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Recuo da câmara não convence Igreja nem 'gays'
A Câmara de Lisboa deu ontem o dito pelo não dito sobre a abertura dos casamentos de Santo António aos casais homossexuais.
A Câmara de Lisboa deu ontem o dito pelo não dito sobre a abertura dos casamentos de Santo António aos casais homossexuais.
Um "esclarecimento" que não convence a Igreja a mudar a intenção de abandonar a festa lisboeta ontem adiantada pelo DN. E que levanta novas críticas. Nomeadamente das associações de gays e lésbicas.
Em comunicado, o presidente da câmara, António Costa, "corrige" a informação "prestada anteriormente pelos serviços", na qual se admitia alargar às pessoas do mesmo sexo os casamentos civis celebrados na festa lisboeta. Sendo uma iniciativa municipal, diz a nota, os casamentos de Santo António "resultam de um entendimento com a Igreja Católica" e "nunca houve alteração a este evento que não tivesse sido acertada com a Igreja".
Foi neste quadro, prossegue, que se "introduziram os casamentos civis e de outras confissões". A autarquia afirma agora não tencionar "propor à Igreja qualquer alteração ao actual modelo em decorrência da entrada em vigor da legislação que permite o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo".
O facto é que os "esclarecimentos", longe de convencerem a Igreja, motivaram mais críticas. Nomeadamente em relação ao "entendimento" referido no comunicado.
"Estive a informar-me mas não descobri quem é o interlocutor da Igreja com o qual a câmara tem discutido estas questões", disse ao DN Edgar Clara, porta-voz do patriarcado de Lisboa.
Para o padre, estas festas "nunca" foram uma iniciativa da Igreja, que se limitou a "aceder, até agora", a assumir a realização dos casamentos dos seus fiéis. E os exemplos de "acertos" entre as partes dados pela autarquia não fazem sequer sentido: "É o pároco da Sé que vai dar autorização para a câmara organizar e pagar casamentos no civil?", questionou.
O porta-voz do patriarcado admitiu que "há vários anos" que chegam queixas de fiéis, nomeadamente sobre os casamentos civis e de outras confissões. Assuntos que "já foram discutidos" entre os cónegos da Sé Catedral.
Mas acrescentou também que estas questões são "anteriores" ao debate sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo: "É um facto que a Igreja não se revê nestes moldes do casamento de Santo António, como nunca se reviu".
Quanto à indisponibilidade da Igreja para manter a ligação a esta festa - ontem avançada ao DN por fonte da diocese - o padre disse que a resposta definitiva será dada "quando a questão for colocada" pela câmara. Algo que, insistiu, "ainda não aconteceu".
Já para Paulo Corte-Real, da ILGA - Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero, "a partir do momento" em que estes casamentos forem legais, não há justificação para que não tenham lugar nas festas de 12 de Junho. "Não pode ser a câmara a definir quais são os casamentos civis aceitáveis e não aceitáveis ", sustentou. E lembra que antes das autárquicas, membros da coligação Unir Lisboa, de Costa, já se tinham manifestado "favoráveis" à realização de casamentos gay nestas festas.
Em comunicado, o presidente da câmara, António Costa, "corrige" a informação "prestada anteriormente pelos serviços", na qual se admitia alargar às pessoas do mesmo sexo os casamentos civis celebrados na festa lisboeta. Sendo uma iniciativa municipal, diz a nota, os casamentos de Santo António "resultam de um entendimento com a Igreja Católica" e "nunca houve alteração a este evento que não tivesse sido acertada com a Igreja".
Foi neste quadro, prossegue, que se "introduziram os casamentos civis e de outras confissões". A autarquia afirma agora não tencionar "propor à Igreja qualquer alteração ao actual modelo em decorrência da entrada em vigor da legislação que permite o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo".
O facto é que os "esclarecimentos", longe de convencerem a Igreja, motivaram mais críticas. Nomeadamente em relação ao "entendimento" referido no comunicado.
"Estive a informar-me mas não descobri quem é o interlocutor da Igreja com o qual a câmara tem discutido estas questões", disse ao DN Edgar Clara, porta-voz do patriarcado de Lisboa.
Para o padre, estas festas "nunca" foram uma iniciativa da Igreja, que se limitou a "aceder, até agora", a assumir a realização dos casamentos dos seus fiéis. E os exemplos de "acertos" entre as partes dados pela autarquia não fazem sequer sentido: "É o pároco da Sé que vai dar autorização para a câmara organizar e pagar casamentos no civil?", questionou.
O porta-voz do patriarcado admitiu que "há vários anos" que chegam queixas de fiéis, nomeadamente sobre os casamentos civis e de outras confissões. Assuntos que "já foram discutidos" entre os cónegos da Sé Catedral.
Mas acrescentou também que estas questões são "anteriores" ao debate sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo: "É um facto que a Igreja não se revê nestes moldes do casamento de Santo António, como nunca se reviu".
Quanto à indisponibilidade da Igreja para manter a ligação a esta festa - ontem avançada ao DN por fonte da diocese - o padre disse que a resposta definitiva será dada "quando a questão for colocada" pela câmara. Algo que, insistiu, "ainda não aconteceu".
Já para Paulo Corte-Real, da ILGA - Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero, "a partir do momento" em que estes casamentos forem legais, não há justificação para que não tenham lugar nas festas de 12 de Junho. "Não pode ser a câmara a definir quais são os casamentos civis aceitáveis e não aceitáveis ", sustentou. E lembra que antes das autárquicas, membros da coligação Unir Lisboa, de Costa, já se tinham manifestado "favoráveis" à realização de casamentos gay nestas festas.
(in «Diário de Notícias»).
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