Autarquia adquiriu edifício do Museu da Moda, que afastou os artistas da rua Augusta.
Os artesãos da rua Augusta, em Lisboa, foram afastados para a Praça da Figueira devido à abertura do Museu do Design e da Moda. Ontem, a Câmara assinou a escritura da compra do edifício. Os artesãos sentem-se esquecidos.
Os motivos da polémica contam-se assim: em Maio, o pequeno mercado de artesanato que há anos existia na rua Augusta, junto ao Arco, foi extinto por notificação da Câmara de Lisboa, que, na altura, alegou que a actividade colidia com o novo Museu do Design que era inaugurado por esses dias. Ontem, a autarquia assinou a escritura da compra do edifício do Museu à Caixa Geral de Depósitos.
O processo de saída dos artesãos foi bastante repentino: em apenas dois dias, souberam da notícia e foram obrigados a abandonar o local. Os pintores e os artesãos tiveram destinos diferentes: os primeiros concorreram a um concurso público para atribuição de lugares dispersos pela cidade; os segundos, por seu turno, foram colocados na Praça da Figueira - e esta segunda solução nunca foi recebida com agrado.
"Estamos num beco sem saída: a Praça da Figueira não funciona porque é um local muito degradado", disse ao JN, ontem, o artesão Eduardo Cordeiro. Na sua óptica, a Praça da Figueira "não é viável" porque "o ambiente que aqui se vive não é propício a um mercado onde as pessoas se sintam à vontade e seguras". O sentimento é justificado pela acentuada quebra no negócio. "Já houve uma pessoa que desistiu e outras duas estão prestes a desistir", prosseguiu o artesão.
Eduardo Cordeiro criticou ainda a justificação apresentada pela autarquia em Maio passado. "Disseram-nos que a nossa presença era incompatível com as actividades do Museu para a rua", explicou. "Mas até agora, em seis meses, não houve uma única actividade naquele espaço - as actividades limitaram-se ao quarteirão onde o Museu está situado", disse. Os artesãos estavam no quarteirão seguinte, a escassos metros. "Foi por mero snobismo cultural que nos obrigaram a sair dali", acusa Eduardo Cordeiro. Mostrou-se, contudo, receptivo à solução da Praça da Figueira "se fizerem um mercado com pintores e artesãos, publicitado e integrado no roteiro da cidade e com instalações condignas que dêem dignidade à situação".
"Estamos abertos a todas a hipóteses desde que sejam viáveis", prosseguiu, deixando uma sugestão: "Seria plenamente satisfatório irmos para a Praça do Comércio, integrados nos projectos da frente Tejo".
O artesão teceu ainda críticas à autarquia, acusando-a de "não estar interessada em discutir a situação". "O presidente António Costa disse na campanha que queria uma cidade mais humana mas o que ele conseguiu ali foi um quarteirão vazio e nada mais", sublinhou. "Somos 10 ou 11 famílias prejudicadas e estamos dispostos a ir nem que seja para os tribunais europeus", rematou.
Ontem, o JN tentou obter uma reacção do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, que esteve presente na assinatura da escritura de compra e venda do imóvel onde está situado o Museu. Todavia, o autarca recusou-se a prestar qualquer declaração . O vereador do pelouro Espaço Público, Sá Fernandes, esteve, por seu turno, incontactável.
Os artesãos da rua Augusta, em Lisboa, foram afastados para a Praça da Figueira devido à abertura do Museu do Design e da Moda. Ontem, a Câmara assinou a escritura da compra do edifício. Os artesãos sentem-se esquecidos.
Os motivos da polémica contam-se assim: em Maio, o pequeno mercado de artesanato que há anos existia na rua Augusta, junto ao Arco, foi extinto por notificação da Câmara de Lisboa, que, na altura, alegou que a actividade colidia com o novo Museu do Design que era inaugurado por esses dias. Ontem, a autarquia assinou a escritura da compra do edifício do Museu à Caixa Geral de Depósitos.
O processo de saída dos artesãos foi bastante repentino: em apenas dois dias, souberam da notícia e foram obrigados a abandonar o local. Os pintores e os artesãos tiveram destinos diferentes: os primeiros concorreram a um concurso público para atribuição de lugares dispersos pela cidade; os segundos, por seu turno, foram colocados na Praça da Figueira - e esta segunda solução nunca foi recebida com agrado.
"Estamos num beco sem saída: a Praça da Figueira não funciona porque é um local muito degradado", disse ao JN, ontem, o artesão Eduardo Cordeiro. Na sua óptica, a Praça da Figueira "não é viável" porque "o ambiente que aqui se vive não é propício a um mercado onde as pessoas se sintam à vontade e seguras". O sentimento é justificado pela acentuada quebra no negócio. "Já houve uma pessoa que desistiu e outras duas estão prestes a desistir", prosseguiu o artesão.
Eduardo Cordeiro criticou ainda a justificação apresentada pela autarquia em Maio passado. "Disseram-nos que a nossa presença era incompatível com as actividades do Museu para a rua", explicou. "Mas até agora, em seis meses, não houve uma única actividade naquele espaço - as actividades limitaram-se ao quarteirão onde o Museu está situado", disse. Os artesãos estavam no quarteirão seguinte, a escassos metros. "Foi por mero snobismo cultural que nos obrigaram a sair dali", acusa Eduardo Cordeiro. Mostrou-se, contudo, receptivo à solução da Praça da Figueira "se fizerem um mercado com pintores e artesãos, publicitado e integrado no roteiro da cidade e com instalações condignas que dêem dignidade à situação".
"Estamos abertos a todas a hipóteses desde que sejam viáveis", prosseguiu, deixando uma sugestão: "Seria plenamente satisfatório irmos para a Praça do Comércio, integrados nos projectos da frente Tejo".
O artesão teceu ainda críticas à autarquia, acusando-a de "não estar interessada em discutir a situação". "O presidente António Costa disse na campanha que queria uma cidade mais humana mas o que ele conseguiu ali foi um quarteirão vazio e nada mais", sublinhou. "Somos 10 ou 11 famílias prejudicadas e estamos dispostos a ir nem que seja para os tribunais europeus", rematou.
Ontem, o JN tentou obter uma reacção do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, que esteve presente na assinatura da escritura de compra e venda do imóvel onde está situado o Museu. Todavia, o autarca recusou-se a prestar qualquer declaração . O vereador do pelouro Espaço Público, Sá Fernandes, esteve, por seu turno, incontactável.
(in «Jornal de Notícias»).
2 comentários:
Mais que snobismo é a arrogância deste Senhor Costa da qual já tinha ouvido falar quando ele passou pelo Min. Justiça.
Bom, aquelas bancadas pindéricas a arvorar ao artesão em plena Rua Augusta e junto ao Arco há muito que deviam ter sido escorraçadas dali. Que o tenham sido agora, só há que aplaudir. E não me façam falar...
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