quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Igreja do Restelo: o que nasce torto...


.
Bispo auxiliar de Lisboa defende alteração do projecto da igreja de Troufa Real.
.
«Padre António Colimão diz que a câmara ainda deve à paróquia de S. Francisco Xavier 200 mil euros de uma verba prometida num protocolo aprovado em 2001 para pagar os projectosPerto de três mil contestatários no Facebook "Igreja ficou exótica" O bispo auxiliar de Lisboa D. Carlos Azevedo defende a alteração de alguns aspectos da polémica igreja em forma de caravela que o arquitecto Troufa Real projectou para o Alto do Restelo, em Lisboa, e cuja construção começou há três semanas. O também director da Escola das Artes de Lisboa da Universidade Católica pensa que nesta fase inicial da obra ainda é possível rever, em diálogo com o arquitecto e com a paróquia de S. Francisco Xavier, "alguns detalhes" do edifício, que Troufa Real quer pintar em dourado, vermelho, verde e laranja, além do branco. "A igreja que está a ser iniciada não serve bem os cânones de uma estética cristã", escreveu recentemente o bispo auxiliar na sua coluna de opinião no Correio da Manhã. Em declarações ao PÚBLICO, D. Carlos Azevedo diz que o templo idealizado por Troufa Real não só enferma de "um pouco de mau gosto" como não parece "respeitar os cânones do que é hoje a concepção de uma igreja". Ora "o arquitecto de uma igreja não pode fazer o que lhe apetece, mas o que serve à comunidade cristã". No artigo que publicou, o bispo faz ainda críticas ao processo que, no final dos anos 90, levou à escolha do arquitecto. Segundo o responsável pela paróquia, o padre António Colimão, foi João Soares, nessa altura presidente da Câmara de Lisboa, quem escolheu Troufa Real - seu amigo - para desenhar o templo. "Não percebi porquê", acrescenta o padre. Para o director da Escola das Artes da Universidade Católica, todo este processo evidencia alguns "elos fracos": "a falta de critérios de quem encomenda" a obra, mas também "a aceitação de presentes perigosos, tais como projectos pagos por autarquias selectivas do artista". Isto porque a câmara concedeu um apoio financeiro à paróquia para esta pagar os projectos da igreja. Acontece que, segundo António Colimão, dos cerca de 225 mil euros que o município se comprometeu, por escrito, a entregar-lhe, faltam pagar 200 mil. Lembra-se de os ter solicitado no mandato de Santana Lopes e de a então vereadora das Finanças, Teresa Maury, lhe haver respondido: "Padre, não temos dinheiro". O que não significa que tenha desistido de reivindicar a verba em falta: "Acredito que a câmara há-de pagar". Dos cerca de 25 mil euros que recebeu, entregou "qualquer coisa" a Toufa Real. Quanto, não diz. Tinha sido anunciado que o arquitecto trabalharia a título gracioso, mas afinal havia ainda uma factura a pagar. "Ouvi dizer que já não quer receber mais um tostão", refere o padre. Desenhada com uma torre de cem metros, a igreja custará três milhões de euros só na sua primeira fase. D. Carlos Azevedo vê aqui mais um elo fraco: "a ausência de frontalidade para corrigir e recusar soluções onerosas para as comunidades, seja do ponto de vista económico, seja do ponto de vista da identidade eclesial". No patriarcado, a sua posição é sobejamente conhecida. O que não quer dizer que vingue perante a hierarquia eclesiástica.»
(in «Público»).

1 comentário:

Gastão de Brito e Silva disse...

Tentei ontem progredir contra este projecto. Falei com Uma amiga que encabeça o movimento do sim, e ela argumentou que a paróquia necessita de uma nova igreja, estão actualmente a ocupar um barracão e angariaram entre eles os fundos necessários para construir um novo templo....eles também não gostam do projecto, mas dizem que é o único que têm não havendo outra alternativa... se nos arranjarem outra igreja servirá melhor com certeza...

Falei depois com o arqt. Nuno Teotónio Pereira, que me disse que o patriarcado terá de abrir um novo concurso, eu sugeri utilizar um projecto já existente de outra igreja que se coadune ao local, orçamento e população.

Pensei que o projecto tinha sido gratuito, que o Troufa Real o tinha oferecido, mas afinal ele foi pago...

Lanço um desafio:

Uma reunião entre o Patriarcado e a Ordem dos Arquitectos, além de com certeza, um representante da paróquia, para porem fim a este pesadelo e iniciar um sonho para aquela freguesia...