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A torre de vigilância panóptica do Pavilhão de Segurança, rodeada por doentes, alguns amarrados com coletes-de-forças, em 1899 - uma imagem-simbolo da história do pavilhão e das concepções assistenciais da época (fotografia publicada na revista Brasil Portugal, ano I, n.º 20, 16 de Novembro de 1899, p.5)
O Conselho de Administração do Hospital "[...] consciente da importância patrimonial do Pavilhão de Segurança, bem como do Balneário D. Maria II, submeteu à apreciação do IPPAR, em final de Julho, uma proposta de classificação desses imóveis, acompanhada por uma Memória Justificativa contendo o estudo histórico fundmentando o seu valor."
O Conselho de Administração do Hospital "[...] consciente da importância patrimonial do Pavilhão de Segurança, bem como do Balneário D. Maria II, submeteu à apreciação do IPPAR, em final de Julho, uma proposta de classificação desses imóveis, acompanhada por uma Memória Justificativa contendo o estudo histórico fundmentando o seu valor."
"Entretanto, consensualizava-se a solução de vocacionar o Pavilhão de Segurança a uma finalidade museológica, a reutilização que previsivelmente menos riscos comportaria para a preservação do edifício, assegurando ainda a fruição e a compreensão do espaço pelo público [...] o IPPAR qualificou o edifício 'Imóvel de Interesse Público, em vias de classificação' [...] Por outro lado, a criação de um museu permitiria uma protecção mais efectiva do acervo histórico do hospital. [...] O núcleo museológico do hospital Miguel Bombarda, designado Pavilhão de Segurança, Enfermaria-Museu, é constituido por várias colecções de objectos e de documentos, e ainda pelo próprio edifício que as alberga, a exemplo das 'casas-museus'. Não é um edifício onde se instalou um museu, o próprio edifício constitui a componente mais valiosa e emblemática do museu, enquanto surpreendente peça de arquitectura-arte." (in “Panóptico, vanguardista e ignorado – O Pavilhão de Segurança do Hospital Miguel Bombarda”, p. 73. Vítor Albuquerque Freire, Livros Horizonte, 2009)
O arquitecto José Maria Nepomuceno (1836-1895), retrato de 1884.
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"José Maria Nepomuceno (1836-1895), diplomado em 1858 com o Curso de Arquitectura da Academia de Belas-Artes de Lisboa, desenvolveu desde 1865 extensa actividade no Ministério das Obras Públicas." [...] "Da responsabilidade de Nepomuceno são usualmente mencionados o restauro revivalista do Convento da Madre de Deus e o projecto para a Escola Médico-Cirúrgica, ambos em Lisboa." (in “Panóptico, vanguardista e ignorado – O Pavilhão de Segurança do Hospital Miguel Bombarda”, p. 24. Vítor Albuquerque Freire, Livros Horizonte, 2009)
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Planta legendada e fachada do Pavilhão de Segurança, provavelmente desenhadas em 1892, publicadas pelo Prof. Miguel Bombarda em 1894, sem indicação do autor.
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"Não obstante o seu excepcional valor patrimonial, e a sua singularidade, até pela forma circular que ostenta, o Pavilhão de segurança (projecto de 1892, construcção de 1893 a 1896) do Hospital Miguel Bombarda, [...] permaneceu ignorado pelos estudos históricos ou meros levantamentos de arquitectura portuguesa. Ainda que tenha sido sucessivamente exposto, enquanto cenário, em notáveis filmes de António Reis e de João César Monteiro" (in “Panóptico, vanguardista e ignorado – O Pavilhão de Segurança do Hospital Miguel Bombarda”, p. 11. Vítor Albuquerque Freire, Livros Horizonte, 2009)
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Lavatório.
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Lanternim-respiradouro da Sala de Reunião.
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Sala de Reunião.
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Respiradouro oval (todos os compartimentos o possuem), com lâmpada instalada..
Óculo de vidro espesso para inspecção do interior de celas e de dormitórios. Ferrolho de culatra com fechadura de chave triangular. Portinhola para passagem das refeições, posteriormente selada.
