
.
Inovação: História mais acessível a todos com novas tecnologias
Regresso virtual à Lisboa arrasadaA Ópera do Tejo, a maior e mais luxuosa casa de música do Mundo de então, abrira há sete meses. A na altura nova Catedral Patriarcal, mandada edificar com ouro do Brasil, pelo mesmo magnânimo rei D. João V, do Convento de Mafra, tinha dez anos de uso no culto. Nenhuns sinais destas grandes obras ficaram depois de os engenheiros militares do marquês de Pombal tratarem de arrasar por completo uma vasta área da cidade de Lisboa, muito danificada pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755, a que se seguiram duas ondas de tsunami e um devastador incêndio.
Pela memória do património desaparecido, um grupo de investigadores de História de Arte, arquitectura e novas tecnologias está, porém, lançado na reconstituição da antiga Lisboa. A cidade está a renascer num mundo virtual ‘Second Life’ e a tecnologia aberta permitirá ao público criar o seu ‘avatar’ para passear e descobrir como era a vida quotidiana antes do terramoto.
A Lisboa Pombalina que hoje conhecemos foi edificada sobre o arraso de uma vasta área da antiga cidade: o largo de São Paulo, ao cais do Sodré, a rua do Alecrim e a rua da Misericórdia foram o limite a Poente. A Norte, a renovação ficou pelo Rossio até porque pouco mais havia por diante. A Nascente, a fronteira da intervenção desenha-se pelo sopé da colina da Mouraria e as actuais rua da Madalena e da Alfândega. A vasta área era a parte mais cosmopolita de uma cidade com importância mundial e muito atractiva para negócios, ou não fosse desde os Descobrimentos um imprescindível entreposto de contactos com os novos mundos.
Algumas imagens do tempo deixam adivinhar uma cidade perdida. Mas os problemas da reconstituição vão além disso. O terramoto, o tsunami e os incêndios destruíram muita documentação do que era a Lisboa antiga. Os mentores da reconstituição de Lisboa no ‘Second Life’ pensam que o projecto vai permitir avançar muito no conhecimento do património arquitectónico. Helena Murteira justifica as expectativas com experiência própria. Quando fez o seu doutoramento na Universidade de Edimburgo com uma investigação comparativa sobre Lisboa, Londres e Edimburgo na Europa Setecentista, enfrentou algumas perplexidades quanto à capital portuguesa. Porém, ao procurar documentação na British Library, de Londres, descobriu tanto material que teve de "pôr umas palas" para se concentrar no seu objecto de investigação.
Isto fá-la acreditar que o novo projecto ajudará Lisboa a descobrir como era antes do terramoto.
DISCURSO DIRECTO
"LABORATÓRIO PARA A HISTÓRIA DA CIDADE", Paulo Simões Rodrigues, Historiador de Arte
"Nos últimos dez anos, a arqueologia virtual tornou-se ferramenta importante para a História da Arte, sobretudo nos estudos de realidades desaparecidas como a Lisboa de antes do terramoto."
"TENTÁMOS DAR NOVA VIDA ÓPERA DO TEJO", Alexandra Gagoda Câmara, Historiadora
"O Teatro Real do Paço da Ribeira, ou Ópera do Tejo, situava-se onde está o actual Arsenal da Marinha. Este projecto permitiu recriar a estrutura e aparência do edifício e a sua animação."
"RECRIAR A MEMÓRIA DA LISBOA PERDIDA", Helena Murteira, Historiadora/Fundação Gulbenkian
"O projecto visa recriar a memória da Lisboa pré-terramoto. Articulando investigação histórica e a tecnologia, cria-se um ambiente interactivo que permite a imersão do visitante."
"COLOCAR A ÓPERA DO TEJO NO PATRIMÓNIO", Octávio dos Santos, Consultor e Escritor
"Inventário do património arquitectónico histórico português não se pode limitar a construções mais ou menos inteiras e àquelas das quais subsistem vestígios arqueológicos."
'SECOND LIFE' DÁ ACESSO ALARGADO
" A escolha do mundo virtual ‘Second Life/OpenSim’ permite que o projecto de recriação da Lisboa pré--terramoto seja aberto a um largo número de investigadores e ao público em geral", salienta Luís Sequeira, da Beta Technologies, parceira do Centro de História de Arte e Investigação Artística (CHAIA), da Universidade de Évora , neste projecto.
Desenvolvido e lançado pela empresa californiana Linden Lab, em 2003, o ‘Second Life’ é o líder mundial em mundos virtuais tridimensionais e foi usado, até à data, em cerca de dois mil projectos académicos. O seu êxito garante, segundo Luís Sequeira, a sua continuidade.
CASA DA MÚSICA MAIS LUXUOSA
"O Teatro de S. Carlos, aberto em 1793 – 38 anos depois do terramoto – revelou-se, face ao seu ilustre antecessor, um edifício menor em tamanho e luxo", considera Octávio dos Santos, autor do livro ‘Espíritos das Luzes’. Ele deu um dos primeiros passos do actual projecto ao contactar Alexandra Gago da Câmara, autora do livro ‘Lisboa: Espaços Teatrais Setecentistas’, para a reconstrução da Ópera do Tejo, patente no site http:\operadotejo.org. O desenvolvimento do projecto levou à renovação tecnológica do site.
(in «Correio da Manhã»).
