sábado, 15 de agosto de 2009

Carta de um amigo.


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Na edição de Março 2003 da revista inglesa 'Architectural Review', surgiu uma descrição dos subúrbios caóticos de Lisboa. O artigo foi escrito a propósito do novo Centro Ismaili em Benfica - uma obra de arquitectura num deserto urbano. Transcrevo aqui a introdução da autoria de Martin Meade:
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"The Past 15 years have seen the environs of Lisbon sucumb to ever denser urban sprawl. Oblivious to the erstwhile picturesque charms of the pine, cork-oak and olive grove-studded landscape which so captivated William Beckford's romantic sensibilities in the 1780s, unfettered low - and high - rise development strides relentlessly over hill and dale. This has occurred most noticeably north-west of the city where it has not only crushed the once bucolic horizons of Queluz (the exquisite Rococo summer palace of the Portuguese court), but now encroaches on the Serra the Sintra itself. Left in the wake of this proliferation, Benfica has been swamped by a sea of amorphous new 'districts', ring-roads and expressways, what otherwise remained of its identity superseded by the overweening presence of the Colombo Shopping Center. It is in these uninviting environs surrounded by high-rise apartments and the north-south expressway, that one discovers the peaceful haven of the Lisbon Ismaili Center, recentely completed to designs by Raj Rewal." in 'Achitectural Review', Londres, Março 2003, página 53.
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Um relato realista da paisagem urbana grotesca que os Portugueses produziram nos últimos anos. A realidade urbana que nos rodeia revela uma nação maioritáriamente analfabeta em planeamento urbano e arquitectura. Mas quem tem poder de decisão ainda não deu conta da gravidade do problema. De facto, para um observador vindo do norte da Europa, o cidadão comum português deve aparecer como um ser analfabeto em arquitectura e urbanismo. Porquê? Porque vivemos num ambiente muito desqualificado, repleto de erros. E existe o perigo real de já não identificarmos o erro arquitectónico e urbano por ser tão comum nas nossas vidas.
(Fernando Jorge).

2 comentários:

J A disse...

"Mas quem tem poder de decisão ainda não deu conta da gravidade do problema"....
Hummm.... não acredito em tanta incompetência aglomerada. Esta balbúrdia serve os interesses exclusivamente económicos de alguns. Por isso...se vai mantendo.

FJorge disse...

Tem razão. O caos urbanístico encheu - e ainda enche - muitos bolsos! De autarcas, principalmente...