segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

«Por sorte não estava lá ninguém»


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Na Calçada da Graça, um edifício ameaçava ruína. Estivemos lá dentro, mostrámos aqui imagens. Por sorte, a casa não nos caiu em cima na altura. Caiu uns dias depois. Ou, melhor, caiu o prédio contíguo, um belo edifício do século XIX, por falta de sustentação. Na voragem da derrocada, lá se foram uns azulejos do século XVII...
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A polícia colocou umas fitas, mudaram o sentido do trânsito na rua de S. Vicente, uma confusão total. Enfim, mais uma história lisboeta.
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O «Público» noticiou:
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O edifício vizinho foi derrubado há mais de meio ano deixando um buraco entre os números 6 e 10. As responsabilidades estão por apurar. Os dois quartos do primeiro andar da casa de Ana Pessanha que desabaram na madrugada do dia 20 de Janeiro provocaram danos materiais, que até agora não foram calculados. A responsabilidade do desmoronamento ainda não foi apurada, mas os proprietários do nº 6 garantem que já tinham alertado para esta situação há já alguns meses. Por enquanto, são os próprios quem vão suportando as despesas do incidente. Para além do futuro pagamento das obras de emergência que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) iniciou, também a quantia de mil euros é paga de três em três dias à Polícia Municipal (PM). "Um ou dois agentes da PM estão lá 24 horas por dia para ver se nada é roubado e se ninguém consegue entrar lá para casa", refere Miguel Pessanha, o marido da proprietária. Um dos proprietários do prédio que ruiu primeiro, e que pediu para não ser identificado explica que o projecto inicial era a reforma do edifício que ali existia. Contudo, a determinada altura verificou-se que as paredes antigas não tinham condições para que fossem feitas obras de recuperação. Perante este cenário, os serviços de urbanismo da CML foram chamados a intervir ordenando que se fizesse apenas a contenção da fachada, enquanto não fosse aprovado novo projecto." Cumprimos escrupulosamente todos os preceitos da câmara e legais", refere um dos donos do n.º 8, dizendo que desde Agosto a obra está parada. Questionado pelo PÚBLICO se houve alguma recomendação por parte da CML ou de alguma outra entidade para que fosse salvaguardada a integridade dos prédios vizinhos, não quis avançar nenhuma explicação.O PÚBLICO também contactou a CML sobre a situação, indicando os serviços "que decorrem os procedimentos necessários à instauração de processo de intimação aos proprietários dos edifícios". Por seu lado, Miguel Pessanha garantiu que, com o recurso a advogados, técnicos especializados e à companhia de seguros, estão a ser tomadas as providências necessárias para determinar responsabilidades e avaliar os prejuízos. Por enquanto, a casa de Miguel Pessanha é um repositório caótico de mobílias antigas, quadros e objectos que vão sendo encontrados entre o entulho do espaço contíguo. Para além disso, existe também um cuidado especial em encontrar os azulejos do séc. XVII com os quais um dos quartos era revestido, refere Miguel Pessanha. Abrindo uma porta de um quarto que já não existe, há um "abismo", como se uma bomba tivesse caído ali e aquela parte da casa tivesse desaparecido."A minha neta dormia às vezes num dos quartos, mas por sorte não estava lá ninguém", conta Miguel Pessanha, dizendo que habita naquela casa há mais de 40 anos.
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