.
Bicicletas de uso partilhado para suavizar a mobilidade
Autores de casos de sucesso no Mundo preparam as propostas para António Costa.
A Câmara Municipal de Lisboa aprovou recentemente o relatório final da fase de diálogo concorrencial para a criação, implementação, financiamento e gestão de uma rede de bicicletas de uso partilhado. Dentro de meses, a cidade pode ter mais 2500 bicicletas nas ruas.
Neste momento, há quatro candidatos a elaborar as propostas, que dentro de pouco mais de um mês deverão ser analisadas por um júri com vista a decidir quem será a escolhida para implementar a rede de bicicletas de uso partilhado em Lisboa.
Na disputa, estão empresas internacionais com experiência na matéria, como os franceses da JC Decaux (responsável pelo programa Vélib, em Paris, o maior sistema de bicicletas partilhadas do Mundo, e em cidades como Viena, Bruxelas ou Sevilha), a empresa rival norte-americana Clear Channel (que desenvolveu o sistema em Barcelona, Oslo ou Estocolmo), os canadianos da Public Bike System Co (Montreal e, em parceria, Londres) e, por último, uma parceria entre os franceses da Transdev e a empresa de Matosinhos Soltráfego.
"Agora vamos ver qual é que se pode adequar melhor à cidade", disse ao JN o vereador Sá Fernandes, prometendo que "se tudo correr bem", as primeiras 100 estações "vão começar a ser instaladas antes do final deste ano". Isto porque a implementação da rede será feita em duas fases.
Segundo o caderno de encargos, a que o JN teve acesso, que define as directrizes que as candidaturas deverão seguir, a primeira fase da instalação da rede deverá arrancar até seis meses depois da assinatura do contrato e deverá disponibilizar um número mínimo de mil bicicletas, em 100 estações. A segunda fase terá de arrancar até um ano depois e disponibilizar mais 1500 bicicletas, em 150 novas estações.
As características da rede previstas no documento da Câmara Municipal de Lisboa são muito semelhantes ao sistema Vélib, de Paris, já testado pelo JN. O acesso ao serviço, por exemplo, é gratuito nos primeiros 30 minutos, desde que o utilizador se inscreva, pagando, para isso, uma tarifa que varia entre 25 euros (com prazo de um ano), sete euros (uma semana) ou três euros (apenas um dia).
É fácil não pagar mais do que isso: basta ir trocando de bicicleta de 30 em 30 minutos numa das muitas estações espalhadas pela cidade. Caso contrário, a segunda meia hora já terá um custo a partir dos 50 cêntimos. O sistema será integrado nos cartões da rede de transportes públicos que operam na área Metropolitana de Lisboa como o "Lisboa Viva".
Os avanços no processo estão a ser encarados com satisfação pela recém criada MUBi - Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta, uma entidade que assume ter como missão "ajudar a criar as condições para que qualquer pessoa possa utilizar a bicicleta como veículo de forma fácil, agradável, eficiente e segura e que os benefícios desta opção sejam amplamente reconhecidos" (ver em www.mubi.pt).
Os membros da associação consideram que um sistema de bicicletas de uso partilhado constitui "uma grande mais valia para a mobilidade numa cidade" e até já pediram uma audiência ao vereador Sá Fernandes, para que discutir "opções do ponto de vista do utilizador". "Deve assegurar-se que o projecto não é desviado apenas para um cariz turístico", apontam.
Um dos seus membros, Rui Soares Costa, sublinha que "é essencial uma correcta articulação com os transportes públicos da cidade" e cita um exemplo concreto: "As estações de distribuição e recolha de bicicletas devem estar junto a terminais de transportes públicos". O utilizador de bicicleta frisa ainda é preciso acompanhar todo este processo, "com a implementação de medidas de condicionamento de trânsito automóvel, quer particular, quer individual".
A implementação da rede, contudo, "não deve servir de desculpa para a CML não melhorar as condições de quem opta por usar bicicleta própria", conclui Rui Soares Costa.
(in «Jornal de Notícias»).
Sem comentários:
Enviar um comentário