sábado, 9 de maio de 2009

Outubro de... 2010.


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O Cais das Colunas está fechado há anos. As minhas filhas, por exemplo, nunca o viram. E já têm idade para comprar o impagável «Magalhães»! A Praça do Comércio esteve fechada, abriu quinze dias, voltou a fechar... Na altura, avisámos aqui que seria de aproveitar para calcetar a Praça. Mais nada, não mexiam em mais nada. Pois agora vêm anunciar umas obras megalómanas para o Terreiro do Paço. Há ideias boas, como reduzir o tráfego automóvel. Mas o que interessa é isto: vão fechar de novo a Praça? Só a vamos ter pronta daqui a mais de um ano? Mais de um ano de obras e estaleiros? O arquitecto, Bruno Soares, fala em calcetar em amarelo, «mudar a imagem». Como é óbvio, o maior sonho de um arquitecto é «mudar a imagem». Deixar uma marca, claro. E logo no Terreiro do Paço... Entretanto, as arcadas enchem-se de mendigos, o edifício do Ministério das Finanças já foi grafitado, está tudo um descalabro. A propósito: o Cais das Colunas já foi grafitado. Mas isso que interessa à CML ou à Sociedade Frente Tejo? Anunciar obras grandiosas é o melhor meio de deixar de fazer o que é simples. Já viram o anfiteatro que se projecta? Bem, não entremos em questões estéticas, sempre controversas.
Nós somos pelo básico: DEVOLVAM O TERREIRO DO PAÇO ÀS MINHAS FILHAS! OUTUBRO DE 2010? ESTÃO MALUCOS? (Não, não estão: o presidente da Sociedade Frente Tejo recusou-se a divulgar o custo desta obra...).
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A questão é:
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1) aos domingos, enchiam a Praça de barracas de churros e comes & bebes.
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2) agora, gastam um dinheirão para devolver a «nobreza» perdida. Já dizem que é uma «praça única». Mas, se é assim, porque autorizaram os matraquilhos e as barracas de farturas? Porque permitiram as bolas da TMN? Na altura não havia «nobreza» nem «dignidade»? Aquilo era assim como que uma espécie de Feira Popular?
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Eu já não percebo nada de Lisboa...
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Já reparou nos losangos? Lindos... E já reparou que nas imagens virtuais não meterem nem UM automóvel? «Isto do virtual é impecável», disse-me a idosa com perturbações mentais que todas as noites monta estendal a uns metros do Martinho da Arcada. Não perguntei aos (muitos) que acamparam junto ao Torreão Nascente, pois são agressivos para quem se aproxima. Mas são muitos. E têm muita tralha: casas de cartão, cobertores, roupa, sacos de plástico carregados de lixo... Em vez de falarem do que vão fazer, façam aquilo de que todos falamos. E todos falamos uma só língua: arranjem rapidamente o Terreiro do Paço, limpem-no, mas deixem-se de tretas.

1 comentário:

Aristes disse...

Sim, deixem-se de tretas. Devolvam o Terreiro do Paço, e fiquem a entreter-se com "as realidades virtuais" que quiserem, é barato e não chateia ninguém.