quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Quatro dias, quatro derrocadas.




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Quatro derrocadas em quatro dias revelam estado de ruína de Lisboa.

Helena Roseta diz que 40 a 60 por cento dos imóveis nas zonas históricas estão em mau estado e reclama mais pressão sobre Governo
A derrocada parcial de um edifício de habitação, ontem à tarde, na Rua dos Poiais de São Bento, foi a quarta ocorrência do género na capital nos últimos quatro dias, o que revela o péssimo estado de conservação do edificado de Lisboa, particularmente nos bairros históricos. O diagnóstico já estava feito pela vereadora camarária, mas Helena Roseta pediu ontem ao executivo municipal para que exerça mais pressão sobre o Governo, no sentido de facultar mais meios financeiros, de forma a não deixar cair Lisboa, que sucumbe à idade dos edifícios e aos rigores de um Inverno muito chuvoso.

Roseta, eleita pelo movimento Cidadãos por Lisboa, dirigiu-se ontem ao plenário camarário para fazer o ponto de situação sobre as últimas derrocadas de edifícios na cidade, quando não era ainda conhecida o quarto caso, o de São Bento, que tal como os demais não provocou feridos. A escadaria do edifício ruiu e a sua única habitante, uma mulher de 63 anos, recusou abandonar o imóvel, tendo assinado um termo de responsabilidade para pernoitar na casa, afirmou Manuel de Brito, citado pela Lusa. Ainda segundo o vereador da Protecção Civil, será hoje encontrada uma alternativa de residência para esta habitante.

A vereadora com o pelouro da Habitação explicou também que as outras duas derrocadas ocorreram em edifícios devolutos na Rua do Sol à Graça e nas Escadinhas de São Cristóvão, na Mouraria, precisando que ambos serão demolidos, pois apresentam estruturas instáveis. Exemplificando o mau estado de conservação dos edifícios em Lisboa, Roseta, com recurso a dados do Atlas do Programa Local de Habitação, disse que a autarquia é proprietária de 180 edifícios em mau estado de conservação, dos quais 145 apresentam grave risco de segurança. Segundo o mesmo documento, a idade média das construções quase atinge os 54 anos (dados do INE, relativos ao Censos de 2001), quando se estimava perto dos 51 anos em 1991.

Também está estabelecido um ranking de antiguidade do edificado nas freguesias de Lisboa, surgindo a de Santiago à frente (90,1 anos), seguida de Encarnação (89,3) e por São Miguel (87,9). Segundo a autarca, entre 40 a 60 por cento dos edifícios das zonas históricas estão em muito mau estado.

(in «Público»).

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