.
Mais de cem pessoas participaram ontem na iniciativa. Sociólogos explicam adesão com desejo de rebeldia.
"Estão todos a tirar a roupa. Estão malucos. É isto que é a República?" Ana Carolina, que se preparava para tirar as calças, teve o azar de ficar ao lado da única pessoa que ontem, no metro de Lisboa, pareceu ficar incomodada com o "Dia sem Calças!". Uma iniciativa que juntou mais de cem pessoas para uma viagem em que o objectivo era tirar as calças para fazer sorrir os lisboetas. E que se repetiu em 35 cidades por todo o mundo. Os sociólogos explicam a adesão a este tipo de iniciativas, cada vez mais comuns, pela vontade de participar em qualquer coisa diferente, que quebre as regras.
"São interrupções programadas da normalidade. Como o Carnaval. É uma quebra relativa das regras, sem consequências", diz o sociólogo Pedro Vasconcelos. E essa possibilidade sempre atraiu e mobilizou pessoas, sobretudo os mais jovens, explica. Serve também para as pessoas construírem a sua identidade, porque aliado ao lado lúdico e performativo da iniciativa "há essa quebra das regras que faz as pessoas sentirem-se únicas e especiais", conclui.
Para o sociólogo José Barreiros, "estes encontros fugazes" são também uma tentativa de recuperar formas de estar em grupo e marcar presença no espaço público, uma vez que as formas de organização mais tradicionais - como os partidos políticos e as associações - perderam capacidade de atrair os jovens. Mas não são fenómenos fáceis de "ler e explicar", admite. Essencial é o papel da internet para juntar conhecidos e desconhecidos para fazer estas acções, lembram. Quer aquelas que não ambicionam mais do que um sorriso, quer as que têm uma reivindicação por trás. "Os professores organizaram algumas acções assim", lembra Pedro Vasconcelos.
Ana Carolina, de 16 anos, encaixa no perfil: participou para se "divertir e quebrar um pouco as regras". Confessa que ficou intimidada com as frases da companheira de banco, sobretudo sabendo que ia tirar as calças duas estações depois. E nessa altura viu a mulher levantar-se e fazer o resto da viagem em pé.
A maior parte das pessoas vestidas, no entanto, respondia ao atrevimento com sorrisos envergonhados. Outros, mesmo quando eram a minoria numa carruagem cheia de pessoas sem calças, pareciam não reparar. E foram poucos os que os abordaram.
Lucília e Adriano, com 64 e 75 anos, acompanharam o grupo desde o início, mas como observadores. "Lemos no jornal e achámos graça. É uma brincadeira para as pessoas se rirem e nós precisamos de rir".
Mais de cem pessoas participaram ontem na iniciativa. Sociólogos explicam adesão com desejo de rebeldia.
"Estão todos a tirar a roupa. Estão malucos. É isto que é a República?" Ana Carolina, que se preparava para tirar as calças, teve o azar de ficar ao lado da única pessoa que ontem, no metro de Lisboa, pareceu ficar incomodada com o "Dia sem Calças!". Uma iniciativa que juntou mais de cem pessoas para uma viagem em que o objectivo era tirar as calças para fazer sorrir os lisboetas. E que se repetiu em 35 cidades por todo o mundo. Os sociólogos explicam a adesão a este tipo de iniciativas, cada vez mais comuns, pela vontade de participar em qualquer coisa diferente, que quebre as regras.
"São interrupções programadas da normalidade. Como o Carnaval. É uma quebra relativa das regras, sem consequências", diz o sociólogo Pedro Vasconcelos. E essa possibilidade sempre atraiu e mobilizou pessoas, sobretudo os mais jovens, explica. Serve também para as pessoas construírem a sua identidade, porque aliado ao lado lúdico e performativo da iniciativa "há essa quebra das regras que faz as pessoas sentirem-se únicas e especiais", conclui.
Para o sociólogo José Barreiros, "estes encontros fugazes" são também uma tentativa de recuperar formas de estar em grupo e marcar presença no espaço público, uma vez que as formas de organização mais tradicionais - como os partidos políticos e as associações - perderam capacidade de atrair os jovens. Mas não são fenómenos fáceis de "ler e explicar", admite. Essencial é o papel da internet para juntar conhecidos e desconhecidos para fazer estas acções, lembram. Quer aquelas que não ambicionam mais do que um sorriso, quer as que têm uma reivindicação por trás. "Os professores organizaram algumas acções assim", lembra Pedro Vasconcelos.
Ana Carolina, de 16 anos, encaixa no perfil: participou para se "divertir e quebrar um pouco as regras". Confessa que ficou intimidada com as frases da companheira de banco, sobretudo sabendo que ia tirar as calças duas estações depois. E nessa altura viu a mulher levantar-se e fazer o resto da viagem em pé.
A maior parte das pessoas vestidas, no entanto, respondia ao atrevimento com sorrisos envergonhados. Outros, mesmo quando eram a minoria numa carruagem cheia de pessoas sem calças, pareciam não reparar. E foram poucos os que os abordaram.
Lucília e Adriano, com 64 e 75 anos, acompanharam o grupo desde o início, mas como observadores. "Lemos no jornal e achámos graça. É uma brincadeira para as pessoas se rirem e nós precisamos de rir".
(in «Diário de Notícias»).
Sem comentários:
Enviar um comentário