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Os dois sócios que ergueram da imaginação própria o espaço Fábulas conheceram-se lá fora. Ela, Kamila Dabrowska, polaca. Ele, Belarmino Teixeira, português. Resolveram rumar a Portugal e abrir um negócio próprio – algo que tivesse sobretudo a ver com o seu gosto pessoal, mais do que com grandes teorias e projectos premeditados.
Encontraram um dos muitos edifícios devolutos do velho Chiado lisboeta, um espaço morto há cerca de três décadas, desde que a marca Macieira um dia o deixou. Puseram mãos à obra, estiveram meio ano a fazer obras faseadamente: limparam, deitaram abaixo o cimento que cobria as bonitas paredes de pedra, construíram instalações sanitárias, pintaram, decoraram. Resultado: um espaço que, através do letreiro pendurado à porta, informa de imediato o cliente sobre as suas plenas valência: «Galeria – Café – Brunch - Bar – Aperitivo – Internet e Wi-Fi».
Cada espaço ao seu estilo
O Fábulas é um espaço enorme e quase labiríntico (há sempre mais um sítio para descobrir) que congrega uma sala grande e uma mais pequena para café/bar; um espaço de ciber café; uma galeria de arte; dois espaços de esplanada e uma sala ainda não utilizada. Há duas entradas – a principal faz-se pelo número 14 da Calçada de São Francisco (as escadas que partem da Rua Ivens) e a outra pela Rua Garrett (através do pátio à esquerda de quem sobe).
Aberto desde Setembro de 2008, o Fábulas é ainda um projecto em construção ao gosto dos seus criadores e uma casa onde quase tudo tem surgido «espontaneamente» - até as 10 pessoas que lá trabalham.
Aberto como bar à noite (Seg a Qua fecha à meia-noite e de Qui a Sáb. fecha à 01h00), está também aberto todo o dia, a partir das 10.00, e encerra ao domingo. A gerência alvitra a hipótese de vir a estender-se até às 2 horas.
Não é preciso falar com os mentores do projecto para percebermos que este bar quer funcionar como uma espécie de prolongamento da sala estar da nossa casa ou da casa dos nossos amigos. Embora a harmonia do conjunto e os pormenores possam parecer «estudados», a parede vermelho-cereja, o mobiliário variado (estilos e épocas) e mesmo a iluminação ou disposição dos vários espaços nasceram por intuição e gosto dos donos da casa e não a conselho de especialistas.
O público vem um pouco de todo o lado, desde os que trabalham nas proximidades e lá almoçam, aos que estão de passagem e aos que se reúnem com amigos para beber um copo à noite. Há mais turistas durante a tarde e durante a semana – os noctívagos são sobretudo portugueses.
Embora a clientela seja jovem, sobretudo entre os 20 e os 40, é garantido que durante a tarde se podem avistar «senhoras mais velhas» a bebericar vinho com as amigas. Durante a manhã, tarde e noite «o ambiente de café-bar» e de coisa «não oficial» não se quer perder. A música é propositadamente «de fundo» para que seja possível relaxar, conversar e até trabalhar.
A pintora imaginou a sua galeria
A sala da galeria de arte está agora a ser explorada pela revista cultural Umbigo que, mês sim, mês não, programa e divulga exposições (em Abril poderá ver obras de Manuel Luís Cochofel). O mês de intervalo servirá para actividades variadas como concertos ou ciclos de cinema – ainda em fase embrionária e experimental.
Se continuarmos a viagem por entre as salas-fábulas, a imagem contrastante de mesas feitas a partir de antigas máquinas de costura Singer ocupadas por modernos computadores marca o cyber-café.
O café-restaurante tem uma oferta variada dentro do estilo refeições ligeiras: saladas, tostas, crepes, burritos, tacos, tábuas de queijos e enchidos e sobremesas. Como há pessoas que querem «algo mais substancial», a prioridade é agora aumentar o restaurante com refeições mais consistentes.
Uma certa informalidade com «brilho», o ambiente «jazzy», o som baixo do piano e do acordeão e o tom suave das conversas compõem o ambiente e dão-nos a sensação de estar numa capital cosmopolita do mundo. Qualquer coisa que nasceu para criar «uma oferta um pouco diferente na zona» – para Kamila Dabrouska o Chiado tem ainda bastante potencial por explorar. Aliás, se se observar atentamente, o espaço está já rodeado de uma série de outros “restaurante-café-bar” de grandes dimensões que começam a marcar aquelas ruas do bairro.
Kamila é polaca e é pintora. Das ideias viu nascer esta história e quer continuar a construir, passo a passo, o seu projecto. Qualquer dia, com mais tempo, pode ser até que prepare para quem chega um prato tradicional da Polónia. Nunca se sabe.
Espaço Fábulas
Morada: Cç. Nova de S. Francisco, 14
Horário: 2ª a 4ª – 10.00 – 00.00; 5ª a Sáb. – 10.00 – 01.00.
Encerra ao domingo.
Fumadores: Sala de Fumadores
Contacto: 21 347 6323
(in «Lifecooler»).
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