O Palácio Valada-Azambuja ao Calhariz, na Freguesia de São Paulo, é património classificado como imóvel de interesse público. O facto de se encontrar cadastrado pelo IPPAR (actual IGESPAR, Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico) como Imóvel de Interesse Público, já por si confere a esta instituição a responsabilidade em zelar pela sua protecção e conservação. O palácio tem um passado que nos conta ter sido construído no século XV, no sítio da Quinta de D. Álvaro Vaz de Almada, Conde de Abrantes. Foi reconstruído depois de o terramoto de 1755 não ter deixado ficara pedra sobre pedra. Sofreu profundas alterações nos séculos XIX e XX, que lhe modificaram a traça original. O palácio foi vendido, em 1867, pelos descendentes dos antigos proprietários, ao conselheiro Francisco José da Silva Torres, que o deixou a uma enteada, casada com o conde de Azambuja. Em 1922, D. José de Melo, da família Azambuja, vendeu o edifício a um comerciante/antiquário, Manuel Henriques de Carvalho. O edifício possui um importante núcleo de azulejos setecentistas para ali levados de um palácio de Almada e colocados pelo seu proprietário, Manuel Henriques de Carvalho, aquando das obras realizadas em 1925. Em 1980 ainda pertencia a esta família.
Presentemente, é propriedade da Santa Casa da Misericórdia e está a ser gerida por um fundo imobiliário.
No palácio já não se encontram os serviços do 6º Bairro Fiscal. Mas ainda lá está aberto um consultório de dentista e o atelier do pintor Guilherme Parente, para além da Biblioteca Municipal Camões, aí instalada desde 6 de Outubro de 1981.
Quem removeu os azulejos do átrio de entrada? Pensamos que talvez possa ter sido o IGESPAR ou alguém com o seu consentimento mas no local ninguém nos soube informar. Não existe qualquer informação oficial, o que nos preocupa. Não sabemos se se trata de uma remoção para restauro – não nos parece necessário tal procedimento. Contudo, tratando-se de um imóvel classificado, deveria existir maior transparência e alguma informação. Caso contrário, como poderemos denunciar situações de furto e vandalismo?
Quem removeu os azulejos do átrio de entrada? Pensamos que talvez possa ter sido o IGESPAR ou alguém com o seu consentimento mas no local ninguém nos soube informar. Não existe qualquer informação oficial, o que nos preocupa. Não sabemos se se trata de uma remoção para restauro – não nos parece necessário tal procedimento. Contudo, tratando-se de um imóvel classificado, deveria existir maior transparência e alguma informação. Caso contrário, como poderemos denunciar situações de furto e vandalismo?
Em O Mandarim, Teodoro falava do palacete amarelo:
Então começou a minha vida de milionário. Deixei bem depressa a casa de Madame Marques – que, desde que me sabia rico, me tratava todos os dias a arroz-doce, e ela mesma me servia, com o seu vestido de seda dos domingos. Comprei, habitei o palacete amarelo, ao Loreto: as magnificências da minha instalação são bem conhecidas pelas gravuras indiscretas da Ilustração Francesa. Tornou-se famoso na Europa o meu leito, de um gosto exuberante e bárbaro, com a barra recoberta de laminas de ouro lavrado e cortinados de um raro brocado negro onde ondeiam, bordados a pérolas, versos eróticos de Catulo; uma lâmpada, suspensa no interior, derrama ali a claridade láctea e amorosa de um luar de Verão.
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Entretanto Lisboa jejuava-se aos meus pés. O pátio do palacete estava constantemente invadido por uma turba: olhando-a enfastiado das janelas da galeria, eu via lá branquejar os peitilhos da Aristocracia, negrejar a sotaina do Clero, e luzir o suor da Plebe: todos vinham suplicar, de lábio abjecto, a honra do meu sorriso e uma participação no meu ouro. Às vezes consentia em receber algum velho de título histórico: - ele adiantava-se pela sala, quase roçando o tapete com os cabelos brancos, tartamudeando adulações; e imediatamente, espalmado sobre o peito a mão de fortes veias onde corria o sangue de três séculos, oferecia-me uma filha bem-amada para esposa ou para concubina.
Os jornalistas esporeavam a imaginação para achar adjectivos dignos da minha grandeza; fui o sublime Sr. Teodoro, cheguei a ser celeste Sr. Teodoro; então, desvairada, a Gazeta das Locais chamou-me o extraceleste Sr. Teodoro! Diante de mim nenhuma cabeça ficou jamais coberta – ou usasse coroa ou usasse coco. Todos os dias me era oferecida uma presidência de Ministério ou uma direcção de confraria. Recusei sempre, com nojo.” (...) “Abandonei o palacete ao Loreto, a existência de nababo. Fui, com uma quinzena coçada, realugar o meu quarto na casa da Madame Marques: e voltei à repartição, de espinhaço curvo, a implorar os meus vinte mil réis mensais e a minha doce pena de amanuense!...
Então, indignado, um dia subitamente reentrei com estrondo no meu palacete e no meu luxo. Nessa noite, de novo o resplendor das minhas janelas, alumiou o Loreto: e pelo portão aberto viram-se como outrora negrejar, nas suas fardas de seda negra, as longas filas de lacaios decorativos. Logo Lisboa, sem hesitar, se rojou aos meus pés. A Madame Marques chamou-me, chorando,
2 comentários:
Caros Amigos Anónimos,
Só para dizer que os azulejos foram mandados retirar pelo proprietário do imóvel (a Misericórdia) para restauro por uma empresa especializada chamada, julgo, 'Oficina do Azulejo'. O prédio, belíssimo, vai para obras de recuperação muito em breve.
Continuem com o bom trabalho;-)
Abraços
Paulo Ferrero
Hello. Do you know where can I find the plans of the building, as sections, plans, etc? Is for a research work at the University, UTL in Lisbon. Thanks.
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