Regresso virtual à Lisboa arrasadaA Ópera do Tejo, a maior e mais luxuosa casa de música do Mundo de então, abrira há sete meses. A na altura nova Catedral Patriarcal, mandada edificar com ouro do Brasil, pelo mesmo magnânimo rei D. João V, do Convento de Mafra, tinha dez anos de uso no culto. Nenhuns sinais destas grandes obras ficaram depois de os engenheiros militares do marquês de Pombal tratarem de arrasar por completo uma vasta área da cidade de Lisboa, muito danificada pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755, a que se seguiram duas ondas de tsunami e um devastador incêndio.
Pela memória do património desaparecido, um grupo de investigadores de História de Arte, arquitectura e novas tecnologias está, porém, lançado na reconstituição da antiga Lisboa. A cidade está a renascer num mundo virtual ‘Second Life’ e a tecnologia aberta permitirá ao público criar o seu ‘avatar’ para passear e descobrir como era a vida quotidiana antes do terramoto.
A Lisboa Pombalina que hoje conhecemos foi edificada sobre o arraso de uma vasta área da antiga cidade: o largo de São Paulo, ao cais do Sodré, a rua do Alecrim e a rua da Misericórdia foram o limite a Poente. A Norte, a renovação ficou pelo Rossio até porque pouco mais havia por diante. A Nascente, a fronteira da intervenção desenha-se pelo sopé da colina da Mouraria e as actuais rua da Madalena e da Alfândega. A vasta área era a parte mais cosmopolita de uma cidade com importância mundial e muito atractiva para negócios, ou não fosse desde os Descobrimentos um imprescindível entreposto de contactos com os novos mundos.
Algumas imagens do tempo deixam adivinhar uma cidade perdida. Mas os problemas da reconstituição vão além disso. O terramoto, o tsunami e os incêndios destruíram muita documentação do que era a Lisboa antiga. Os mentores da reconstituição de Lisboa no ‘Second Life’ pensam que o projecto vai permitir avançar muito no conhecimento do património arquitectónico. Helena Murteira justifica as expectativas com experiência própria. Quando fez o seu doutoramento na Universidade de Edimburgo com uma investigação comparativa sobre Lisboa, Londres e Edimburgo na Europa Setecentista, enfrentou algumas perplexidades quanto à capital portuguesa. Porém, ao procurar documentação na British Library, de Londres, descobriu tanto material que teve de "pôr umas palas" para se concentrar no seu objecto de investigação.
Isto fá-la acreditar que o novo projecto ajudará Lisboa a descobrir como era antes do terramoto.
DISCURSO DIRECTO
"LABORATÓRIO PARA A HISTÓRIA DA CIDADE", Paulo Simões Rodrigues, Historiador de Arte
"Nos últimos dez anos, a arqueologia virtual tornou-se ferramenta importante para a História da Arte, sobretudo nos estudos de realidades desaparecidas como a Lisboa de antes do terramoto."
"TENTÁMOS DAR NOVA VIDA ÓPERA DO TEJO", Alexandra Gagoda Câmara, Historiadora
"O Teatro Real do Paço da Ribeira, ou Ópera do Tejo, situava-se onde está o actual Arsenal da Marinha. Este projecto permitiu recriar a estrutura e aparência do edifício e a sua animação."
"RECRIAR A MEMÓRIA DA LISBOA PERDIDA", Helena Murteira, Historiadora/Fundação Gulbenkian
"O projecto visa recriar a memória da Lisboa pré-terramoto. Articulando investigação histórica e a tecnologia, cria-se um ambiente interactivo que permite a imersão do visitante."
"COLOCAR A ÓPERA DO TEJO NO PATRIMÓNIO", Octávio dos Santos, Consultor e Escritor
"Inventário do património arquitectónico histórico português não se pode limitar a construções mais ou menos inteiras e àquelas das quais subsistem vestígios arqueológicos."
'SECOND LIFE' DÁ ACESSO ALARGADO
" A escolha do mundo virtual ‘Second Life/OpenSim’ permite que o projecto de recriação da Lisboa pré--terramoto seja aberto a um largo número de investigadores e ao público em geral", salienta Luís Sequeira, da Beta Technologies, parceira do Centro de História de Arte e Investigação Artística (CHAIA), da Universidade de Évora , neste projecto.
Desenvolvido e lançado pela empresa californiana Linden Lab, em 2003, o ‘Second Life’ é o líder mundial em mundos virtuais tridimensionais e foi usado, até à data, em cerca de dois mil projectos académicos. O seu êxito garante, segundo Luís Sequeira, a sua continuidade.
CASA DA MÚSICA MAIS LUXUOSA
"O Teatro de S. Carlos, aberto em 1793 – 38 anos depois do terramoto – revelou-se, face ao seu ilustre antecessor, um edifício menor em tamanho e luxo", considera Octávio dos Santos, autor do livro ‘Espíritos das Luzes’. Ele deu um dos primeiros passos do actual projecto ao contactar Alexandra Gago da Câmara, autora do livro ‘Lisboa: Espaços Teatrais Setecentistas’, para a reconstrução da Ópera do Tejo, patente no site http:\operadotejo.org. O desenvolvimento do projecto levou à renovação tecnológica do site.
(in «Correio da Manhã»).
1 comentário:
Sempre quis saber como seria esse tão grande teatro. Quando era miúdo a minha mãe falava-me dele e da sua grandiosidade....finalmente temos uma breve sensação como seria a sua arquitectura....e já agora como seria a sua acústica???e o seu dia a dia??Que peças estiveram em cena???Vamos acompanhar este projecto...espero que nos elucidem, seria como ressuscitar um mito...
Enviar um comentário