quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Castelo S.O.S.



Uma misteriosa vaga de mortes tem vindo a assolar o Castelo de São Jorge. As vítimas, acometidas de morte súbita, são na sua esmagadora maioria cidadãos de nacionalidade estrangeira. Curiosamente, e para adensar o camiliano mistério, não se registam mortes entre residentes de Lisboa. O criminólogo Moita Flores, sempre materialista, atribui esse facto à circunstância de os residentes de Lisboa não pagarem entrada no Castelo. Graças à colaboração de Gonçalo Amaral, a nossa investigação permitiu concluir que as mortes são motivadas pela perplexidade das vítimas ante a deslumbrante beleza da capital, vista do alto do Castelo. «Como é que estes gajos rebentaram com uma cidade que poderia ser das mais belas do mundo?!» - é esta a dúvida que faz tombar os corpos. Os lisboetas não morrem por já estarem imunizados por uma saudável indiferença para com o estado da sua cidade.



A Câmara Municipal, sempre diligente, bem avisa os visitantes de que a zona é perigosa.



Um exemplo do país vizinho: Juan Cela Muñoz, pequeno-médio comerciante andaluz, apagou-se em segundos, ao ver a maravilhosa vista do Tejo. Pensou na abafada Madrid, pensou no raquítico Manzanares. «Um rio desta largueza, desaguando no mar, como é que estes tipos não percebem o que têm?!», foram as suas últimas palavras.



Aldo Rossi, alfaiate em Parma, viu a cidade ao longe, o quadriculado da Baixa, as outras colinas. Não compreendeu, não aguentou.





Aldo Rossi (1943-2008), pronto para ser transportado para o Instituto de Medicina Legal.





Birgitte e Britta, caixeiras da cadeia de supermercados «Pingo Doce», em Estocolmo, finaram-se no relvado do Castelo. «Um clima destes, um sol maravilhoso, uma luz incrível...». Coitaditas.





Peter Stuyvesant Berenson, de Adelaide, Austrália, prestes a sucumbir. «Estes tipos têm uma História antiquíssima, palácios, igrejas, azulejos... O que nós daríamos lá na Austrália por um património destes!!». Aguenta-te, Peter. Vá, vocês têm lá o Ayers Rock. Também têm lá coisas lindas, não te desgraces.



Françoise Sagan, cabeleireira em Toulouse. Aqui jaz. Dizem que o seu último suspiro foi «Lisboa SOS». Depois, morreu.

3 comentários:

thenetspider disse...

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Cauana Moraes disse...

Adorei essa idéia!
Mostrar mais sua cidade, e os pontos que lhes causam mais tristeza.


Quando ando pelo centro da minha cidade (São Paulo,que é muito grande) e vejo que ainda existe um pouco da arquitetura antiga, me fascino!


Achei muito linda Lisboa!
Parabéns, pois mas que a maltratem, ainda tens controle!

Anónimo disse...

Morreu com dignidade de pernas abertas..