segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Martinho da Arcada: uma nova esperança!


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"O Martinho da Arcada não será encerrado", anunciou, esta sexta-feira, Luís Machado, na última sessão do ciclo de tertúlias Rostos da Portugalidade.
O organizador do certame considera que "os objectivos foram totalmente alcançados" e declara a "esperança na requalificação" da Praça do Comércio, que reanimaria o café mais antigo de Lisboa, lamentando o facto do Martinho ter sido tratado como "mais um café".
O ciclo Rostos da Portugalidade foi iniciado em Setembro do ano passado com o intuito de encontrar soluções para os problemas financeiros que o primeiro inquilino da praça atravessa, motivados pela reorganização do tráfego segundo o novo modelo de trânsito imposto pela Câmara Municipal de Lisboa. O corredor de transportes públicos que atravessa a rua onde o café está localizado, e as obras no Terreiro do Paço, que resultaram no sucessivo emparedamento da Praça do Comércio, afastaram a clientela dos cafés e estabelecimentos comerciais da zona.
Este ciclo de tertúlias contou com a participação de referências da cultura e da vida pública portuguesa como Manoel de Oliveira, Eduardo Lourenço, e Mário Soares, procurou destacar o papel deste espaço como prestador de "um serviço de interesse público", nas palavras de Luís Machado, e contribuir para a consciencialização do público quanto à relevância histórica e cultural deste café, que teve como clientes habituais algumas das maiores personalidades da literatura portuguesa. A última sessão deste ciclo de tertúlias concentrou-se na discussão de propostas para uma nova política cultural para Portugal, e contou com a participação de destacadas figuras em campos diversos da cultura portuguesa.
Recorde-se que, em Junho de 2009, foi anunciado em conferência de imprensa o encerramento do espaço para Dezembro do mesmo ano, mas , devido às demonstrações de apoio e solidariedade de figuras ilustres da vida pública portuguesa, o proprietário do café, António de Sousa, decidiu manter o Martinho da Arcada em funcionamento, na esperança de conseguir encetar um diálogo com a Câmara Municipal de Lisboa, tendo em vista a obtenção de subsídios públicos como compensação das perdas incorridas devido às obras realizadas pela autarquia. A CML demonstrou-se, até agora, indis- ponível para negociar com a gerência do café, que procura, com este tipo de iniciativa, demonstrar a valência cultural deste espaço, do qual 25 famílias dependem financeiramente.
(in «Diário de Notícias»).

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