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Cela.
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Espaço museológico.
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Planta do Balneário D. Maria II.
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Mobiliário hospitalar de design português.
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Colete-de-forças.
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Magneto, de correntes fracas, final do séc. XIX, precursor dos aparelhos electroconvulsores.
Magneto, de correntes fracas, final do séc. XIX, precursor dos aparelhos electroconvulsores.
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Curioso retrato do Dr. Júlio de Matos, pintor não identificado, acervo do Museu.
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Gaiola pertencente a um paciente que pode ser vista sob o alpendre em algumas fotografias antigas.
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Acervo museológico, ao centro: sino, 1640, com inscrição "Anno 1640 de Sto António" e "IHS" provavelmente da Igreja do Colégio St. Antão dos Jesuitas, hoje Hospital de São José. Em primeiro plano: sino, 1740, provavelmente da Igreja do Convento de Rilhafoles dos Padres de São Vicente de Paula.
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Inscrições gravadas na pedra por doentes, precioso testemunho de uma vivência estranha num mundo estranho - o nosso.
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Alguns trabalhos de doentes(Outsider Art) enquanto terapia ocupacional.
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Alguns trabalhos de doentes(Outsider Art) enquanto terapia ocupacional.
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Hélder do Carmo Tobias, (luta de animais).
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“Valentim Barros foi outro doente do Pavilhão de Segurança cuja vida trágica seria divulgada para lá dos muros do hospital, na sequência de um artigo-entrevista de Luís d’Oliveira Nunes, publicado em 1968 no Diário de Lisboa. O artigo constitui uma abrangente súmula biográfica sobre Valentim, um lendário residente homossexual do Pavilhão. Filho de um professor universitário, sai de casa aos 16 anos e torna-se bailarino profissional, actua em vários países, mas sobretudo na Alemanha nazi, pontualmenmte em Berlim, depois no Teatro da Ópera de Estugarda, sendo mesmo condecorado por Goering. Em 1938, aos 22 anos, é internado pela primeira vez, comportando-se como mulher ou julgando ser Nijinsky, e episodicamente violento, dizia-se. Ficaria no hospital por mais de 40 anos, e até falecer, em 1986, a maior parte do tempo no Pavilhão de Segurança. Habitava uma cela-quarto transformada num diminuto espaço identitário, com o seu rádio, pássaros, imagens de santas e decorações, onde fazia renda e tricot, bordava, confecionava bonecas com olhos de corista, para vender, e pintava paisagens, bem como cenários de cores vivas e subtis para as festas do hospital." (in “Panóptico, vanguardista e ignorado – O Pavilhão de Segurança do Hospital Miguel Bombarda”, p. 71. Vítor Albuquerque Freire, Livros Horizonte, 2009)
Desenho de Jaime Fernandes (1901-1968), um expoente mundial da Arte Brut, que por longos anos residiu no Pavilhão de Segurança.."Entre os doentes do Pavilhão de Segurança, o mais conhecido será Jaime Fernandes, autor de peculiares desenhos e um dos principais representantes da chamada Art Brut ou Outsider Art. Trabalhador rural nascido em Barco, Covilhã, foi admitido no Hospital Miguel Bombarda em 1938, aos 37 anos de idade, aí falecendo a 22 de Março de 1968,após 30 anos de internamento em diversas unidades, entre as quais a 8.ª Enfermaria. Posteriormente, a sua obra foi divulgada graças ao filme ‘Jaime’ (1974) e à exposição organizada em 1980 pela Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, com 74 desenhos que subsistiram." (in “Panóptico, vanguardista e ignorado – O Pavilhão de Segurança do Hospital Miguel Bombarda”, p. 70. Vítor Albuquerque Freire, Livros Horizonte, 2009)
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“A média-metragem “Jaime” de António Reis (com a colaboração de Margarida Cordeiro, psiquiatra), rodado em 1973 e estreado a 2 de Maio de 1974. […] constitui o primeiro filme a expor como cenário o Pavilhão de Segurança, […]” (in “Panóptico, vanguardista e ignorado – O Pavilhão de Segurança do Hospital Miguel Bombarda”, p. 72. Vítor Albuquerque Freire, Livros Horizonte, 2009).
