segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Forte de Santa Apolónia / Bateria do Manique.


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O discurso acima é eloquente e grandioso. A realidade, porém, ainda mais.
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Um forte no meio de Lisboa. Dava um parque interessante, um ponto de interesse turístico.
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E, de facto, já começaram a reproduzir as condições de vida do século XVII. O cuidado deste pessoal com o património histórico é excepcional.
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Os novos conceitos museológicos apontam, na verdade, para uma lógica de interacção com os públicos. Por outras palavras: em vez de quadros nas paredes, a malta jovem só vai a um museu se houver cenas fixes em digital, de preferência jogos baris de porrada com mouros.
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Aqui, optou-se por recuperar a flora seiscentista. Já citada no «Tratado das Virtudes da Sempiterna Couve-Galega», impresso por ordem régia de 1685.
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O Forte, como se vê, foi deliberadamente reconstruído para fixar na pedra as marcas de muitas pelejas.
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E quem pensar que isto é mais um caso de desleixo não passa de um ganda tótó que não percebe nada da «linguagem dos sítios», como se diz em inglês técnico.
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Ao fundo, a Torre Branca, cruel e desfigurador «pastiche» feito no século XIX, escola de Violet-le-Duc. Há quem goste. Nós achamos que descaracterizaram a arquitectura portuguesa chã que ele até houve um cámone que escreveu sobre essa cena da arquitectura chã.
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As calças do Senhor Governador do Castelo dão um toque pessoal a uma edificação de guerra. Humanizam o local. É preciso compreender a multivariação dos públicos-alvo destas recriações históricas. As crianças das escolas, por exemplo, apreciam sobremaneira esta exibição do quotidiano do Manique.
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Um sinal de trânsito do século XVII, princípios do século XVIII. Óptimo estado de conservação.
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A envolvente do Forte é outro dos fortes deste lugar envolvente.


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O relvado mantém-se, apesar dos esforços do Vereador dos Espaços Verdes, o Shôr Zé, em converter tudo numa imensa horta da bela couve-galega.
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A porta do castelo. Para evitar a invasão de técnicos de conservação e restauro, de cidadãos abelhudos e dessa maltosa do património, entaipou-se a porta. Isto tem um nome: bom senso.
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O extraordinário das cidades históricas é como tudo recorda o passado. Eis uma estrada macadamizada. Igualzinha às dos tempos dos Filipes, reis estrangeiros de má memória.
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Pessoal do IGESPAR, da CML e do CAMANDRO. Agora em linguagem que vocês percebem: acham bem esta cena má estar assim toda fatelosa? E ainda têm a lata de meter umas bandeirinhas?
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Umas muralhas grafitadas e tantos que mais, que cena é esta, bacanos?
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Sim, isto é um forte do século XVII. Na Lisboa do séc. XXI. É espantoso como evoluímos. Para pior. Mas agora, graças ao «Magalhães», as novas gerações não vão ser como esta gente que deixou levar isto a este estado. A partir de agora, tudo vai mudar. Inscreva-se nos concursos de «paint-ball», às terças e domingos.
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1 comentário:

Mag. disse...

São as hortas saloias que o arquiteto Ribeiro Teles defende para a cidade.