quinta-feira, 9 de outubro de 2008

É nosso fado. A Cesária.




Pouco se sabe da cantadeira, não se conhece nem a data de nascimento nem o ano da morte. Tratavam-na por Maria do Cesário, por ter sido mulher de José Cesário Sales, conhecido canteiro, cujo pai, Francisco Sales, tinha oficina em Lisboa. Vivia no Bairro de Alcântara, onde trabalhou como engomadeira e, por isso, também a conheciam por «Mulher de Alcântara». Ambrósio Fernandes Maia compôs o «Fado da Cesária». O guitarrista dedicou-o à cantadeira e a parceria Lino Ferreira, Silva Tavares e Lopo Lauer escreveram para a opereta «Mouraria» um «Fado da Cesária», com música de Filipe Duarte. A opereta «Mouraria» estreou no Teatro Apolo em 1926.


Uma casa em Alcântara, na antiga Rua Velha, a Rua Gilberto Rola, n.º 20 foi retiro de fadistas. Diz-se que a cantadeira de Alcântara, “A Cesária”, ali cantou pela última vez, em 1877. Por esse retiro de Alcântara passaram todas as vozes do fado. Aí, muitas guitarras gemeram. Desde 1977, vozes e guitarras sussurram-nos silêncios envergonhados. A casa foi abandonada nessa data e entaipada. Parece que ninguém lhe vê serventia, pois que há mais de trinta anos que se encontra assim. Eventualmente, assim continuará por outros tantos anos, se vozes e guitarras não se fizerem ouvir.








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