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Na Rua das Barracas, em pleno centro de Lisboa, encontrámos uma horta. Pertence a António Garcia, antigo motorista de longo curso. 46: trabalhou durante quarenta e seis anos.
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6: roubaram seis couves ontem ao Sr. António Garcia. Tinha-as guardadas para a Consoada.
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6: o Sr. António Garcia está reformado há seis meses.
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12: o Sr. António Garcia trabalhou desde os doze anos.
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77: mora no nº 77 da Rua das Barracas. A casa é da Câmara. «Entrem, é a casa de um homem só». O Sr. António Garcia é divorciado.
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2: o número dos AVC's que teve. Vai ser operado de novo.
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2: o Sr. António Garcia fuma dois cigarros durante a noite, na cama.
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2: o Sr. António Garcia tem dois filhos. E diz que tem vergonha de os levar à sua casa. Dorme aqui, numas águas-furtadas. Uns tabiques improvisados evitam que a chuva entre.
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As escadas são íngremes e apertadas. Já quase ninguém mora ali.
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3: tem três netos. Mais do que as divisões da sua casa.
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O quarto.
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A cozinha.
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As escadas. É tempo de descer e ir embora. Ao despedir-se de mim, apertou-me a mão e desejou-me «Saúde», o que mais lhe falta, além de companhia. Pareceu-me ser um homem muito triste e só, algo perdido no meio da cidade grande.
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