terça-feira, 9 de março de 2010

Enfim, boas notícias.



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Reabilitação de edifício nos Restauradores para novo hotel Altis aposta no requinte discreto dos anos 40

Em tempo de Óscares, não é preciso muita imaginação para vislumbrar os actores de voz baixa e insinuante dos anos 40 a vaguearem lânguidos pelo edifício. Este fim-de-semana nasceu um novo hotel em Lisboa, num edifício dos Restauradores concebido pelo arquitecto modernista Cristino da Silva e com uma decoração que remete para os cânones da época.
A cargo do grupo Altis, a reabilitação do edifício não foi fácil. O orçamento para recuperar o imóvel, que data dos primórdios do betão em Portugal, disparou dos 14 milhões de euros inicialmente previstos - verba que inclui a sua compra a outro grupo hoteleiro, que acabou por desistir da tarefa - para 18 milhões. Quando a obra se iniciou, o estado do edifício fronteiro à Estação do Rossio metia dó. "Tinha pertencido à Câmara de Lisboa, mas estava completamente abandonado, e num adiantadíssimo estado de degradação", descreve o arquitecto encarregado da recuperação, João Vasconcelos Marques. Até animais mortos havia lá dentro.

As boas notícias é que, quando voltar o bom tempo, todos vão poder usufruir da grande varanda panorâmica do último andar, que será aberta ao público como esplanada da brasserie do hotel, ainda por cima num horário alargado: das 7h30 à uma da manhã. Daqui avista-se a Avenida da Liberdade de um ângulo muito especial: praticamente a partir do seu centro. Logo pela alvorada é vê-la muito pacata, quase sem carros, para nas horas seguintes se encher de trânsito barulhento. Um problema que levou os donos do hotel a munirem-se de todas as armas ao seu alcance - potentes caixilharias e vidros - para que os hóspedes possam dormir manhã fora em paz e sossego.

O preto lacado das paredes dos quartos faz parte de uma decoração retro que aposta num requinte discreto condizente com as cinco estrelas do alojamento, que, além de 68 quartos, conta com duas suítes. Os preços começam nos 160 euros por noite.

Recuperada com o acompanhamento do instituto do património, a obra de Cristino da Silva mantém muitas das suas características originais. É o caso da magnífica escadaria com corrimão de madeira que sobe até ao sexto andar. Para a recuperação ficar completa, falta estender-se à segunda metade do imóvel, ainda nas mãos da Caixa Geral de Depósitos e do seu arrendatário, os Serviços Sociais do Ministério da Justiça, mas que o grupo Altis já começou a cobiçar.

(in «Público»).

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