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“Embora, ao que parece, nunca tenha habitado o Pavilhão de Segurança, destaque-se aqui Ângelo de Lima (1872-1921), um grande mas pouco nomeado poeta dos alvores do século xx (também pintor), internado em Rilhafoles durante 20 anos, desde 1901 até 1921, um poeta que os modernistas, como Fernando pessoa, tanto apreciavam, e que publicaram em 1915 na revista Orpheu.” (in “Panóptico, vanguardista e ignorado – O Pavilhão de Segurança do Hospital Miguel Bombarda”, p. 70. Vítor Albuquerque Freire, Livros Horizonte, 2009)
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Bibliografia
Poesias Completas, Inova, Porto, 1971; Assírio e Alvim, Lisboa, 1991. Poemas in Orpheu 2 e outros escritos, Hiena, Lisboa, 1984.
Poesias Completas, Inova, Porto, 1971; Assírio e Alvim, Lisboa, 1991. Poemas in Orpheu 2 e outros escritos, Hiena, Lisboa, 1984.
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"Já notado pela sua originalidade e densidade simbólica, por via de Jaime, o Pavilhão de Segurança serviu de cenário em outros filmes. O admirável Recordações da Casa Amarela (1989), do realizador João César Monteiro, premiado com o Leão de Prata do Festival de Veneza, em que o autor, num dos planos, explora o efeito panóptico do edifício: a câmara, colocada no centro do recinto, num movimento de 360 graus, acompanha o protagonista a correr pelo passeio circular e a regressar ao banco de onde partira. Posteriormente, em Bodas de Deus, de 1998, aquele realizador, argumentista, actor, revisita o pátio-mundo do Pavilhão e volta a captar o portão de ferro, como num rito de passagem para a liberdade ou para o degredo. Mensione-se ainda o filme Solo Violino, de 1990, dirigido por Monique Rutler, em que o edifício, na verdade uma enfermaria muito específica, serve de enfermaria psiquiátrica comum, desta vez para mulheres..."(in “Panóptico, vanguardista e ignorado – O Pavilhão de Segurança do Hospital Miguel Bombarda”, p. 72. Vítor Albuquerque Freire, Livros Horizonte, 2009)
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Horários:
Qua: 11h30-13h
Sáb: 14h-17h
Outros dias com marcação prévia: 10h-13h, 14h-16h
.Visitas Guiadas - incluem no seu percurso o Balneário D. Maria II (1854) e o ex-gabinete do director, onde o Prof. Miguel Bombarda foi assassinado nas vésperas da revolução de 1910.
Endereço: Rua Dr. Almeida Amaral, 11169-053 Lisboa
Endereço: Rua Dr. Almeida Amaral, 11169-053 Lisboa
Telefone: 213177400 / 213177435
Acessos: Estacionamento gratuito
5 comentários:
Parece que vai haver um concerto:
"Loucos por Amor e Música" no Pavilhão da Segurança do Hospital Miguel Bombarda, dia 26 de Junho às 21h30.
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Excelente reportagem, estive presente numa visita a este hospital psiquiátrico e adorei, tirei também algumas fotografias que ficaram na memória, contudo acho que deveria ser reabilitado todo este espaço histórico, pois a história tende-se a perder com facilidade e depois quem conta um conto acrescenta um ponto.
Visitei ontem o museu e vale bem a pena. Parabéns pelo post com tanta informação!
o email que consta, deve estar incorrecto, visto que ja enviei varios emails, e é sempre devolvido. se me puderem facultar outro contacto de email, agradecia, ja que vou fazer la uma visita com um grupo de amigos, obrigada
Qual o e-mail do museo (Pavilhão de Segurança) ? Sou do Brasil e não consigo localizar, já enviei um e-mail mas retornou com mensagem de erro.
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