segunda-feira, 15 de março de 2010

Aquelas memórias todas ali na esquina despejadas.


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Lembro-me destes grandes alguidares em zinco onde se tomava banho em pé. Segundo me recordo, aquecia-se água e, com um jarro em zinco, as pessoas despejavam-na por cima dos seus corpos. Os alguidares tinham umas bicas que serviam para despejar a água com mais facilidade depois do banho. Em zinco existiam ainda os regadores e alguns baldes para lavar o soalho com uma espécie de sabão amarelo. Um bidé, ainda daqueles sem canalização, onde a água escorria pelo ralo para uma bacia ou para um balde. Bidés! Existem palavras que me parecem distantes, como se não fizessem parte das nossas vivências como se estivessem desencontradas com as nossas vidas. Por exemplo: o pexixe - móvel baixo com espelho tríptico desdobrável e um banco onde as senhoras se sentavam para se pintar e pentear; os reposteiros, as camilhas ou os naperons em croché que se usavam nas costas e nos braços dos sofás para estes não ficarem coçados pela erosão do tempo e o uso dos homens. Palavras difíceis de encontrar a forma. Na esquina da rua estava também abandonada uma tábua de lavar roupa num tanque em cimento armado. Uma bacia esmaltada e debruada a azul. Ainda vive gente assim em Lisboa. Como se a sociedade de consumo não tivesse ainda devorado tudo. Lembro-me do armário com portas de rede onde se guardavam os queijos, isto foi antes da chegada dos frigoríficos, antes da invasão dos electrodomésticos. Lembro-me do tempo dos transístores das telefonias e dos gira-discos. Estarei a ficar velho, por certo.
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