terça-feira, 21 de outubro de 2008

A cidade-anúncio.

Depois de ter fechado a Praça das Flores para um longo evento de uma marca de automóveis, de ter assinado no dia 8 de Julho um protocolo com o Continente para a construção de um Parque Juvenil (cujos trabalhos deveriam ter-se iniciado no dia 8 de Setembro) em troca da utilização do Parque para eventos do Continente "em datas a acertar pelas partes", de ter cercado vários monumentos da cidade com bandeiras de marcas de bebidas e de automóveis e de permitir a instalação de gigantescos anúncios por todo o lado, a Câmara Municipal de Lisboa parece ter decidido alugar a Avenida da Liberdade e o Marquês de Pombal à Renault para o Nelson Piquet Jr. dar umas voltinhas no próximo fim de semana.




E o mais engraçado nisto tudo é que as bancadas e barreiras ao longo de toda a avenida já lá estão há pelo menos uma semana. Olha que competentes e precavidos. Só falta é começarem a ser competentes e precavidos naquilo que realmente interessa.

3 comentários:

Ana Assis Pacheco disse...

As crianças e as velharias como eu precisavam que o Hipermercado Continente sustentasse jardineiros, para que estes não tivessem que andar com aspiradores a aspirar os jardins em vez de os varrerem.
Em vez do Continente, também podia ser o Harry Potter a pagar vassouras e jardineiros.
Já não chega o barulho dos carros na cidade ?
Ainda tinham de inventar coisas estúpidas para estragar a tranquilidade dos jardins ?
SOCORRO
SALVEM A ALMA DESTA CIDADE
SALVEM A NOSSA ALMA
SERÁ QUE NÃO SABEM INGLÊS ???
PORRA.

O velho do Restelo disse...

Socorro!
Isto transformou-se numa casa de doidos...e era suposto, apesar do tom dramático, que houvesse um pouco de discernimento e compostura!
Salvo melhor opinião tem que ser repensado um pouco a forma como se dirigem ao vosso povo eleitor (que somos todos nós) sob pena de cairem, até na caixa de comentários (além dos meus...), alguns dislates.
É provável que a crise nos tenha ensandecido a todos... mas parece-me que se não fosse a nossa curiosidade inata enquanto espécie, se não fosse a nossa permanente procura do melhor e do desconhecido, também, ainda hoje viveriamos em cavernas.
É evidente que isso teria a vantagem de não ter rebentado a "bolha do imobiliário" nos EUA, sendo certo que, vivendo em cavernas nem sequer saberíamos da existência no Novo Mundo... e é igualmente certo que teriamos que competir com alguns ursos pela utilização das cavernas.
Não se percebe o motivo de a vizinha de baixo da ilustre comentadora se queixar do barulho do seu aspirador... sendo certo que não vai deixar de o fazer para passar a varrer e conviver com alguns ácaros com que não contava, além de que poupa imenso tempo e esforço físico.
Sabe, seguramente, porque á excepção da minha pessoa, isto é terra de pessoas inteligentes, que a maior parte do progresso advém de evoluções e descobertas efectuadas no âmbito militar (e não me proponho discutir a génese do desenvolvimento... há teorias curiosas a esse propósito).
É claro que o ridículo não foi inventado, é inato... mas mata!
Nestas condições é natural que a sua vizinha tenha que aguardar a próxima geração silenciosa de aspiradores, do mesmo modo que a amiga terá que aguardar, natural e pacientemente, que a mesma indústria disponibilize aos jardineiros aspiradores (ou sopradores) "high-tech".
Até lá, sugere-se que haja calma porque o facto de os jardineiros parecerem neanderthal ou básicos não os transporta no tempo até Idade da Pedra nem os obriga a matarem-se, quando a palavra de ordem para todos é... produtividade e tecnologia.
Uma última palavra para o(a) articulista prevenida...
Quer-me parecer que, das duas três, ou os autores do Lisboa SOS descobriram o elixir da longa vida e são os únicos a não ter que se prevenir (nem preocupar...) ou desconhecem o facto de duas porções mesma matéria não poderem ocupar em simultâneo o mesmo espaço ou, mais prosaicamente, saberem que não teremos dificuldade alguma em beber um copo de água de um único fôlego, mas se aliado ao facto de nos taparem a boca e nos obrigarem a beber não de um copo, mas de um balde de 10 litros, o precioso líquido derramar-se-á e, pelas leis da física, acumular-se-á no local mais baixo.
Ora, "ciência" minha, com as sarjetas, sumidouros, ralos acontece rigorosamente o mesmo...
De cada vez que vejo uma inundação, aqui ou em algum ponto remoto do planeta, cínicamente, confesso-o, divirto-me a pensar que alguém não se "preveniu" e esqueceu de limpar as sarjetas...
Prova que o ridículo continua a matar!

Rafael Santos disse...

Mais engraçado ainda é que há uns bons anos que andamos ali nos ressaltos da avenida da liberdade com covas, lombas e buracos e é preciso um evento destes para que se pavimente uma parte da avenida (cruzamento da alexandre herculano) que tinha ainda á vista carris dos eléctricos, quai ainda hoje deviam lá andar, mas enfim.

É este o país que temos...