sábado, 7 de novembro de 2009

Fogo em colectividade assusta bairro histórico.


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Um incêndio destruiu, ontem, parcialmente a sede da Casa da Comarca de Arganil, situada na velha e apertada Rua da Fé, em Lisboa. Não houve feridos, mas os moradores não ganharam para o susto. Temeu-se outro Chiado.
"Se isto (as labaredas) passasse para o lado do salão, que é todo em madeira, desaparecia este prédio e os outros. Era outro Chiado", dizia Sérgio Pereira, secretário da colectividade, enquanto olhava, ainda incrédulo, para o amontoado de escombros em que se transformou a cozinha e o bar da Casa de Arganil, situada no primeiro andar do número 23. As causas do incêndio não estão ainda apuradas, mas suspeita-se que tenha tido origem num curto-circuito.
Na Rua da Fé, onde a colectividade se instalou há 80 anos, a estrada é estreita e os prédios são centenários. É assim um pouco por toda aquela zona histórica da freguesia de S. José. Alguns edifícios já existiam antes do terramoto de 1755 e outros acolheram vultos da cultura portuguesa, caso de Rafael Bordalo Pinheiro, que nasceu no número 47.
Ali respira-se história, mas vive-se com o coração em sobressalto. O casario é frágil. José Silva, um dos moradores, chama-lhe mesmo "barril de pólvora". Ontem, valeu a prontidão dos Sapadores Bombeiros para evitar o pior e o alerta de um funcionário da colectividade que dormia nas instalações. Em pouco mais de meia hora de combate, as chamas foram dadas como extintas.
Eram quase sete horas quando o rapaz que dormia na colectividade acordou com "fortes estrondos". Quando se levantou, já só teve tempo de saltar para a rua. "Saiu de lá todo negro, coitado. Muita gente ligou ao 112, mas ninguém atendia", relatou José Silva.
Contactada, fonte da PSP confirma que existe o registo de 16 chamadas atendidas, mas que "os operadores não demoraram mais do que três segundos a atender".
O número 23 é ainda sede do Sindicato dos Trabalhadores dos Espectáculos (no segundo andar) e de uma agência de actores, modelos e figurantes. Felícia Lourenço é funcionária do sindicato e moradora do bairro. Soube do fogo por um vizinho e garante que há muito esperava por uma situação do género. "Os prédios estão todos velhos e muitos estão devolutos. É um perigo!", afirmou.
Tanto as instalações do sindicato como da agência sofreram danos avultados devido à infiltração de águas. "Tínhamos marcada para amanhã (hoje) uma produção fotográfica e um casting, mas não vamos poder fazer", disse Ana Luís, enquanto empurrava água para a rua com uma vassoura.
(Jornal de Notícias).

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