1º CAPÍTULO
Era uma vez um Presidente da Câmara chamado Pedro Santana Lopes. Em 2003, apresentou várias obras de requalificação da zona de Alfama e anunciou a construção de um silo automóvel no Largo das Portas do Sol. Congratulou-se pela sua obra: «Não tem comparação o tempo e o conteúdo de trabalho feito com outra cidade europeia. Este projecto levaria em média três anos noutra cidade, nós levámos sete meses. Não há nenhuma capital europeia que se possa orgulhar de trabalhar a esta velocidade»: http://www.cm-lisboa.pt/?id_item=2671&id_categoria=11
2º CAPÍTULO
Um ateliê de arquitectos apresentou o seu projecto. Ao fazê-lo, disseram: «Construir no centro histórico de qualquer cidade é dificil. Quando falamos de Lisboa e de uma das vistas mais visitadas, estamos a falar de um projecto perigoso» Um projecto perigoso? Tinham razão.
http://sa-arquitectos.com/proj_pt/proj_26_01_pt.html3º CAPÍTULO
O Cidadania Lx, em devido tempo, alertou para vários problemas:
4º CAPÍTULO
Chegamos a Janeiro de 2008, e os vereadores do PCP apresentam um requerimento sobre «a falta de utilização do novo Parque de Estacionamento das Portas do Sol e para o problema do
estacionamento irregular nas áreas envolventes»:
http://www.cm-lisboa.pt/?id_categoria=79&id_item=15447
5º CAPÍTULO
De facto, ninguém usa o Parque de Estacionamento. Toda a gente estaciona cá fora, que é mais barato. Estacionam até na rampa de acesso ao Parque!
Esta situação já é denunciada, pelo menos, desde 2006. Disse um deputado municipal do PEV, em reunião da Assembleia Municipal: «quando um terço dos 150 lugares está preenchido já é muito. Está quase “às moscas” porquê? Porque há quem opte por deixar o carro na própria rampa de acesso, já na rua, onde não se paga nada»
http://pev.am-lisboa.pt/index.php?Itemid=33&id=118&option=com_content&task=viewEPÍLOGO
A terminar, perguntamos: quando é que se começam a multar os que estacionam em infracção? A EMEL não actua aqui, porquê? E porque se mantém o estacionamento à superfície quando o silo automóvel está vazio? A EMEL não está a perder dinheiro, não se importa? É esta a Lisboa turística, numa das zonas mais bonitas da cidade? E você: é esta a cidade em que quer viver?
2 comentários:
Sabendo perfeitamente que vivemos num país onde uma avenida larga é interpretada pelo cidadão comum como um sítio óptimo para parar em segunda fila e "ainda dar para passar", reconheço inteira justiça à história relatada neste post.
No entanto, há uns tempos atrás, quando tentei parar o carro no parque, cheguei à conclusão que o carro não entrava no elevador. Não por ser demasiado alto, mas por ser demasiado baixo! Era um carro normalíssimo (Audi A3) e não conseguia entrar.
Não sei se mais alguém se queixou disto mas no meu caso esta experiência serviu para, com muita pena minha, nunca mais tentar sequer entrar lá, mesmo não estando no carro demasiado baixo.
Contra "defeitos de fabrico" não há grande solução...
Olá.
Dei conta deste post ao ver os "Refering Sites" que me chegavam a sa-arquitectos.com e gostava de esclarecer algumas coisas que faltam no vosso post.
Não vou entrar na discussão estéril sobre o que deve ser intervenções em centros históricos pois este não é o lugar nem a hora para isso. Há diversas opiniões, concordantes ou divergentes, mas a realidade é que é necessário dar respostas aos problemas urbanos que nos vão aparecendo em mãos, e o uso do automóvel —independentemente se concordo ou não com ele— e o seu estacionamento precisam de solução urgente nos centros urbanos, históricos ou não.
Esclareço que apenas fizemos o Estudo prévio do projecto. Depois disso, fomos literalmente afastados do processo pois o nosso nivel de exigência era demasiado alto e a nossa teimosia em fazer bem as coisas era demasiado grande para conseguirmos continuar a trabalhar com a EMEL.
Foi lançado um concurso Concepção-Construção com base no nosso estudo Prévio que venceu um atelier associado com uma construtora que não conseguiu cumprir com o alto nível de exigência que o projecto deveria ter. Isto é verdadeiramernte perigoso pois a cidade está a demitir-se da sua responsabilidade, passando-a para quem apenas tem um interesse, o do maior lucro possivel.
Depois desta "aventura" com uma construtora à mistura, com interesses contraditórios entre Lucro vs. Qualidade, o IPPAR chumbou 2 vezes o projecto (???) e não se sabe como —eu tenho umas dicas mas melhor não as dizer em público— apareceram os Aires Mateus para terminar tudo.
Mantenho o que disse que é um projecto perigoso por ser sensivel, e ficou mal feito por ninguém com responsabilidade na EMEL ou na CML se preocupar verdadeiramente com a cidade. O meu projecto já esteve exposto em vários sitios —Veneza, Valência, Nova Iorque— como exemplo de qualidade de resposta em intervenções de escala urbana em tecidos históricos sensiveis Tenho experiência de 2 anos na função pública a trabalhar em projecto em áreas históricas e sei do que estou a falar. A nossa proposta seria concerteza mais interessante —em aspectos sociais, urbanos e ecológicos— e sem dúvida melhor construida da que está ali feita, mas os caminhos da politica lisboeta são tortuosos e pouco transparentes, pouco receptivos a novas ideias e a jovens arquitectos.
Assim são as coisas. Lisboa precisa de um SOS a sério e ainda bem que o vosso blog existe. Parabéns e continuem...
Atentamente
Carlos Sant'Ana
sa-arquitectos.com
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