domingo, 13 de setembro de 2009

Publi-cidade: «Festas da Cidade» ou «Festas da Cerveja»?







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De Fernando Jorge, imagens e texto:
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Todos os anos assistimos a um aumento do peso da publicidade nas Festas de Lisboa. Cada vez mais as «Festas de Lisboa» se assemelham a uma «Festa da Cerveja». As campanhas de marketing estão cada vez mais agressivas, desrespeitando o património da cidade e até o perfil das festas populares. Os bairros históricos ficaram inundados de autocolantes, bandeiras, quiosques e outros dispositivos de publicidade das marcas de cerveja. É tempo de reflectir e pensar que «Festas» queremos promover no futuro. O que se viu este ano não foi coisa que se recomende. A cidade não pode ficar refém dos patrocinadores. As «Festas de Lisboa» não podem degenerar numa mal disfarçada «Festas da Cerveja». Estamos conscientes da importância dos patrocinadores na manutenção de um programa cultural de qualidade nas Festas de Lisboa. Mas é óbvio que são necessárias mudanças, novas regras que disciplinem a publicidade dos patrocinadores. Segundo a EGEAC, a empresa municipal tem procurado encontrar novas contrapartidas de publicidade com menor impacto na cidade. Para a EGEAC, a pintura de publicidade nas faixas de rodagem de algumas ruas serão visualmente menos agressivas do que, por exemplo, os quiosques que as marcas de cerveja distribuiram pelos bairros históricos. Para que a degeneração das Festas de Lisboa em Festas da Cerveja não continue, há vários problemas a resolver:-equilibrar o crescente monopólio das marcas de cerveja convidando marcas de vinho. Porque não quiosques a vender vinho português a copo?
Historicamente é mais relevante e autêntico pois no passado não se vendia cerveja no Santo António; -acabar com os intrusivos quiosques de plástico das marcas de cerveja criando um quiosque para as Festas de Lisboa; -proibir os milhares de dispositivos de publicidade das marcas de cerveja (cartazes, bandeiras, autocolantes, etc.) que todos os anos poluem o ambiente urbano dos bairros históricos. Criar formas de publicidade no espaço público menos intrusivas e mais amigas do ambiente.
A cidade deve exigir responsabilidade social aos patrocinadores, sensibilizando-os para os problemas ambientais associados à produção de dispositivos de publicidade em papel e plástico, descartáveis e cujos desperdícios não são recolhidos pelas marcas que os lançam no espaço público. Fotos: R. da Bica Grande, Castelo, R. da Esperança (Madragoa).

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