sábado, 16 de janeiro de 2010

Red Bull: continua a trapalhada. Porque é que tem sempre de haver confusões?



.
Red Bull Air Race ameaça cortar acesso de aviões a Lisboa
A actual localização da prova sobrepõe-se aos corredores aéreos de aproximação do aeroporto de Lisboa. Red Bull não muda o lugar

.
A localização da prova está definida: "entre Alcântara e Algés", segundo a Red Bull. Este é o espaço onde os aviões da prova irão fazer acrobacias e, por coincidência, é também um ponto fulcral utilizado por aviões civis que se dirigem ao aeroporto da Portela e por embarcações marítimas que transitam no Tejo para aceder ao Porto de Lisboa. Especialistas contactos pelo i garantem que, ainda que a prova seja encostada a Algés, os aviões entram no corredor aéreo de aproximação ao aeroporto da capital e a logística da prova pode interromper o acesso ao canal de entrada no Porto de Lisboa.

No limite, a utilização deste espaço deverá obedecer a regras de segurança para "evitar acidentes", explica o comandante Cruz dos Santos. A Red Bull admite estar a trabalhar na questão da segurança "com as autoridades que controlam os tráfegos aéreos e marítimos". Fonte oficial da Navegação Aérea de Portugal (NAV) garante ao i que, até à data, não houve qualquer contacto por parte da organização da prova.

O cruzamento entre dois aviões é uma hipótese que terá de ser estudada no trajecto da prova. Um especialista em aeronáutica diz ao i que o problema existe quando os pequenos aviões da Red Bull dão a volta no percurso cronometrado - looping - e sobem a uma maior altitude. Nesse momento, cruzam o espaço aéreo de aproximação ao aeroporto.

Explica o especialista que, "nas manobras de looping, os aviões vão furar o cone aéreo dos aviões civis" e o corredor aéreo, que começa na Caparica e passa por cima da Ponte 25 de Abril, é o preferencial em 90% das vezes para as aterragens em Lisboa. Isto quando está bom tempo, condição também necessária à realização da Red Bull Air Race. Este corredor aéreo é utilizado na aproximação à pista 03 do aeroporto.

Segundo o comandante Cruz dos Santos não restam muitas opções: "Se a localização da prova for entre Belém e a Ponte 25 de Abril, como foi noticiado, ou não há aproximação de aviões por aquela pista, ou se desloca a prova, ou modifica-se o perfil da competição para que o trajecto dos aviões não irrompa o corredor aéreo."

Qualquer que seja a solução, a vida aérea da capital será condicionada. Cruz dos Santos explica: "Não é exequível não haver voos por aquela pista durante uma semana [duração da prova]. É a pista principal. Muito dificilmente esse eixo será cancelado." O especialista contactado pelo i refere que "pode haver instruções para os pilotos não subirem a mais de dada altitude, mas isso influencia a própria prova - porque o trajecto que está em causa é durante o período cronometrado."

No Porto já se tinha colocado um problema semelhante por causa do corredor aéreo de aproximação ao aeroporto Sá Carneiro. Depois da polémica da mudança do Porto para Lisboa e do financiamento da prova (ver caixa ao lado), a Red Bull Air Race depara-se com os condicionalismos da navegação aérea e marítima questão já levantada pelo deputado do CDS, Ribeiro e Castro.

A Capitania do Porto de Lisboa e a Administração do Porto de Lisboa recusaram comentar a matéria.

(in jornal «i»).

Sem comentários: