segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Rua Capelo.






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Para este imóvel pombalino em pleno Chiado existe um projecto aprovado e licenciado (processo 2282/OB/2001 e 960237/EDI/2001, com o Alvarás de Construção nº 2/O/2008 e Alvará de Demolição n.º 2/D/2008). O edifício encontra-se nas seguintes áreas do PDM:

Área Histórica Habitacional; Áreas de Potencial Valor Arqueológico (Nível de Intervenção 1) e Núcleo de Interesse Histórico. Encontra-se também incluído numa zona urbana classificada como Imóvel de Interesse Público (IGESPAR).

A proposta aprovada apenas manutem as fachadas, cercea e cumeeira do edificio. Os interiores foram integralmente destruídos, incluíndo as características abóbadas pombalinas do piso térreo. São criadas 5 fracções de habitação, uma por piso, e no piso térreo, uma fracção destinada ao uso terciário.

Motivo da opção da destruição dos interiores? A construção de duas caves para área de estacionamento e de arrecadações (25 lugares de estacionamento!).

O logradouro foi completamente impermeabilizado para permitir a construção de caves mais amplas de estacionamento.

Resumindo, estamos perante mais um triste exemplo do paradigma do imobiliário do centro histórico de Lisboa: demolição dos interiores, impermeabilização do logradouro, mobilidade centrada na viatura de transporte partricular e ênfase na habitação de luxo.

Este paradigma de desenvolvimento urbano insustentável é sistematicamente aprovado tanto pela CML como pelo IGSPAR.

Um imóvel integrado num bairro histórico, classificado de valor nacional, e com pretensões a ser classificado Património Mundial da Humanidade, está reduzido a uma fachada.

Alguns consideram estes projectos como uma mais valia porque se mantem a aparência de um Ambiente Histórico. E muitos chamam a isto «reabilitação» e até «restauro»! Para nós é apenas prova de uma Lisboa superficial, autista e no caminho da auto-destruição.
Fernando Jorge
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Acrescentamos nós: quando é que percebem que património não é só fachada? Que os interiores também contam? Agora, pegou moda: descaca-se o interior e sobem-se uns pisos com umas mansardas em zinco (...). Assim, o IGESPAR aprova logo. A CML, essa, nem é chamada. É verdade ou mentira que o edifício do El Corte Inglés nem licença de utilização tinha quando foi aberto? E esta, hein?

2 comentários:

Gastão de Brito e Silva disse...

É a berdadeira reablitaxão....temos de nos modernizar e prá frente é que é o caminho...

Ah!!e o binho é q'induca e o fado é q'instrói...

luis tavares disse...

É como varrer para debaixo do tapete...
Acho vergonhoso, ainda por cima com o beneplácito das autoridades "competentes.