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Ao andar pela Rua dos Sete Moinhos, meti-me por veredas e atalhos, desci, desci, até encontrar uma escarpa. Em baixo, uma gruta ou furna. Em cima, casas construídas em cima de um buraco geológico. É Lisboa radical.
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Uma vez, no Casal Ventoso, dei com uma gruta aberta no monte encimado pelo Cemitério dos Prazeres. Tinham caído muitas pedras sobre o quintal de um morador. A Câmara tentou consertar aquilo, lançando cimento para cima das pedras rolantes. Aconselharam-me a não ir lá, que era perigoso. Assim como assim, fui lá ver aquilo e estou aqui para contar. Pronto para outra. Pronto para esta.
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Podia-se lá perder esta furna escancarada? O que haveria lá dentro? Curiosity killed the cat. Bem, era só descer uns bons metros (foi mais escorregar por ali abaixo...) até à base da escarpa.
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E aqui estamos, a olhar para cima. Roupa estendida.
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Aqui já tinha entrado na primeira galeria da furna. A fotografia é tirada de dentro para fora. Nada de especial. Havia uns pombos ou morcegos. Muita bicharada se levantou quando lá entrei.
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No interior, lixo, entulho, a incontornável retrete partida (há sempre uma retrete partida!), tijolos, poeira. Mas nem uma seringazita, um limão cortado ao meio, um preservativo... nada. Esta gente dos Sete Moinhos é demasiado ordeira. Será uma colónia de noruegueses transplantada para as cercanias do Viaduto Duarte Pacheco?
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Agora, estúpido curioso, tinha de subir.
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Só mais umas fots para recordação.
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Senhor leitor: não aconselhamos este passeio. É perigoso e as vistas, decididamente, não valem a pena o risco.
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Só tinha de ver a casa da roupa ao vento.
Só tinha de ver a casa da roupa ao vento.
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Subi. Quando lá cheguei, já o sol se punha. Entardecia. Essa hora de mágicos cansaços, lá diz o poema.
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Lisboa adormece devagar. Ao longe, a Ponte. Já mal se via.
Para a Patrícia, as furnas de Lisboa, com muitas saudades.
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