membros do Movimento têm vindo a alertar para a situação de abandono do património das salas de cinema lisboetas. Desde 2007 que saem à rua a ver se agitam consciências: penduram um lençol na rua e ficam ali a ver filmes e a ver se os transeuntes param, questionam, reagem. Ao JN, Alice Banza frisa que "a ocupação de espaços públicos" sempre foi bem recebida pelas autoridades e pelos habitantes de cada local. "Muitas vezes fazemos os ensaios e costumamos falar com as pessoas que lá estão", disse.
Assim foi numa das últimas iniciativas que o JN acompanhou: em cerca de três horas, montaram cinema em frente ao antigo Xenon, na Avenida da Liberdade, repetindo a proeza nas fachadas do Odéon, na rua dos Condes às Portas de Santo Antão, no Animatógrafo do Rossio, à rua dos Sapateiros e, por último, frente ao antigo Salão Lisboa, ao Martim Moniz.
Mais de 100 salas
Alice Banza explicou que a iniciativa pretende ser um alerta para as "salas que estão abandonadas e reconvertidas, que já são muitas". "Entre as salas e os cinemas de vão de escada que funcionavam muitas vezes nas caves das salas dos cinemas oficiais são cerca de 100 desde o início do século XX", prosseguiu.
Além disso, estas iniciativas pretendem mostrar o "cinema português que não está divulgado" assinado por "cineastas que saem das escolas de cinema e não têm divulgação". "São eles próprios que nos cedem os conteúdos para passar no lençol", referiu Alice Banza. Na sua óptica, "a médio prazo, as pessoas vão-se cansar daquele tipo de cinema blockbuster".
CRISTIANO PEREIRA
Movimento de cidadãos invade espaço público para sensibilizar a população
Em Lisboa há dezenas de antigas salas de cinema que hoje estão abandonadas ou foram reconvertidas para outros fins. Um grupo de cidadãos tem tentado sensibilizar a população para esse facto através de uma acção original: cinema num lençol, em plena rua.
"A nossa máquina é um lençol, um projector, um gerador, um computador e umas colunas do som - é assim que actuamos na rua", explica, ao JN, Alice Banza, uma das responsáveis pelas iniciativas "CinePiolho" organizadas pelo Movimento Acorda Lisboa (MAL).
O MAL veio por bem; começou como um grupo informal em 2006 e no início do ano passado oficializou-se como Associação Cultural. No manifesto publicado no site da internet, lê-se que o MAL nasceu da mente do povo "cansado da 'vidinha' que se leva a cabo como um figurante sem oportunidades neste filme que passa aqui e agora nesta cidade que é Lisboa". Mais à frente, o MAL apresenta-se como "uma aspirina socio-cultural para todos aqueles que na sua curiosidade cozem o coração da sua existência, para todos os que dos desejos e vontades extraem a fibra da sua vida. Para todas as destemidas e todos os destemidos que aceitam um desafio num misto de glória e delírio". E rematam: "Acorda!".
Ocupar o espaço público
Entre iniciativas de variada índole, os membros do Movimento têm vindo a alertar para a situação de abandono do património das salas de cinema lisboetas. Desde 2007 que saem à rua a ver se agitam consciências: penduram um lençol na rua e ficam ali a ver filmes e a ver se os transeuntes param, questionam, reagem. Ao JN, Alice Banza frisa que "a ocupação de espaços públicos" sempre foi bem recebida pelas autoridades e pelos habitantes de cada local. "Muitas vezes fazemos os ensaios e costumamos falar com as pessoas que lá estão", disse.
Assim foi numa das últimas iniciativas que o JN acompanhou: em cerca de três horas, montaram cinema em frente ao antigo Xenon, na Avenida da Liberdade, repetindo a proeza nas fachadas do Odéon, na rua dos Condes às Portas de Santo Antão, no Animatógrafo do Rossio, à rua dos Sapateiros e, por último, frente ao antigo Salão Lisboa, ao Martim Moniz.
Mais de 100 salas
Alice Banza explicou que a iniciativa pretende ser um alerta para as "salas que estão abandonadas e reconvertidas, que já são muitas". "Entre as salas e os cinemas de vão de escada que funcionavam muitas vezes nas caves das salas dos cinemas oficiais são cerca de 100 desde o início do século XX", prosseguiu.
Além disso, estas iniciativas pretendem mostrar o "cinema português que não está divulgado" assinado por "cineastas que saem das escolas de cinema e não têm divulgação". "São eles próprios que nos cedem os conteúdos para passar no lençol", referiu Alice Banza. Na sua óptica, "a médio prazo, as pessoas vão-se cansar daquele tipo de cinema blockbuster".
(in Jornal de Notícias)
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