A tradição ainda já não é o que foi.

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Ao descer a Rua Maria Pia, um café. Simpático, acolhedor. Um oásis.
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Está para venda...
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Café Tradição. Existe há 96 anos.
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Um antigo armário de mercearia, jornais para os clientes, limpeza e asseio.

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E simpatia na Rua Maria Pia, que dela tanto precisa.
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Mas por quanto tempo ainda?
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O proprietário, Vítor Relvas, quer fazer outra coisa.
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Já fez muita coisa na vida. Contou-me as suas vidas.
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No Café Tradição, imagens de outros tempos.
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Uma fotografia antiga dos Salesianos.

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Vítor Relvas nasceu aqui. Mais precisamente, no nº 212 da Rua Maria Pia. Lembra-se do Casal Ventoso de outros tempos. Em 1968, serviu de guia ao arquitecto Nuno Portas, num levantamento que este por ali fez. Recorda-se dos dias anteriores à droga - e não gosta que julguem que o Casal Ventoso é sinónimo de droga. Nesses tempos, havia barracas, muitas, vindas do início do século, quando se começaram a fixar por ali os operários das fábricas de Alcântara.

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O pessoal do grupo de teatro «A Barraca» costuma (ou costumava) vir aqui. E Vítor Relvas guarda as imagens. Em primeiro plano, Maria do Céu Guerra.

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Vítor fundou e é presidente da Associação de Moradores do Casal Ventoso.

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A sede da Associação de Moradores do Casal Ventoso. Desde 1977.
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Antigo confeiteiro, antigo publicitário, dono de um café, Vítor quer mudar de vida. Fazer o quê, ainda não sabe. Mas o Café Tradição vai mudar de mãos. Ou fechar as portas.
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Vítor Relvas, 71 anos, uma vida no Casal Ventoso.