quarta-feira, 25 de novembro de 2009

«Medonho».


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Para o vereador responsável pelos espaços públicos da cidade, José Sá Fernandes, o edifício é "medonho". Já o seu colega que tem a cargo a pasta do Urbanismo, o arquitecto Manuel Salgado, defende a liberdade criativa de Troufa Real. E diz que não está disposto a mandar os seus serviços reanalisar o processo que conduziu ao licenciamento da obra - apesar de a Assembleia Municipal de Lisboa ter ontem aprovado uma recomendação do CDS-PP nesse sentido. À excepção do PSD, todas as forças políticas votaram favoravelmente o documento - incluindo os socialistas - onde se pede à câmara que "reveja o projecto e zele pelo cumprimento da legalidade, nomeadamente no que respeita à área de construção", e ainda que promova um debate público sobre a matéria. Mas mesmo assim Manuel Salgado entende que o processo só deve ser reanalisado se houver uma deliberação camarária nesse sentido, ou seja, se a maioria das diferentes forças políticas representadas no executivo assim o entender. O facto de se tratar de um edifício isolado, "que não está inserido na malha urbana", de ter funções religiosas e de "ter sido proposto por uma comunidade", os paroquianos do Restelo, são pressupostos que legitimam, no entender do vereador do Urbanismo, a sua construção. O autarca menoriza a polémica de que o projecto tem vindo a ser alvo: "O Centro Cultural de Belém [de que foi co-autor] também foi alvo de fortíssima contestação. Hoje está feito, e a contestação apagou-se", recorda, acrescentando ainda o exemplo de outro templo que levantou críticas na altura da sua construção e cujo valor arquitectónico é hoje reconhecido, a igreja do Sagrado Coração de Jesus."As obras de ruptura levantam sempre polémica, porque não são anódinas", observa Manuel Salgado, que se recusa a questionar a estética do edifício. "Eu não faço aquela arquitectura, mas não a vou contestar.""Um projecto proposto por uma comunidade não é a mesma coisa que outro proposto por um qualquer cidadão que pretende fazer negócio imobiliário", considera ainda. A página do Facebook contra o projecto de Troufa Real, que começou a ser construído na semana passada, tinha ontem ao final do dia mais de 1500 fãs. Muitos dos detractores desta obra comparam-na a um bolo de noiva. Troufa Real diz que é uma alusão à época dos descobrimentos.
(in «Público»).

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