quarta-feira, 17 de março de 2010

Uma vida de cão.



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Cidadãos 'obrigam' Câmara a investir 375 mil euros em canil

Uma proposta de obras no Canil/Gatil Municipal foi o projecto mais votado pelos cidadãos no Orçamento Participativo de 2010 da Câmara de Lisboa. A responsável do espaço quer que as obras arranquem rapidamente. E apela à adopção de animais.

A proposta para a "3ª Fase da Construção do Canil/Gatil Municipal em Monsanto" recebeu, em Janeiro passado, 754 votos de cidadãos lisboetas que pretendem ver melhoradas as condições para os animais. Diversas propostas deram origem a um projecto que agora contempla 375 mil euros para uma intervenção que deverá durar sete meses.

Ainda não se conhece a data certa do arranque das obras mas a responsável pelo Canil/Gatil Municipal, Luísa Costa Gomes, disse ao JN que é seu desejo que "arranquem brevemente".

"A verba está dada e espero que rapidamente surjam as melhorias com mais boxes e melhores condições para os animais", afirmou ao JN. A responsável lembrou que em Março de 2008 já foram construídas algumas boxes "com condições completamente diferentes das iniciais" mas que são, ainda, manifestamente insuficientes.

A proposta votada no Orçamento Participativo prevê melhorias num bloco que contempla o atendimento ao público e serviços de vacinação bem como num outro bloco com salas de isolamento para animais com doenças infecto-contagiosas. Está ainda prevista a reorganização estrutural das boxes existentes de alojamento individual.

Actualmente existem cerca de 100 cães e 80 gatos nas instalações. Luísa Costa Gomes explicou que há casos de cães e gatos "que são entregues pelos donos porque têm dificuldades económicas ou porque simplesmente não querem mais ter o animal" e que existem outros "que são recolhidos na via publica". Alguns são "animais sinistrados, atropelados ou que adoeceram na via pública", prosseguiu a responsável, sublinhando, todavia, que não são raros os casos de animais "que adoecem em casa e os donos abandonam na via pública".

"Tentamos encontrar quem os adopte", salientou, apelando a que as pessoas se dirijam às instalações de Monsanto.

"Temos muito animais para adoptar, basta vir cá", disse. "É só chegar aqui, escolher um animal e preencher um termo de responsabilidade onde diz a sua morada e aceita que se possa verificar se o animal está a ser bem alojado e tratado", descreveu. "O animal é identificado electronicamente, vacinado e desparasitado", prosseguiu.

Luísa Costa Gomes salvaguardou, contudo, que "nem todos os animais são para adoptar" porque existem casos de cães e gatos que ali estão temporariamente "porque os donos têm dificuldades económicas comprovadas, foram internados ou estão presos". Para além disso, a legislação prevê que os animais recolhidos na via pública têm que estar obrigatoriamente oito dias no canil porque entretanto pode aparecer o dono - o que, soube o JN, só acontece em 15% dos casos. "A pessoa pode sempre reservar o animal para o caso do dono não aparecer", rematou.

(in «Jornal de Notícias»).

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