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Ao centro da Praça, a estátua de D. José impõe-se como obra maior da escultura portuguesa. O monarca, personagem de um cenário da capital portuguesa na Second Life, testemunha a imponência de uma das mais belas praças europeias e não denuncia uma realidade que embaraça, quando à noite se abrigam nas arcadas uma massa de velhos e de sem-abrigo, enrolados em plásticos, dentro de caixas de cartão, alcoólicos, toxicodepentes, esfomeados e doentes... Gente desempregada ou com problemas mentais. Indiferentes ao seu sofrimento e dignidade, passamos-lhes ao lado e nem nos apercebemos de que é uma parte de nós próprios que ali se exibe envergonhada. Alguém tem que pôr um fim a isto. Entretanto, as iluminações de Natal da TMN iluminam, feéricas, as arcadas centenárias do Terreiro do Paço, porto de abrigo que outro abrigo não tem.
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Estas fotografias foram tiradas na noite de 12 de Agosto de 2008. Hoje, são muitos mais que por ali se abrigam. Ao frio. E também os podemos encontrar às centenas nas portas dos estabelecimentos comerciais, dentro das dependências bancárias com multibanco, em todos os sítios onde possam abrigar-se da chuva e do vento. Na moderna estação ferroviária do arquitecto Calatrava, são muitos os que ali pernoitam, mostrando a todos os que nos visitam quais são as prioridades daqueles que nos governam.
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