sábado, 19 de setembro de 2009

O lixo.


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Sou lisboeta com amor desmedido à minha cidade. Gosto dela como gente da minha família, nasceu comigo, viu-me crescer e eu também a olho todos os dias a mudar. Envelhece, renasce, muda, recupera. Julgo-lhe as contradições diárias tal como me espanto com as tradições que, teimosa, insiste em conservar. É linda, Lisboa.

Também é suja, Lisboa. Porque nós, lisboetas, com desprezo por tanta beleza, somos gente muito suja. Cigarros, copos, papéis, garrafas, vai tudo ao chão, rasteiro rasto que muitos deixam como as pedrinhas do conto de fadas, não vá alguém querer encontrar desesperadamente os heróis do esterco. Por vezes, parece que andam a ver se ela resiste. Como um bando de adolescentes a fazer malfeitorias, a puxar a corda, a ver até onde ela aguenta. E se ainda gosta de nós depois disso. (...) Salvem-nos os funcionários camarários da limpeza. Queixamo-nos muito do poder local nestas questões, por vezes com alguma razão. Mas não deveríamos primeiro lamentar os habitantes?

(Catarina Portas).

2 comentários:

J A disse...

Subscrevo....Lisboa necessita de novos habitantes! O nível de sujidade da cidade nada tem a ver com politica ou serviços de limpeza.

pvb disse...

Há muito tempo que sou de opinião que independemente da má gestão ou das más politicas camarárias, parte do problema de Lisboa reside na falta de civismo dos seus habitantes que entendem que a preservação do espaço público, sendo de todos, deve ser única e exclusivamente da responsabilidade dos poderes públicos.