quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Vitrine.

Foi na noite de 2 de Fevereiro, chovia. Um trabalho da artista plástica Joana Vasconcelos chamou-nos a atenção e corremos a fotografá-lo. Eu gosto de tudo o que a Joana Vasconcelos faz, desde o candelabro com tampões até ao sapato com tachos em alumínio; das intervenções na Torre de Belém e na Ponte D. Luís ao croché que envolve diversas figuras em cerâmica da Fábrica Rafael Bordalo Pinheiro. E gosto do que a Joana Vasconcelos faz e do que ela nos quer dizer com aquilo que faz. Também gostei muito desta espécie de monstro, que envolve um edifício em obras na Rua do Alecrim, que a artista aceitou realizar como encomenda dos proprietários.
"A peculiar intervenção sobre esta fachada intitula-se Vitrine, é da autoria da artista plástica Joana Vasconcelos e foi encomendada pelos proprietários do edifício. Não obstante o nome, esta vitrina não nos deixa ver o interior da construção. "É uma brincadeira", explica Joana Vasconcelos. A artista admite que a ideia de encarar "a fachada do edifício como uma vitrina de qualquer coisa escondida" suscita em si um certo fascínio. "Até porque um prédio em obras é precisamente o oposto."
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Foi na noite de 2 de Fevereiro, chovia, num prédio da Rua do Alecrim, debaixo de escadas nauseabundas, a tresandar. Chamou-nos a atenção um homem que dormia no meio do lixo e da tristeza.
Por ironia, o trabalho de Joana Vasconcelos chama-se “Vitrine”, “O título da instalação faz referência à "instabilidade e flutuação das noções de privado e público", explicou ao DN. A escultora invoca também o Playtime de Jacques Tati , lembrando o modo como o protagonista do filme observa o quotidiano das personagens expostas nas vitrinas da Tativille.


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Isto não tem nada a ver com a Joana Vasconcelos. Ou será que as coisas têm todas a ver umas com as outras? Será que nada disto tem a ver connosco? Ou, na verdade, todos temos a ver com isto? Não consigo ficar indiferente. Quem consegue?
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